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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Piloto de Caça



Tendo em vista as duas últimas histórias por mim narradas sobre os tropeços de um Aspirante-a-Oficial, as quais ocorreram na época em que eu servia no então 9º RI, em Pelotas, que publiquei com os títulos “Aspirante X Subtenente – a Virada de Mesa” e “Banana de Ouro” lembrei-me de uma história que me contaram sobre um Capitão Aviador.


Havia em uma Base Aérea da FAB, um jovem Capitão Piloto de Caça, que era mui gentil e amável com os Sargentos, Cabos e Soldados.

A todos apertava a mão, sorria e até piadas contava, estava sempre entre as praças conversando com um e com outro.

Era um homem mui querido pelos subalternos pela sua maneira de ser, educada, alegre e sem nenhuma prepotência.


Um dia estando com um grupo de pilotos, outro Capitão lhe perguntou:

- Por que tu tratas tão bem essas praças.

O jovem Capitão sorrindo respondeu:

- Eu não sei qual deles um dia vai dobrar o meu paraquedas!





Fique ligado, a vida dá muitas voltas.

sábado, 24 de janeiro de 2015

El Cevador.


O ato de tomar chimarrão ou mate é um costume mui antigo o qual não se pode precisar quando iniciou, o que se sabe é que foram os índios Guaranis os primeiros a tomarem esta infusão maravilhosa, feita a partir da erva mate a Ilex Paraguariensis.


Escrever sobre o costume de tomar chimarrão ao povo Gaúcho, seja do Rio Grande, do Uruguai ou da Argentina é malhar em ferro frio, mas o faço em atenção a um amigo que mora na cidade do Porto em Portugal, que é nosso leitor assíduo, chamado Carlos Romao, o qual tem dois ótimos blogues, o “A Cidade Surpreendente e A Cidade Deprimente”, os quais valem a pena visitá-los, pois a genialidade portuguesa nos brinda com maravilhosas fotografias, verdadeiras obras de arte.


O chimarrão não é uma bebida de toda a América do Sul, como alguns afirmam, ela se restringe a grande parte do  Cone Sul , ou seja, é uma bebida mui apreciada no Paraguai, onde ela surgiu, porém, na forma de tererê. Na Argentina, Uruguai, Sul do Brasil (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, e hoje o chimarrão, por conta da migração do povo rio-grandense é encontrado em menor número também no Mato Grosso, Goiás e outros Estados), também vamos encontrar o chimarrão no Chile, principalmente no sul do país e no sul da Bolívia.

                      Tererê.

O tererê é a versão fria ou gelada do chimarrão que é tomado quente, porém não pode ser fervido. A água apenas tem que chiar na cambona ou na chaleira e nunca ferver, pois a fervura queima a erva, tirando o gosto e as propriedades nutricionais.

                  Presidente Getúlio Vargas tomando mate.

Indubitavelmente o Rio Grande do Sul é o Estado Brasileiro o que mais se toma chimarrão, é uma característica e símbolo do Estado, porém este hábito é no Uruguai que mais chama a atenção, onde o consumo per capta é muito superior que em outros lugares. É um hábito tão arraigado que durante todo o dia tu encontrarás pelas ruas, fazendo compras, indo ou vindo do serviço, homens, mulheres, jovens e até crianças tomando o mate quente, pelas ruas e parques.

                      O argentino Che Guevara e seu chimarrão

Em nosso Estado o chimarrão é muito apreciado na Fronteira Oeste, Campanha e Missões. Sempre digo que Uruguaiana é a Capital do Chimarrão.

                    O também argentino Papa Francisco tomando o amargo.

No Rio Grande do Sul especificamente, a roda de chimarrão é um acontecimento social diário, onde o cevador, aquele que prepara o chimarrão e por educação, cortesia e costume é o primeiro a tomar não só por ter preparado, mas para sentir a temperatura e o gosto do mate antes de passar a cuia ao segundo da roda de chimarrão.

                Bombas modernas de prata, aço e ouro.

A roda de chimarrão sempre deve andar pela direita do cevador e nunca ao contrário, e a ele cabe a função de servir e distribuir o mate, e também deve ser o único a mexer na bomba, arrumar a erva e quando necessário encilhar o chimarrão.

Encilhar o chimarrão é o ato de renovar o mate quando a erva vai se tornando mais fraca, tirando um pouco da erva usada e colocando erva nova por cima. Por isto chama-se encilhar o chimarrão. Ou seja, colocar as encilhas. (Figurativo). 

                 Em minha mão uma bomba rústica feita de taquara.

O chimarrão é uma bebida tão apreciada que outros povos que migraram para o Rio Grande do Sul, tomaram gosto de tal forma pela beberagem que hoje são grandes consumidores de erva mate, como os alemães que aqui começaram a chegar em 1824 e os italianos que somente despontaram no Estado em 1875, que são Rio-Grandenses por nascimento, porém não podem ser considerados Gaúchos por origem, pois os Gaúchos surgiram do amálgama Ibérico, notadamente o espanhol, Charrua, Minuano e outros índios pampeanos, com percentuais baixíssimos de mães negras que vão de zero a 9% em algumas regiões.

Sendo que tanto no Rio Grande do Sul como no Uruguai a participação portuguesa na composição do povo Gaúcho é bastante expressiva, principalmente de portugueses oriundo dos Açores.

                  Cuia de porongo.

Os mais tradicionais Gaúchos passam a cuia com a mão direita e com a direita deve ser recebida. Para esses é falta de educação pegar a cuia no momento e que se  está recebendo o mate com a mão esquerda.

Outra coisa é que o chimarrão uma vez recebido por alguém deve ser a água sorvida totalmente da cuia. Dizem aqui na minha querência que o mate deve ser sorvido até a bomba roncar, o que não é feio nem deselegante e sim prova de que o vivente gostou do mate.

Não é obrigado aceitar o chimarrão, basta para tal declinar do convite com educação e pronto. Passa-se então a cuia para o seguinte. O Participante da roda de chimarrão que se sentir satisfeito e não querendo mais tomar mate, basta no momento da entrega da cuia ao cevador dizer, muito obrigado, que o cevador não mais passará a cuia a ele, e tudo bem dentro deste ritual.

Certa feita, no ano de 1976, estava numa roda de chimarrão na Fazenda Bonanza, em Dourados no Mato Grosso do Sul, e o cevador era o meu caro e sempre lembrado amigo Adi Fortes, gaúcho missioneiro típico  que lá gerenciava essa Fazenda, e ao passar a cuia um da roda pegou-a com a mão canhota. Adi, virou-se para mim e confidenciou a meu ouvido:

- Se este “baiquara” pegar o mate “denovamente” com a canhota vai ficar sem tomar o mate, pois de relancina não vou lhe entregar a cuia.

Discretamente falei para o referido que o mate se pega com a direita e ele todo desconcertado, mesmo sendo canhoto passou a pegar a cuia com a mão direita.

                 Gajeta (do castelhano gayeta)

Lembrei-me de minha velha avó Bibira, com a “gajeta” bem segura em suas mãos magras, tomando mate o dia inteiro e pitando seus “paiêros”. Era uma biguana meio charrua, atilada como um caburé, de coração estreleiro e de espírito haragano e sempre cercada por uma penca de jaguaras.

                Jaguaras.

O chimarrão visto pelos europeus quando aqui chegaram como uma beberagem selvagem é rico em vitaminas B, C, D, cálcio, manganês e potássio, Combate os radicais livres, auxilia na digestão, produz efeitos antirreumáticos, diurético, estimulante e laxante, melhora a libido, no que é muito importante.

               Paiêro. Cigarro feito com  fumo de corda e palha de milho.

O chimarrão não é só um hábito é sobretudo uma mostra cultural, onde todas as hierarquias são esquecidas pois na mesma bomba que sorve o soldado sorverá o coronel, ou na mesma bomba tomará mate o peão como o patrão.

                   Caburé.

Cansei de ver sentados em volta de uma fogueira de acampamento a cuia passando de mão de sargento para mão de capitão e logo para as mãos de um cabo e assim todos participavam deste acontecimento horizontal e democrático, onde não há precedência.

                     O amigo Carlos Romao, lá de Portugal.

Assim sendo, caríssimo Carlos Romao, o chimarrão é uma bebida bagual de buenacha, que a indiada do meu pago toma diariamente e um dia terei o maior prazer em cevar um amargo para tomar junto com o caro amigo, aí em Portugal, mesmo que tenha que atravessar o Atlântico a nado. 

A nado e de poncho.

Mas tche! Que barbaridade! 





 Gaúcho, seu poncho colorado, seu chimarrão e seu flete, um tordilho blanco.


Por que Tordilho Blanco?  Muitos hão de achar que todos os tordilhos são Blancos ou Brancos, porém há o Tordilho Negro, que na verdade é o Tordilho Branco levemente acinzentado.





     

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Banana de Ouro.


Na Secretaria do antigo 9º Regimento de Infantaria, trabalhavam além do Capitão Secretário, um Segundo Sargento e um jovem e competente Terceiro Sargento.

                      Terceiro Sargento.

O referido Terceiro Sargento, jovem magro, pele morena, cabelos negros e lisos, era de uma simpatia muito grande, apesar de ser sério e levar o serviço acima de qualquer coisa.

Mesmo não sendo sua obrigação, o referido Terceiro Sargento preparava os Requerimentos de Engajamento dos Aspirantes-a-Oficial, e procurava um a um para que esses assinassem tal documento o qual ele mesmo já protocolizava(*) e dava andamento no processo de engajamento, coisa que é rigorosa, onde o militar tem um prazo máximo para dar entrada nesse documento, caso queira continuar na carreira militar. O atraso de um dia na entrega desse Requerimento faz com que o Militar seja exonerado em 30 dias, chova ou faça sol. Não há como reverter. É por que é, e ponto.

Havia sempre no Regimento um número grande de Aspirantes, principalmente os oriundos do NPOR, Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva, sediado em Pelotas, que na época poderiam servir até no máximo quatro anos (?) no posto de Segundo Tenente se aprovados no estágio.
                       Aspirante-a-Oficial.

Pouquíssimos eram os Aspirante-a-Oficial procedentes da Academia Militar das Agulhas Negras, tanto que no período em que servi nessa Unidade passaram por ela apenas seis Aspirantes oriundos da famosa AMAN. Esses por seu turno podem galgar as mais altas patentes, muitos dos quais chegam ao Generalato.

Por saberem que o Terceiro Sargento era pontual, muitos Aspirante nem se preocupavam com seus requerimentos, pois sabiam que o Terceiro Sargento faria com presteza o serviço e não deixaria passar da data. Isto era de conhecimento geral.

Certa vez, ano 70, estava este Sargento de Serviço em sua Companhia, a de Comando Regimental, mais conhecida como CCS, na função de Sargento-de-Dia, o que não impedia exercer suas funções junto à Secretaria.

Pouco antes do meio dia desceu calmamente para a sua Subunidade, onde O Cabo-de-Dia já havia colocado a Companhia em forma e feito a chamada dos Soldados que iriam almoçar no quartel, em forma e em passo cadenciado conduzi-los ao rancho. (refeitório).

Ali, as companhias eram apresentadas ao Oficial-de-Dia, conforme fossem sendo chamadas ao toque de corneta. Cada Companhia tem um toque específico.

Havia uma rígida ordem de acesso ao referido Rancho.

Uma vez o Oficial-de-Dia autorizasse, o Sargento-de-Dia dava ordem à companhia ir em direção ao Rancho, e uma fila ordeira era formada, com os soldados com suas bandejas de alumínio iam para receber a boia, que era excelente na época.
                      
A fila de soldados ia passando pelas enormes panelas, aonde os soldados do Rancho iam servindo a farta e variada refeição. Os Sargentos, Cabos e Soldados que trabalhavam no Rancho eram de gozação chamados de graxeiros.

Ao chegar junto as grandes panelas o referido Sargento, como de praxe juntou-se aos demais Sargentos-de-Dia até que toda sua Companhia fosse servida, nesse local os Sargentos-de-Dia de diversas companhia ficavam em um grupo conversando, entre os quais havia alguns Cabos que executavam o serviço de Sargento-de-Dia.


Sargentos e Cabos ficavam conversando e logo após os Sargentos iam para seu Cassino (refeitório) almoçar.

Um Aspirante-a-Oficial R/2, que desempenhava a função de Oficial Aprovisionador, a todos observava, e ninguém a ele dava atenção, pois era um homem amargo, ruim, antipático, protagonizador da história hilária e cruel, publicada anteriormente com o título “Aspirante X Subtenente – A Virada de Mesa”.

O Terceiro Sargento em questão saiu do grupo e como todos faziam aproximou-se de um enorme panelão cheio de bananas que eram distribuídas à vontade aos Soldados na hora do rancho, e pegou uma para comer, centenas dessas bananas muitas vezes, por estragarem eram levadas em um carroção da granja para alimentar porcos.


                     

O Oficial Aprovisionador num pulo tirou a banana da mão do Terceiro Sargento, jogou-a com violência dentro da panela e disse com aspereza.
               
- Se quiseres comer banana, vá pegar lá no teu Cassino.

Tanto faz, todas as bananas pertenciam a União, portanto o Aspirante assim procedeu por puro autoritarismo, ódio e antipatia que nutria por todo o mundo.

Sargentos e Cabos que ali estavam juntamente com o referido Terceiro Sargento dirigiram-se em silêncio para dentro do Rancho aonde os Soldados almoçavam e ali permaneceriam até o último Soldado de suas Companhias acabarem de almoçar.

Nenhum Sargento de Dia falou nada, e chateados todos os Sargentos e Cabos apenas se entreolharam. O educadíssimo Terceiro Sargento cabisbaixo ficou em silêncio em um canto do Rancho, sequer foi para o seu Cassino almoçar de tão constrangido que ficara.

Passada uma semana adentrou à Secretaria do Regimento o tal Aspirante Aprovisionador, como uma fera, bufando e nervoso.

Ao entrar estavam apenas nesta Seção, o Segundo e o Terceiro Sargento, e o Aspirante foi direto ao Terceiro Sargento e perguntou:


- Por que tu não fizeste o meu Requerimento de Engajamento que expirou ontem:


O Terceiro Sargento calmamente olhou para o “Aspirina” e respondeu que não era de sua obrigação fazer tais Requerimentos, isto é de obrigação do militar interessado.

- Mas tu fazes pra todo o mundo. – Disse o Aspirante.

O Sargento respondeu que sim, mas não era sua obrigação e que se o Aspirante achasse que era obrigação dele que comunicasse ao Comando, pois o regulamento é óbvio e claro.

O Aspirante, nervoso, pois perdera o prazo de solicitar o engajamento, disse:

- E agora o que é que eu vou fazer.

O Segundo Sargento que a tudo assistia, e que já havia sido inteirado do que acontecera no Rancho, disse:

- Nada Aspirante, não é obrigação do Terceiro Sargento, a obrigação era sua, e em trinta dias o senhor será excluído do serviço militar e pronto.

O aspirante, relutante, sem saber o que ia fazer, pois precisava continuar por mais um tempo no Exército, pois estava na Faculdade cursando Direito, recém-casado e cheio de contas a pagar, balançou a cabeça e em desespero virou-se para sair, quase chorando.

Neste momento o Terceiro Sargento chamou:

- Senhor Aspirante!

Este junto à porta virou-se e com os olhos vermelhos olhou com ódio para o Terceiro Sargento que lhe disse:

  Banana de ouro.

- Aquela banana que o senhor arrancou de minha mão, foi a mais cara banana de toda a sua vida.

O Aspirante engolindo as palavras e vermelho de raiva retirou-se em desespero.

Trinta dias depois seria exonerado do serviço ativo do Exército.




Toma! Só para aprender!


(*) O verbo é Protocolar ou Protocolizar.
Apesar da resistência de muitos, as duas maneiras estão corretas:

Eu protocolo ou Eu Protocolizo
Tu protocolas ou Tu protocolizas
Ele Protocola ou Ele protocoliza


Porém, apesar de não ser catedrático em língua portuguesa sempre optei pela segunda forma, a qual acho a mais correta.




Aspirante X Subtenente – A Virada de Mesa


No ano de 1970 foi classificado no então 9º Regimento de Infantaria um Subtenente Paraquedista, recém-saído da Brigada de Paraquedistas.

No Regimento foi fazer parte da Companhia de Petrechos Pesados do 2º Batalhão, na função de aprovisionador da Cia, e responsável pela sua carga , obviamente.

Esse Subtenente era um homem de quase vinte anos de serviço, educado, ponderado, competente e alegre, que a todos tratava com deferência.

Diariamente mandava para o rancho o “reverte”, que é a relação dos Soldados que almoçariam no Rancho do Regimento, além de outras informações ao Oficial Aprovisionador do Regimento, função desempenhada por um Aspirante-a-Oficial R/2, jovem de vinte e poucos anos, antipatizado por todos, por ser um homem amargo, intragável, taciturno e prepotente. Não gostava de ninguém.

                Segundo Tenente.

Tanto um Aspirante-a-Oficial ou um Subtenente não são, nem praças, nem oficiais, são Praças Especiais, mesmo nível, porém os Aspirantes tem supremacia, pertencendo inclusive ao círculo dos Oficiais, já os Subtenentes pertencem ao mesmo círculo dos Sargentos.

Uma questão hierárquica que muda quando um dos dois for promovido ao Posto de 2º Tenente, sendo assim o 2º Tenente tem a supremacia, ou seja, é superior hierárquico tanto ao Aspirante como ao Subtenente.

Por ser um Aspirante R/2, chegaria no máximo ao posto de 2º Tenente, ficando apenas quatro anos no serviço ativo. (?).

E por não gostar de ninguém, gostava muito menos do referido Subtenente Paraquedista, pelo seu jeito alegre e descontraído e quase todos os dias mandava um Soldado do Rancho até a CPP2, chamar o referido Subtenente, por qualquer motivo, fosse mesmo uma letra rebatida no reverte, para deste chamar a atenção.

                Aspirante-a-Oficial.

Valendo-se da supremacia dizia as maiores atrocidades ao disciplinado Subtenente, que já andava com o Aspirante pelas canecas, mas devido a sua extremada disciplina nada dizia ou fazia. Na verdade não dava pelota ao Aspirante. O ignorava.

Quase todos os dias era aquela mesma chateação do Aspirante, que não só o incomodava como arrogantemente o ameaçava.

Um belo dia chegou as minhas mãos a promoção do referido Subtenente ao posto de 2º Tenente, o que imediatamente transcrevi no Boletim Interno, conforme ordenara o Sub Comandante do Regimento.

É Obrigação de todos lerem o Boletim, principalmente os Oficiais, devem fazê-lo para se inteirarem das ordens de serviços e outros assuntos.

Tal obrigação faz com que na formatura de encerramento do expediente da tarde, nas subunidades, o Sargenteante da Companhia, com essa em forma lê para todos as coisas de interesse da Companhia. Ordens de Serviço, Quadro de Trabalho Semanal, Promoções, Punições ou Elogios.

Tão logo distribuído o Boletim o então Subtenente já esperando essa promoção estava com suas estrelas pontas para serem postas no uniforme.

                Subtenente.

No outro dia o agora 2º Tenente estava na CPP2, passando a carga e a função para um Primeiro Sargento que assumiria em seu lugar, quando entrou na Reserva um Soldado do Rancho e após a saudação regulamentar disse que o Aspirante Aprovisionador mandara chamar ao Rancho o “Subtenente”. E que esse fosse imediatamente.

Ora, dentro da hierarquia militar um subalterno não pode mandar chamar um superior hierárquico.

O agora 2º Tenente foi ágil no pensamento e mandou o soldado voltar para o rancho e dizer ao Aspirante que ele já estava indo, e nem mesmo o Soldado havia se dado por conta de que o então Subtenente havia sido promovido.

O Primeiro Sargento, sem entender ficou olhando para o 2º Tenente que imediatamente tirou sua gandola, onde sobre os ombro estavam as estrelas de 2º Tenente, e apenas com uma camiseta branca foi até o Rancho. Afinal de contas, as camisetas não mostravam a graduação ou posto do militar, assim como a cobertura conhecida como bico-de-pato, não possuía qualquer identificação.

Ao chegar à sala de Aprovisionamento perfilou-se diante do Aspirante e antes de dizer qualquer coisa o Aspirante Aprovisionador começou a admoestá-lo aos gritos.

Os militares que estavam ali ficaram surpresos com a intempestiva atitude do Aspirante, momento em que o agora 2º Tenente o mandou calar a boca e a situação mudou drasticamente o seu rumo, quando o 2º Tenente identificou-se como tal, mandando sair do recinto um sargento e um cabo, ficando a sós com o "aspirina", momento em que disse tudo que estava entalado em sua garganta havia meses.


O Aspirante pego de surpresa, quase que se borrando, não sabia da promoção, portanto não havia lido o Boletim Interno, no que se pegou o Tenente, além de outros motivos, para dele dar parte, e que acabou sendo enquadrado pelo Sub Comandante do Regimento e devidamente “punido".

Os que saíram do recinto e ficaram do lado de fora ourviram a descompostura passada pelo 2º Tenente que foi tão grande que diziam:

- Se fosse comigo, pegava a pistola e dava um tiro na própria cabeça.


Mas não pararam por aí os tropeços desse Aspirante. Leia no próximo post deste blogue “A Banana de Ouro”.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Pelotas 1947 e Hoje.


Ao responder o comentário de caríssimo Fábio Zündler II, no post deste blogue com o título Pelotas 1947 percebi quem poderia fazer uma comparação da casa onde nasci no dia 11 de março de 1946, Segunda-Feira de Carnaval, à Rua Afonso Penna, no Bairro Fragata em Pelotas com o momento atual, ou seja, quase setenta anos depois.

               
Na primeira casa era onde morávamos, ao lado, onde hoje está este sobrado morava o padeiro João, sua esposa Diná, seu filho Jones e seu cachorrinho Joly. Na casa seguinte morava Seu Manuel, Dona Dalva e seus filhos Joãozinho, Fó, Choca, Gibi, Chouriço, Teresinha de Jesus, Bernadete, Dalvinha e acho que tinha mais um ou dois. Após morava Inácio sua esposa Maria e sua linda filha Raquelzinha, com eles moravam as irmãs de Maria, a doce Elisa, "la douce Élise, blanche comme fleur de pommier" e a taciturna Zilda e finalmente na esquina, na portinha atrás da árvore, era um bolicho, um pobre armazém que foi de Tuco-Tuco, Dinarte e Cavalheiro, não sei se nesta ordem.

Deixei esse rinconzito arrabalero em 4 de janeiro de 1956, muito mudou, mas prefiro o que era, pois não me sai da memória, um lugar pacato, onde em frente a nossa casa não havia nenhuma construção e sim campos e mais campos que iam terminar no Fleumático Parque Souza Soares.


Era um tempo lindo, onde nossa diversão era ver as vacas lerdas caminhando naqueles campos ou alguns cavalos.

Ficava horas debruçado a janela da sala olhando o verde e ouvindo centenas e centenas de pássaros que alegravam nossas vidas com seus gorjeios, ou muitas vezes entristeciam nossos pensamentos com o cantar melancólico das rolinhas que abundantes voavam para todos os lados.

                        Sangue-de-boi

Sangues-de-boi, cardeais, quero-queros, corujas, pardais, bem-te-vis, e tantos outros me deixavam embevecido, porém quando via os bandos de urubus meus pensamentos tornavam-se tristes e o medo tomava conta de mim.

                        Cardeal

Ouvir o canto da coruja era mau agouro, e muitas vezes, à noite, acordava com o pio arrepiante desta ave, porém, quase todas as noites elas piavam.

As superstições surgem assim. Numa noite como muitas, fui acordado pelo pio da coruja. No outro dia faleceu, pela manhã, a menina Teresinha de Jesus, nossa vizinha,  aos braços de minha mãe. Ora, dirão, foi o mau agouro da coruja. Coitada da coruja piava todas as noites.


E assim vão se criando as crendices, nada mais do que crendices.

Fuzilamento de Brasileiro


Não ia me meter nesta briga porém...

Coitadinho do Traficante


Eles destroem famílias, viciam até crianças, acabam com a vida de milhões de pessoas, matam, agridem, prostituem, abusam e fazem até guerras de quadrilhas. Olhem no que se transformou o Rio de Janeiro e São Paulo.

Eles são responsáveis pelo que há de mais decadente na sociedade, e esta mesma sociedade que admite que esteja perdendo a guerra para o tráfico.

Tive dois alunos que foram judiados, torturados, transfigurados, castrados e mortos a mando de traficantes.

Tive outro aluno no Colégio Santo Inácio em Esteio, que para fugir dessa maldade, enforcou-se, pois soube que seu fim seria trágico.


Eles não respeitam nem mesmo a polícia. Mandam matar, matar e matar.

Porém agora um desses foi fuzilado na Indonésia.

Quem não presta agora é o país chamado Indonésia.

A indonésia é má.

A indonésia e cruel.

A indonésia é um país Medieval.

A indonésia está na contramão da história.

Ou são os valores que estão na contramão da história.


Vejo uma série de afetados, pobrezinhos, coitadinhos falando, dando entrevista defendendo o traficante, dando a entender que o coitadinho é um herói, é um homem probo, é uma pessoa distinta.

Querem agora endeusar o bandido.

Querem agora defender o tráfico.

Chega de hipocrisia.


Vá criar vergonha na cara e defender os homens sérios e não o que há de mais nocivo para a humanidade.

Bobalhões que querem aparecer dando uma de santinhos.

Tipos como esses, infelizmente devem assim ser tratados.

Azar.

              Cracolândia. Isto tem solução? É o fim da várzea.

Infelizmente as suas famílias sofrem, mas por que ele foi para o lado escuro da sociedade.

Se houvesse pena de morte no Brasil talvez as coisas fossem diferentes, mesmo que alguma injustiça fosse cometida.

Porém a injustiça que se faz com crianças, trabalhadores e velhos, ninguém dá bola, mas vão defender o que há de mais sórdido na sociedade. E nesta sordidez incluo a maioria de nossos Senadores, Deputados Federais, Estaduais e Vereadores.

Fico com nojo desses que acham que bandido é gente.

                        Gostas de traficantes, leve um desses para tua casa.

E tu que defende esses bandidos, ou és ligado a eles ou não tens filhos, nem família, pois se eles são tão bonzinhos leve-os para a tua casa e deixe de ser hipócrita.


Fui tapado de raiva desses bobalhões que defendem bandido.

Lembrando que bandido bom é bandido morto.


Hoje acordei com ódio e esse ódio me alimenta. Chega de ver tanta gente defendendo o que há de mais podre na sociedade.