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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O Homem Errado.







Na tarde do dia 4 de novembro último conversava com um amigo policial nas dependências do Supermercado Zaffari Bourbon, e relembrando de casos que marcaram a vida do Rio Grande do Sul, veio ao nosso bate-papo o caso do “Homem Errado”.


O fatídico caso do Homem Errado ocorreu quando de um Assalto ao Supermercado Dosul, em 14 de maio de 1987, em Porto Alegre, ocasião em que a o operário Júlio César de Melo Pinto, que havia chegado do serviço a sua casa, nas proximidades de tal supermercado ao ouvir disparos de arma de fogo resolveu, já que a curiosidade e maior que a sensatez, ir conferir o que estava acontecendo.


                    O homem errado.

Ao chegar próximo ao local, sofreu um ataque, já que era epilético e caiu em convulsões, quando chegou uma guarnição da Brigada Militar e o confundiu com um dos assaltantes.


Talvez não o tivessem confundido se ele fosse loiro de olhos azuis, entretanto e infelizmente a cor negra o levou a morte. 

Puro e banal preconceito aliado a outros casos que a história de nossa polícia é pródiga.



                    O fotógrafo.

Tudo poderia ter acontecido sem nenhum problema, inclusive a morte do operário, entretanto as fotografias tiradas por Ronaldo Bernardi um repórter, e publicadas no jornal Zero Hora foram decisivas para a elucidação de um crime bárbaro.


Ao ser conduzido para a viatura, ainda sob os efeitos do ataque epilético um fotógrafo, num furo de reportagem fotografou o suposto assaltante sendo colocado dentro dessa viatura com sua camisa branca, limpa e sem nenhuma marca.


Muito tempo depois, o mesmo fotógrafo já estava no HPS quando a tal viatura da Brigada Militar chegou e dela foi tirado o corpo de Júlio com várias perfurações à bala no peito, e com a camisa toda ensanguentada.


Isto foi o suficiente para que se concluísse que o operário fora executado pelos policiais e esses cumprindo determinação de seus superiores, inclusive de um que não estava de serviço.


Sete dos oito envolvidos foram condenados, mas a condenação não trouxe a vida de volta. Há de se punir, sim, isto é obvio, porém devemos prevenir para que erros tão hediondos e grosseiros não mais aconteçam.


Pois se formos deixando outros casos acontecerão como o caso do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, morto pela polícia “pacificadora” do Rio de Janeiro, que só agora a justiça está julgando os assassinos.


                         O ajudante de pedreiro.

Não podemos confundir um homem por ele ser desta ou daquela cor com bandido.


Bandido é bandido, e muitos, larápios, canalhas, usam gravata, recebem polpudos salários pago pelo erário e utilizam carros oficiais. Esses não são confundidos e mortos.


Que pena!


E o povo diz e cada vez com mais frequência que BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO.


Quem gosta de bandido é também bandido, porém trabalhador não pode ficar a mercê de uma polícia despreparada, tão bandida quanto, e que decide quem deve morrer.


Ou seja, mesmo não havendo pena de morte em nosso país, ela existe tanto do lado da bandidagem quanto por parte de policiais não preparados.


                    Preconceito.

O que revolta é quando a vítima não tem nada a ver com o fato, já quando assistimos a morte de um renomado bandido, dá-nos até um alívio, pois é menos um a incomodar. 


                    E se gritar pega ladrão?

E para começar a limpeza teríamos que pegar os bandidos que estão infiltrados em nosso Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores eleitos por esse mesmo povo despolitizado que os critica e quando chega à eleição vota nos renomados bandidos, muitos dos quais sabidamente corruptos, que estão em todos os partidos, eu disse em “todos”.


9 comentários:

  1. No caso do homem errado, 7 dos 8 PM's envolvidos foram condenados, o único absolvido, foi o soldado PM Jorge Ubirajara Dias Pedroso (soldado Pedroso) que foi absolvido e condecorado por heroísmo e ato de bravura, pois mesmo sendo baleado duas vezes, conseguiu salvar os adolescentes que estavam como reféns do bandido, matando o meliante com um disparo... ele, o Soldado Pedroso, é meu pai.

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  2. Olá caríssimo Alexandre Demétrio Pedroso.
    Privilégio meu, tê-lo comentando em meu blogue.
    Gostaria que o prezado leitor mandasse maiores subsídios sobre esse fato que envolveu seu pai, já que o caso que abordei se deu sem nenhuma reação do operário em questão que estava tendo um ataque epilético e não era assaltante, também o referido operário não estava com nenhum refém, já que o mesmo nada tinha a ver com o assalto.
    Talvez estejamos nós falando de casos isolados e diferentes. Entretanto qualquer informação que possa enriquecer o assunto é bem-vinda.
    Quero deixar aqui a minha clara posição quanto o serviço prestado pela polícia em defesa da sociedade, são todos, em suas proporções heróis os quais respeito. Respeitarei sempre os bons e dignos policiais.
    No caso referido tratou-se de um grotesco engano cometido por homens da Brigada Militar, contra um homem por ser pobre e negro. Indesculpável.
    Entretanto os atos legítimos, mesmo que venham a ter vítimas, sempre terão o meu mais irrestrito apoio.
    Um grande abraço.
    Continue participando e comentando este blogue.

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  3. Prezado, eu faço o mea culpa, pois acabei não me explicando em meu comentário. Foi em 14/05/1987, o supermercado Dosul na av Bento Gonçalves foi assaltado, uma guarnição da PM foi destacada para o local pois havia indícios de reféns, e de fato tinha, dois adolescentes estavam reféns de um bandido chamado Cleber, muita movimentação, muitos curiosos, e de fato, o senhor Julio Cesar era outro no local, chegava do trabalho, teve uma convulsão e estava mal, alguns PM's, achando se tratar de um dos bandidos envolvidos, o levou como preso até a viatura, ele seria levado ao hospital, porém, ele chegou sem vida no hospital e com perfurações de baça no peito, havia sido morto pelos PM's... em contrapartida, outro evento acontecia no mesmo local, o Soldado PM Jorge Ubirajara Dias Pedroso, em um momento oportuno, avançou em direção ao bandido que tinha os reféns, conseguiu libertar as crianças e entrou em luta corporal com o bandido, esse que disparou duas vezes contra o soldado, atingindo de raspão no tórax do soldado, ao lado direito e outra superficialmente no abdômen, ao lado esquerdo, e mesmo atingido, o soldado conseguiu atingir o meliante com um disparo certeiro na cabeça, salvando as crianças e sendo reconhecido publicamente pelo governador em exercício, Pedro Simon, com uma medalha de honra ao mérito, por heroísmo e ato de bravura, foi reconhecido por Pedro Zaffari, proprietário da rede de supermercado e promovido a Cabo PM da Brigada Militar.
    Professor, não é muito o que me recordo, mas sou ciente da história, do lamentável ato de discriminação contra o sr Julio Cesar, e da parte esquecida por muitos, do ato de um soldado que arriscou sua vida em um ato de bravura para salvar outras duas.

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  4. Olá caríssimo Alexandre Demétrio Pedroso.
    Excelente tua informação. Fato esse que eu desconhecia. Parabenizo o Cabo Pedroso por sua ação destemida e heroica. Falamos agora em mesma sintonia, pois o caso por mim relatado tratou-se de uma contumaz arbitrariedade cometida por policiais militares que executaram a sangue frio um pobre trabalhador. Procurarei maiores subsídios sobre o caso que envolveu o Cabo Ubirajara Dias Pedroso para, que, se possível publicar neste blogue, pois atos legais e valorosos devem ser sempre enaltecidos. Fico muito grato pela sua presteza em esclarecer tais fatos e o cumprimento por ser filho de um homem que colocou a vida em risco para salvar duas outras pessoas em poder de um bandido. Homens assim é que nos dão orgulho de termos como malha protetora da sociedade a Brigada Militar. Histórica organização militar que sonho possa um dia voltar a ser o que era, com aquela estrutura que possuía há alguns anos, onde os oficiais eram oriundos de uma Academia, de onde saiam como Aspirantes-a-Oficial, galgando postos. Era outra Brigada, era outra Polícia.
    Um grande abraço extensivo a todos os familiares em especial ao Cabo Pedroso.

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  5. Professor, creio poder lhe ajudar com alguns subsidios, pois, apesar do tempo, tenho recortes das reportagens da epoca, inclusive do andamento do julgamento de todos os envolvidos. Preciso de um e-mail seu para compartilhar com o senhor as fotos originais e dos recortes. Envie para alexandre.prev@gmail.com

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  6. Prezado professor,

    Apesar de não ter sido conservado da maneira correta pela minha família, motivo pelo qual peguei para então dar um cuidado melhor e poder expor no museu da Brigada Militar, como os recortes da época, fotos originais, inclusive a medalha de ouro que meu pai recebeu, posso encaminhar por e-mail ao senhor informações inclusive do desfecho do julgamento, fotos do adolescentes Rosana 13 anos e Rogério 11 anos com seus pais, dos bandidos mortos, de policiais envolvidos, de meu pai, e claro, do próprio Julio Cesar dentro da viatura "vivo" saindo na viatura 285... enfim... me mande seu e-mail para alexandre.prev@gmail.com e posso munir o senhor de informações. Abraços.

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  7. Caro Alexandre.
    Grato mais uma vez pela sua participação.
    Fico mui contente em poder divulgar essa história cheia de nuances que vão da covardia contumaz de alguns ao ato de heroísmo no restrito cumprimento do dever por parte do então soldado Pedroso.
    Obviamente publicarei o material que vier a receber, com prazer o farei neste resgate da história de um Brigadiano, de um verdadeiro Brigadiano.
    Um forte abraço.
    Não poderia de deixar de publicar teus comentários, mesmo tornando público teu E-mail o que faço com o meu também em atenção ao teu interesse demonstrado em preservar esse pedacinho da história, mas que é tão grande quanto e bonito e que de pronto estarei a publicá-lo.
    Meu E-mail: decastroteixeira@hotmail.com.
    Entrarei em contato agora mesmo.
    Um baita abraço do tamanho do Rio Grande.

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  8. Professor, lhe encaminhei as fotos conforme prometido, o senhor recebeu?
    Abraços

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  9. Ola Alexandre.
    Estou trabalhando nesse material e fotos que me mandaste para publicá-los de imediato.
    Aguarde.
    Muito obrigado.
    Fraterno Abraço.

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