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domingo, 20 de maio de 2018

Caldeirada de Frutos do Mar.




Quando eu morrer quero ser enterrado com a cabeça de fora da terra, pois ainda não vi tudo.


Já vi as mais gostosas e lindas receitas de caldeiradas com frutos do mar e para minha surpresa há muitos truques para engrossar o caldo. Para tal usam farinha de mandioca, de trigo, amido de milho, a famosa maisena.

Êpa meu! Maizena não é com “Z”?

Não!
Maisena é com “S” e significa o amido de milho, aquela farinha que parece um talco de tão fina, que se faz mingau, pudim, bolachas e outras coisas, como passar nas assaduras dos bumbuns dos nenês, entretanto há a marca de fantasia chamada “Maizena” com “Z”, a da caixa amarela. Portanto quando nos referirmos ao amido de milho devemos escrevê-lo com S. “S” de soldado, salgado, solstício, jamais com a letra “Z” de zebra, zurrapa, zebu. Pois com “Z” é uma marca registrada.




Também já vi receitas que engrossam a caldeirada com batata ou aipim, mandioca, aipi, castelinha, uaipi, macaxeira, mandioca-doce, mandioca-mansa, maniva, maniveira, pão-de-pobre. São termos usado em diversas regiões do Brasil para designar a espécie Manihot Utilíssima, já que a Manihot Esculenta, a mandioca-brava ou mandioca amarga possui grande quantidade de ácido cianídrico.

Outros engrossam o caldo com moranga, abóbora ou jerimum, fruto da aboboreira, que é uma designação popular atribuída a diversas espécies de plantas da família Cucurbitaceae, nomeadamente às classificadas no gênero “Abobra” - uma única espécie, nativa da América do Sul, mas isto não importa, pois a minha caldeirada, após anos de estudos e experimentações estafantes e científicas, cheguei à conclusão que, sendo famoso no seio familiar o meu mocotó e internacionalmente desconhecido, porque não engrossar a caldeirada com feijão branco?


Porém me tapo de nojo quando um alcaide engrossa a caldeirada com farinha de milho, da grossa ou da fina ou fubá de milho ou arroz.


Tenho sempre potes de creme de feijão branco congelados em meu freezer, pois é num tapa que um prato, seja uma caldeirada, sopa ou dobradinha, está pronto com este artifício. (“Está pronto” porque estou me referindo ao prato e não a caldeirada ou a dobradinha).


Cozinho o feijão branco, e depois de bem cozido passo em uma peneira, o creme eu congelo e o que sobrou, aquela casquinha fina do feijão pode ser usada em diversos outros pratos ou bolinhos fritos. Aí vai da esperteza de cada um. Nada se perde tudo se transforma.


Vamos a minha receita de caldeirada com frutos do mar.


A dona Eufrosina está pensando que frutos do mar são coisas como a pera-d’água, banana-d’água e laranja serra d’água. Não dona Eufrosina! Isto são frutos, mas não são do mar.

            Nesta foto está apenas a metade dos frutos do mar, mas
            podes ver a cebola picadinha, o pimentão e o alho amassado
          com sal. A peça grande e branca é o creme de feijão congelado.

Ingredientes:

- 400 ml de creme de feijão branco diluído a gosto.

- 500 g de frutos do mar – Camarão, polvo, lula mexilhões e vieiras.

- Cebola, picadíssima.

- Um dente de alho, amassado.

- 1 colher de sopa de pimentão verde bem picado.

- 1 colher de sopa de massa de tomate.

- Azeite de oliva, só para dar uma fritada rápida no alho e na cebola.

Por favor, não vá fritar o pimentão. Coisa horrorosa. Fica amargo. Nessas horas te ligues. Não se frita pimentão.


- Sal a gosto (Não exagere, pois sal em excesso faz mal).

- Pimenta (gotinhas de molho de pimenta vermelha)

- Água.

- Salsa seca e moída. Cada um gosta a seu modo, eu não exagero nos temperos, pois quero sentir o sabor dos frutos do mar.

Como preparar:


Enquanto em uma panela o creme de feijão branco congelado vai, com um pouco d’água dissolvendo, em uma frigideira tu frites a cebola e o dente de alhos com uma pitada de sal em um fio de azeite de oliva.



Desmanchado o creme de feijão branco adicione a cebola e o alho fritos, coloque uma colher de massa de tomate para dar aquela cor, adicione a salsa seca e moída, umas gotas de pimenta, verifique o sal. Quando tudo estiver fervendo coloque o polvo. Eu corto em pedaços menores. Quando o polvo estive ao dente, jogue na panela a lula, também cortada em pedaços pequenos. Quando levantar novamente a fervura, coloques os mexilhões. Novamente quando levantar a fervura ponha os camarões. É jogo rápido, pois quando levantar a fervura dos camarões está pronto. É só servir e te fartar.




Use o tempero que mais te apetecer, com cuidado no exagero.


Certa feita fiquei injuriado. Estava no litoral da Bahia e fui com um amigo a um restaurante comer uma lagosta:


Meu, o negócio é caro. Tudo bem, não é por isto, porém o bacudo espremeu dois limões sobre a lagosta em seu prato. Fui à loucura e disse ao estrupício:


- Tche louco, se é para comer coisa azeda então que ficasses em casa chupando limão. Mas que barbaridade!


Lagostas, camarões, peixes, ostras e outros alimentos eu gosto de sentir o gosto dos bichos, caso contrário pediria ao garçom uma sopa de limão, uma salada de limão, um mexido de limão. Vá gostar de limão assim lá na casa da Eufrosina.

“Me tapo de nojo”!

Eu sei.


Eu sei que nunca se começa uma frase com o pronome pessoal do caso oblíquo, mas neste caso dizer: - “Tapo-me de nojo” a frase fica meio fresca e de frescura já bastou o frio que fez esta noite.


Que barbaridade!



Bueno! Feita a caldeirada é só saboreá-la com um vinho e um pedaço de pão cacete. Tá bom, pão francês, ou como muitos dizem, pão d’água e basta.


Fui.

Tem um segundo prato?

É claro que sim! Foi outro de caldeirada, nos trinques!


Clique sobre as fotos para ampliá-las.




domingo, 6 de maio de 2018

Espaguete sem Espaguete.



Olá.

Hoje fiz o almoço deste domingo. Um belo espaguete sem espaguete. É um prato sem amido.


Já há algum tempo venho fazendo e experimentando sabores e texturas, temperos e vinhos.


Bueno, o vinho só serve neste caso para beber enquanto se faz o almoço, pois não vai nesta receita.


Vamos de vereda aos ingredientes:

- 1 belo pé de couve-chinesa:

- 150 g de cogumelos castanhos.

- 150 g de ervilha torta.

- 1 peito grande de galinha em cubos, já cozido ou assado.

- 3 dentes de alho.

- 2 tabletes de caldo de galinha.

- Sal.

- Azeite de oliva.



Nesta receita tu podes usar menos cogumelos e menos ervilhas tortas, fica ao gosto.

Preparo:



Enquanto os cogumelos vão para a panela ferver, lave as ervilhas tortas, tire os fiapos das bordas e corte a la louco, pois tem que ficar em pedaços grandes para melhor sentires o sabor. Assim como os cogumelos que já deve em ir para a panela cortados em nacos graúdos.

 
Lembrando que os cogumelos boiam e não conseguirás cobri-los, portanto use água suficiente para cozê-los.





Preparada as ervilhas tortas, pegamos a couve-chinesa, vamos tirando folha por folha e lavando bem. Depois com uma boa faca separe os talos das partes finas das folhas. As folhas vão para um saquinho e volta para a geladeira, para em outra hora tu fazeres saladas, sopas ou omeletes. As folhas não serão usadas, os talos sim.



Enquanto os cogumelos cozinham com uma pitada de sal, pegues os talos da couve-chinesa e com uma boa faca vá cortando tirinhas finas e longitudinais.


Reserve.


Reserve os talos cortados fininhos e ao comprido, pois será a última coisa que irá para a panela.


Os cogumelos estando prontos vai ficar aquela água escura na panela. Por favor, não vá jogar aquela água fora pensando que é agua suja. Reserve os cogumelos e a água.


Na tua Wok, se tiveres. Se não tiveres, azar! Pode ser então numa panela de bom tamanho tu ponhas um fio de azeite e ali dê uma fritada nos cubos de carne de galinha. Se por ventura eles estiverem crus vai demorar mais um pouco.


Nesta fritada da carne já o faças com os dentes de alho cortados em lascas finas. Por favor, dona Eufrosina, não deixe queimar os alhos, pois ficam duros, amargos e dão um aspecto feio ao prato. É vapt-vupt. Junte os tabletes de caldo de galinha.

Notinha: 

- Alguns pratos eu uso cebola ou alho, ou raramente os dois juntos. Neste caso só gosto do alho, pois a cebola mata um pouco o gosto do alho.



Quando a carne estiver pronta, despeje a panela de cogumelos com aquela água e deixe ferver por uns três minutos e coloque as ervilhas tortas.


Veja quando as ervilhas tortas estiverem quase ao ponto. No ponto de comer, é óbvio. Ai então tu vais juntar o espaguete, que é a última coisa que vai para a panela.


- Mas que espaguete se tu mesmo escreveste acima que não tem espaguete?




- Mas tche louco! O espaguete que eu falo são as tiras dos talos da couve-chinesa. Mas tche louco! Tu te "faz" de leitão vesgo pra mamar em duas tetas.

Tampe a panela por dois ou três minutos e depois vá virando a preciosidade bem na manha. Procure com calma por as tiras de couve-chinesa para baixo e com o auxilio de uma boa colher vá viando aquele caldo por cima.



Tudo misturadinho apague o fogo, deixe a panela com a tampa e vá arrumando a mesa enquanto ela vai dando mais uma cozidinha no vapor.


O caldo que fica é pouquinho, fininho, muito saboroso e nutritivo.

Acompanhamento:



Tal prato pede como acompanhamento uma pessoa especial, que goste de coisas naturais, aprecie o diferente e te ame muito e entre olhares ternos ou maliciosos vá saboreando este casamento de coisas nutritivas, sentindo a textura de cada uma.

Além de gostoso faz bem à saúde, tanto a comida quanto os olhares.
  
Para aqueles que gostam de massas, podem substituir os talos de couve-chinesa por alguma massa de cozimento rápido. Também fica muito bom.

Fui.


Bom apetite.


quinta-feira, 3 de maio de 2018

Bifes de Fígado.



Para começar a prosa vou fazer um desabafo.

Têm umas prendas frescas e uns queras maulas, cheios de não me toques, que não gostam de bifes de fígado.

Mas me tapo de nojo.


Os alcaides comem pão com banha e tem nojo de bife de fígado. Não sabem os biguanos que tais bifes são pra lá de macanudos, nutritivos, é ricos em vitamina A, torna mais forte o esqueleto do vivente, ajuda a manter o sistema imunológico e melhora até as enxergas.

Além do “más” o complexo B desses bifes protegem as hemácias, alcunhadas de eritrócitos ou glóbulos vermelhos. Vermelho cá pra nós é encarnado ou colorado e quando servido aos piás de colo, aqueles que ainda mamam feito terneiros, ajuda a prevenir uma série de doenças. Minimiza nos bacudos a possibilidade de derrames, ameniza inflamações e combate a asma e as artrites.

E não me venha denovamente a dona Eufrosina com nhenhenhém.

Hoje vou fazer uns bifezitos de fígado, pois a patroa anda meia abichornada, com um forte resfriado e assim fazendo o almoço, ela passa uma semana me chamando de meu bem.

Mas que barbaridade!


Buenas! Vou usar seis bifões como esse que esta nesta travessa de louça branca, uma cebolona, sal, e uma colher de banha de chancho, cerdo ou porco, como queiras.

E o ovo que aparece na foto?

Mas os queras fazem cada pergunta de me caírem os butiás do bolso. O ovo é só para teres a noção do tamanho da cebola.

E agora queres saber o que é “queras”?

Não é kera e sim Cuéras! Mas se escreve queras são homens, índios, gente. Bem feito, foram tirar o trema só para confundir os baiquaras, que ainda não tomaram conhecimento do tal Acordo Ortográfico.

Ainda bem que sou calmo.

Vamos à feitura dos bifes, que é um prato delicioso e rápido de se fazer.


Corte a cebola ao meio e depois vá cortando em rodelas generosas. Desmanche as camadas e coloque-as num “pirex” e as leve, por no mínimo uma hora ao freezer, pois facilita na hora de fritar, pois congeladas elas não ficam moles como lesmas.


Para fritar os bifes use banha de porco que é mais saudável, se usada com moderação do que esses venenos feitos de soja e principalmente o tal óleo de canola. Canola é apelido que deram a colza para enganar os biguanos.

- O que é dona Eufrosina?

- A senhora não sabe que os canadenses apelidaram de óleo de canola para engrupir os desavisados, pois canola quer dizer Canadian Oil Low Acid CANOLA. Se os espertos usassem como óleo de colza, niguém comprava esse veneno.

- Pois é dona Eufrosina, a senhora tem que ficar mais esperta do que sorro em volta de rancho cercado de jaguaras malevas.

Frite os bifes, já devidamente temperados apenas com o sal, na banha de cerdo e é num vu.

E não me fiques corrigindo o Sal, pois escrevi corretamente com S, caso houvesse escrito com Ç, então tu poderias estar me corrigindo o sal.

Eu frito numa wok. Wok é como chamam a panela tipo chinesa. Tão logo tenhas fritado os bifes, tire-os do recipiente e ali mesmo, naquela gordura que sobrou e no caldinho que escorreu frite as cebolas rapidamente para que elas não desmanchem. Neste momento acrescente mais uma pitadinha de sal nas cebolas.


Depois é só jogar a cebolas por cima dos bifes, pois naquela mesma fritura ela já pegou o sabor e levar à mesa.


Sirva com arroz branco e uma saladinha e pronto. Neste caso eu fiz uma saladinha de couve-chinesa, somente as folhas cortadas bem fininhas, com azeite de oliva e sal.

E os talos das folhas da couve-chinesa?

- Já te digo o que vou fazer com os talos. 

Num dos próximos posts te mostrarei uma comida pra lá de deliciosa feita com esses talos. Vocês ficarão surpresos. É de cair as tranças da dona Eufrosina.

Quanto mais simples for a receita, menor é a possibilidade de errar e melhor será o sabor.

Mas tche, por que uma receita de bifes de fígado?

É que tem umas e uns baiquaras que cozinham os bifes de fígado numa panela cheia de tempero e água e o negócio fica mais duro que sola de bota de tropeiro.


Mas bah! Fui.


Elucidário:


Abichornado – Triste, sem forças, doente, melancólico.

Alcaide – Pessoa imprestável, homem ou mulher.

Bacudo - Homem sem muita cultura.

Baiquara - Homem do interior, sem muito trato social.

Biguano - O mesmo que baiquara.

Chancho - Porco.

Denovamente – Novamente. De relancina, De soco.

Engrupir - Enrolar, enganar, iludir, embaraçar, ludibriar.

Enxergas – Olhos.

Jaguara – Cachorro, vinagre, guaipéca, cusco. Au! Au!

Macanudo - Bacana, bonito, torena.

Maleva - Ruim, perverso, mau.

Maula – Covarde, tímido, medroso, frouxo, ordinário.

Num vu – Rapidamente, ligeiro.

Prenda: Menina, moça, mulher muito cara, verdadeira joia.

Quera Pronuncia-se “cuéra” - Homem, índio. Indivíduo.

Sorro - Zorro. Graxaim. Animal canídeo, muito comum nos     

            campos do sul (RS. Argentina. Uruguai)