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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Pai Nosso




Quando o milho bate no fundo da panela quente salta feito doido, ou como se diz na gíria verdadeira pula feito pipoca.

E assim foi.

Quando por desconhecimento ou ressentimento uma pessoa vê-se acuada, dessa forma age. Ou seja muitos, vamos dizer, por desconhecimento pularam feito pipoca.

Então vamos refrescar mais um pouco.

                        Para um bom entendedor.

Se o Creio, já foi o suficiente para muitos passarem do estado atônito ao agressivo imaginemos, pois o que dizia o Pai Nosso.

Não vou aqui discorrer sobre esta que é a oração cristã mais orada ao redor do mundo, para isto o leitor pode recorrer a própria Internet onde encontrará trabalhos extensos, lindos e maravilhosos para quem procura algo que os levem a uma reflexão religiosa.


                          Assim se orava. Mas, mudou.

O que me proponho é mostrar ao leitor que as coisas vão mudando conforme as necessidades, pois a própria religião acomoda-se conforme a visão da época, sendo obviamente ideológica.

Não poderíamos falar em República Democrática e Parlamentarista de deus, pois na época em que se edificou essa religião ocidentalizada o que se conhecia eram os reinos, por isso ainda hoje falam tanto em reino de deus, pois dizer outra coisa seria como perguntar para Cristovão Colombo onde ficava em sua Nau a sala dos computadores.

E por ser uma coisa contrária aos interesses bancários e comerciais, sendo as igreja as maiores lojas comerciais ou bancos do mundo, onde arrecadam-se fortunas da noite para o dia, o Pai Nosso mostrava-se contrário a “certos” interesses. Interesses de ganho quando dizia:

O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
Perdoai nossas dívidas
Assim como nos perdoamos
A nossos devedores...

Isto não soava bem para os que, de uma maneira ou outra precisavam do vil metal, comerciantes, banqueiros, igrejeiros, padres e outros.

                          Cadê o meu?

Então mais uma vez a Santa resolveu mudar e assim como fez com o Creio fez também com o Pai Nosso que passou a ter a seguinte e nova redação:

O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai nossa ofensas
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido... 

                          Paga e não bufa.

Ou seja, não tem que perdoar dívida de ninguém, principalmente se essa dívida for em dinheiro, pila, mango, bufunfa, grana, capim, banana, prata, vintém, ouro, cacau, arame, cascalho, merréca, paus, verdinhas, trocados, cobre, erva, gaita, baba, bolo, cabral, jaburu, micha, prego, quina, tutu, etc.

                               Vem logo com esse dinheirinho, ô Mané.

Tchau!
E até a próxima.


Truco




O jogo do truco, mui popular principalmente nas zonas gaúchas, cuja sua procedência é uma incerteza bagual, parece que tenha surgido entre os mouros.

Lembrando que esses dominaram a Península Ibérica por aproximadamente 8 séculos, quando o General Tarik, atravessando o Estreito de Gibraltar venceu os exército visigodos e com o tempo os árabes foram expandindo seus domínios pela Penísula.



Porém não se sabe ao certo como surgiu tal jogo, sabe-se que o baralho com o qual é jogado é de origem espanhola e os termos empregados neste jogo meio selvagem, onde os participantes gritam, batem os pés, mentem e ameaçam são de origem espanhola e isto é indiscutível.

No Brasil o truco entrou pelo Rio Grande do Sul, região que ora pertencia a Espanha, ora a Portugal. O truco é histórico na Zona Gaúcha, quer seja na Argentina, no Uruguai ou no Rio Grande do Sul. Alguns dizem e com muita propriedade que é um jogo dos castelhanos.



No Brasil esses jogo espraiou-se com os Rio-Grandenses e provavelmente tenha chegado ao Mato Grosso pelas mãos dos primeiros Gaúchos que para lá migraram ainda no Século XIX, quando em 1893 eclodiu no Estado do Rio Grande do Sul a Revolução Federalista, onde Pica-Paus e Maragatos se lonquearam a pau.

Muitos para escapar desta sangria rumaram em carretas com suas famílias indo dar com os costados pelas cercanias da Colônia de Dourados, dali provavelmente tenho chegado a São Paulo.




Também a partir do Rio Grande do Sul este jogo chegou ao oeste de Santa Catarina e depois do Paraná, regiões que foram desbravadas pelos filhos sulistas que do Rio Grande saíram e onde inclusive fundaram diversas e belas cidades.

Portanto é um jogo que veio da Espanha para o Prata e daí para o Brasil e não como foi certa feita afirmado em um grande e tradicional telejornal que se tratava de um jogo de origem italiana e que fora popularizado por esses imigrantes.

Cabe aqui ressaltar que muitos por total desconhecimento confundem o jogo de truco com a “mora”, jogo de origem italiana muito difundido na Região do Vêneto, que se joga apenas com os dedos sobre um mesa. Aí temos a mora sonada, a mora morina, a mora chiamada, a mora in freta, punto parola e a mora muta. Que nada, mas nada mesmo tem com o truco.

                         Jogo da Mora. (de morra, verbo morrer).

Lembrando que quando os gringos chegaram ao Brasil no fim do Século XIX, os Gaúchos Uruguaios, Argentinos e Brasileiros já jogavam há muito tempo esse carteado chamado truco e muitos já haviam sido passados na adaga por causa deste jogo.



Dizer que o jogo de truco é italiano e desconhecer os próprios termos do jogo, só falta então dizer que o pastel, o fado e a cachaça também são coisa de gringo. Bom aí não dá para aguentar, mas eles tentam.
 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A morte




Na visão budista, a morte é como um renascimento. A morte vem para recarregar energias para um novo período, assim como o sono noturno nos habilita para um novo e radiante dia, a morte também vem para nos levar a um novo e maravilhoso mundo, a vida não acaba com a morte, pois ela é bela e eterna.

Diz à lenda que uma mulher desesperada ao ver o filho morto foi até Buda e pediu que esse restituísse a vida do filho. Ele calmamente lhe disse:

- Sim, farei isto, mas é preciso que me tragas um punhado de sementes de mostardas de uma casa (família) aonde ninguém tenha morrido.

A mulher refletiu e resignou-se com a morte do amado filho.


Platão dizia que a morte era a libertação dos grilhões da matéria.

Na visão religiosa ocidental liga a morte com as coisas maléficas, ruins, onde haverá danações eternas e sofrimentos. Na visão ocidental a morte está associada à escuridão. A própria palavra morte nos remete ao medo. Somos educados a temer a morte. Somos impiedosamente trabalhados para temer o desconhecido. E desta forma também vê o Islamismo, pois todos serão um dia julgados e se for o caso punidos. Afinal tanto o Cristianismo quanto o Islamismo são cópias, nada mais do que cópias do Judaísmo que assim encara a morte, com sofrimentos, danações e fogo do inferno.

Uma maneira pela qual as religiões acharam para controlar a mente e os atos das pessoas, mantendo rígido controle social.


Tanto que os católicos por séculos rezavam o “Creio em Deus Pai”, jogando Cristo ao fogo do inferno. Temor que mantinha principalmente as crianças apavoradas quando rezavam o Creio.

Isto me foi ensinado nas aulas de “catecismo” ministradas pelo Padre Jorge, no início dos aos 50, um velho capuchinho, na Igrejinha do Fragata, e assim ele orava com as crianças e também assim oravam os padres nas missas dominicais em todos os lugares:

Crucifixus, mortus, et sepultus

Descendit as ínferos
...
Foi crucificado, morto e sepultado

Desceu ao inferno
...

Entretanto há meio século foi mudado, pois caiu a ficha desses religiosos e viram em suas mentes embotadas pelas fantasias que o seu Jesus jamais poderia ir para o inferno e substituíram o desceu ao inferno pelo desceu a mansão dos mortos, o que a maioria das crianças com menos de 60 anos desconhece.


Ou seja, o horror cristão à morte era e continua sendo doentio, pois até mesmo o seu “líder” espiritual teve que enfrentar danações infernais.

A morte, o grande medo da humanidade é da própria natureza e é a única certeza que temos.

Quase todos os que teimam em viver, morrem de maneira trágica, sofrida e amarga, pouquíssimo morrerão sem sofrer e a tristeza abaterá a todos que se aproximam da morte, não por saberem que vão morrer, mas porque aos velhos foi reservado pela natureza essa saga, não por castigo divino, mas porque a velhice leva o organismo a um estado de tal e irreversível debilitação que os sofrimentos são inevitáveis.
  
Lembrando que por volta dos 40 anos inicia a idade do “Condor". E a cada ano que passa as dores vão aumentando em intensidade e lugares.

Muitíssimos morrerão antes do tempo, se é que tempo tem antes. São os jovens que infelizmente morrem a todo o momento vítimas de acidentes, homicídios, doenças e drogas. Esses não percorrerão a longa estrada, suas vidas serão abreviadas e não terão a chance de envelhecer, aprender, ensinar, ter com quem se preocupar, criar filhos e netos, ver aos poucos o companheiro ou a companheira quase que imperceptivelmente envelhecendo a seu lado.

Crianças que em tenra idade vierem a falecer por enfermidades e acidentes passarão nesta vida tão rapidamente que não terão a chance de realizar nada ou quase nada.

Outros. Os que ousarem a envelhecer, passarão por esta experiência dura, mas ao mesmo tempo maravilhosa e sem notarem o tempo, estarão velhos e alquebrados, mas terão vivido o suficiente para terem aprendido e gozado as coisas boas da vida, que inexoravelmente acabarão com a morte.
 
A velhice é sábia, mas é extremamente dura para os que têm a sorte e a coragem de viver a cada dia e morrer aos poucos a cada momento. Dura sina de todos os seres vivos seja um vegetal ou um animal.

E no momento em que não mais houver nenhum tipo de retorno ao longo desta extensa, tortuosa e dura estrada, seja ele ou ela, um temente convicto ou até doentio, ou um ateu empedernido, ambos passarão por momentos mais sofridos da existência. Ambos.
 

Não haverá complacência com este ou aquele.

Não haverá compaixão com nenhum, não haverá menor ou maior sofrimento, ambos morrerão de velhos, acabados, enterrados no fundo de uma cama, morrendo a cada segundo, das mais diversas formas de sofrer, falência múltipla, insuficiência renal, cardíaca ou respiratória, dores, esquecimentos, remorsos, lágrimas, idade. 

Mortos vivos que a sociedade não tem nem mesmo a compaixão de permitir a eutanásia.

- Não há mais jeito, mas deixe-o aí sofrendo. Pois é a vontade de alguém ou de alguma coisa, dirão os que creem.

Vontade de ver o sofrimento, de ver a tragédia, de ver padecendo bons e maus; homens e mulheres; religiosos e ateus. 

Insanidade ou sadismo?

Com ou sem rezas morrerão aos poucos, com ou sem dignidade, com ou sem companhia. E assim como na hora do ápice do prazer, também a hora da morte é absurdamente solitária.


Porém no derradeiro instante a sábia natureza fará com que ambos tenham um momento de total serenidade, dirão os religiosos, que é uma graça divina, onde as últimas células a morrerem serão os últimos neurônios que ficarão produzindo substâncias para que aquele organismo tenha nessa hora o alívio dos sofrimentos.

E a morte será finalmente a salvação daquele ser sofredor, seja ele quem for. 
A morte o libertará dos sofrimentos.

Fecham-se para sempre as cortinas da vida para aquele ser, e outros já estarão em seu lugar, ousando também viver, pois viver é uma ousadia, crivada de sofrimentos, angustias e dores, as quais teimamos em não querer ver. Viver é andar na beira do penhasco em plena escuridão e por muitos tempo será a grande meta de todos os seres vivos, até o momento em que, pelo menos na Terra não haverá mais condições de sustentar a vida humana, o que ocorrerá muito em breve, não mais de mil anos, pois o pior dos animais, o homem está terminando com o seu próprio habitat.
  
Talvez outros tipos de vidas permaneçam, novas espécies poderão surgir com o passar de muito tempo, mas também chegará um momento que a própria Terra desaparecerá, engolida pela voracidade do Sol ou jogada para os confins gelados e escuros do Universo.

Nada é eterno como pregam as lendas e os mitos religiosos. Nem mesmo o Universo existirá para sempre.

Somos tão insignificantes que sem o homem no planeta, este continuará vivo por muitos milhões de anos ou quiçá bilhões, pois o bicho homem não fará a mínima falta a este planeta chamado Terra.

Achamos que somos algo especial, que podemos fazer e acontecer com o nosso mundo, mas na verdade somos restos estelares.

Somos a consequência da morte de alguma estrela, num passado distante e que lançou matéria cósmica para todos os cantos do Universo, e nós somos nada mais, nada menos que ínfimas partículas dessas estrelas.


E um dia o que sobrar de nós estará em outro lugar, ou num ser vivo, animal ou vegetal, ou em alguma forma inanimada, pois temos a mesma e original composição. Viemos da água e para a água voltaremos. Isto é cíclico, não é divino. 

Ou é para o pó? Mas aí é pouca coisa, menos de 25%.

E não mais haverá significado a vida para quem dela sair, pois tudo, como num passe de mágica desaparecerá. E em pouco tempo seremos totalmente esquecidos, alguns ficarão apenas nas lembranças da História, mas a esmagadora maioria nada restará.

Dolorido, cruel, triste, nada romântico e nem um pouco esperançoso, mas infelizmente assim será. A vida é assim, selvagem e sem compaixão.

Por essa crueza é que o homem busca na eternidade a esperança de continuar vivendo, mas isso é uma vã ilusão, que para muitos dá força, porém a razão nos mostra outro lado, tão duro e cruel quanto a própria existência.




Muitos, desde os primórdios da humanidade, buscam nessa ilusão uma maneira de encarar com otimismo o fim terreno achando assim que terão outra vida após a morte, mas a morte significa simples e duramente o fim da estrada chamada existência. 


Nada mais.