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quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Pelotas 1947 e Hoje.


Ao responder o comentário de caríssimo Fábio Zündler II, no post deste blogue com o título Pelotas 1947 percebi quem poderia fazer uma comparação da casa onde nasci no dia 11 de março de 1946, Segunda-Feira de Carnaval, à Rua Afonso Penna, no Bairro Fragata em Pelotas com o momento atual, ou seja, quase setenta anos depois.

               
Na primeira casa era onde morávamos, ao lado, onde hoje está este sobrado morava o padeiro João, sua esposa Diná, seu filho Jones e seu cachorrinho Joly. Na casa seguinte morava Seu Manuel, Dona Dalva e seus filhos Joãozinho, Fó, Choca, Gibi, Chouriço, Teresinha de Jesus, Bernadete, Dalvinha e acho que tinha mais um ou dois. Após morava Inácio sua esposa Maria e sua linda filha Raquelzinha, com eles moravam as irmãs de Maria, a doce Elisa, "la douce Élise, blanche comme fleur de pommier" e a taciturna Zilda e finalmente na esquina, na portinha atrás da árvore, era um bolicho, um pobre armazém que foi de Tuco-Tuco, Dinarte e Cavalheiro, não sei se nesta ordem.

Deixei esse rinconzito arrabalero em 4 de janeiro de 1956, muito mudou, mas prefiro o que era, pois não me sai da memória, um lugar pacato, onde em frente a nossa casa não havia nenhuma construção e sim campos e mais campos que iam terminar no Fleumático Parque Souza Soares.


Era um tempo lindo, onde nossa diversão era ver as vacas lerdas caminhando naqueles campos ou alguns cavalos.

Ficava horas debruçado a janela da sala olhando o verde e ouvindo centenas e centenas de pássaros que alegravam nossas vidas com seus gorjeios, ou muitas vezes entristeciam nossos pensamentos com o cantar melancólico das rolinhas que abundantes voavam para todos os lados.

                        Sangue-de-boi

Sangues-de-boi, cardeais, quero-queros, corujas, pardais, bem-te-vis, e tantos outros me deixavam embevecido, porém quando via os bandos de urubus meus pensamentos tornavam-se tristes e o medo tomava conta de mim.

                        Cardeal

Ouvir o canto da coruja era mau agouro, e muitas vezes, à noite, acordava com o pio arrepiante desta ave, porém, quase todas as noites elas piavam.

As superstições surgem assim. Numa noite como muitas, fui acordado pelo pio da coruja. No outro dia faleceu, pela manhã, a menina Teresinha de Jesus, nossa vizinha,  aos braços de minha mãe. Ora, dirão, foi o mau agouro da coruja. Coitada da coruja piava todas as noites.


E assim vão se criando as crendices, nada mais do que crendices.

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