Devo
aqui uma explicação aos meus leitores PORTUGUESES, que lá do outro lado do
Atlântico acessam este meu blog meio bagual.
Los Gauchos - Eu e minha prenda.
Uso muito a expressão Pila. Mas o que é PILA?
Aqui
no Estado mais Meridional do Brasil, o amado Rio Grande do Sul, nossa querência, há um povo que surgiu do
amálgama Ibérico-Charrua-Minuano, principalmente, e que se espraia não só pelo nosso Estado como também pela Argentina e
Uruguai. Esse tipo físico, meio xiru,
chega a ser encontrado nas planuras que formam a Patagônia e é conhecido como
Gaúcho no Brasil e Gaucho (Gáutcho) na Argentina e no Uruguai, assim como em
toda a América Latina.
Os
Gaúchos Rio-grandenses e los Gauchos Uruguaios tem em seu sangue muitos valores
genéticos portugueses, principalmente Açorianos. Percentuais bem grandes.
Este meu povo
gosta muito de churrasco, prosear e tomar chimarrão.
Churrasco.
E
este povo do qual faço parte e que é motivo de orgulho e muita história tem o
seu jeito peculiar de charlar. Aonde
um Gaúcho Rio-grandense chegar dentro de qualquer um dos outros vinte e cinco Estados
mais o Distrito Federal, que compõem o Brasil é notado de vereda pela maneira
de prosear. Aqui não estou me
referindo aos Rio-grandenses de origem alemã, italiana ou outros, que são por
nascimento Rio-grandenses, porém não são Gaúchos, por isso são e se consideram
alemães e italianos e ou outros.
Portanto,
estou tentando ser bem claro com os nossos queridos portugueses, mas devo-lhes esta explicação:
No
meu Estado do Rio Grande do Sul, mais do qualquer outro Estado da Federação,
usamos o termo “PILA”, como sinônimo de dinheiro, seja ele qual for. O que é usado
pelos demais Rio-grandenses, seja um piá,
uma guria algariada ou abichornada, um maleva ou um maula.
Nestas plagas, nós Gaúchos usamos um
palavreado diferente do resto do Brasil, poder-se-ia dizer até tratar-se de um
dialeto onde misturam-se palavras portuguesas, espanholas e charruas, e muitas surgidas entre o povo bacudo que passaram fazer parte deste inusitado jeito de falar.
As
moedas brasileiras, tanto o antigo Cruzeiro, o Cruzeiro Novo, o Cruzeiro
novamente, o Cruzado, o Cruzado Novo, o Cruzado novamente, o Cruzeiro “denovamente” e o Real, todas elas tão
logo lançadas foram de sôco chamadas de “PILA”.
Dirá
o Gaúcho na hora das compras, ou como se diz aqui no Rio Grande, na hora de
fazer o rancho:
Até o Papa Argentino toma chimarrão.
-
Olhe só minha prenda, o preço da
erva-mate subiu de relancina para
dez pilas, mas não dá para o taura
ficar sem o chimarrão, mesmo que seja com uma caúna!
Até mesmo a pinguanchita gosta do chimarrão.
Cabe
mais uma explicação. O Gaúcho mais tradicional leva a palavra para o plural. Um
pila, dois pilas...
Tal
explicação é para que os amigos portugueses não pensem outra coisa, pois sei que aí em Portugal o significado é outro.
Tche! - Pila é igual a dinheiro, assim como
também usamos o termo “mango” para significar dinheiro.
-
Mas bah! O Alcaide me cobrou cem mangos por estas guascas.
E
assim, tirando as dúvidas deixo um grande abraço ao povo português.
Glossário:
Abichornada (o): Triste.
Alcaide: Homem sem valor. Desprovido de
qualidades.
Algariada: Sem modos.
Bacudo: Pessoa meio sem instrução.
Grosseira. Também chamado de biguano
ou baiquara.
Bagual: Cavalo bravo, selvagem.
Caúna. Erva-mate de má qualidade.
Caúna. Erva-mate de má qualidade.
Charlar: Falar.
Charrua: Índios que habitavam esta Região;
Chimarrão: Infusão a partir de erva-mate (ilex
paraguariensis).
Churrasco: Carne assada no carvão ou na lenha.
Denovamente: Novamente. Mais uma vez.
De sôco: O mesmo que “de vereda”.
De vereda: Imediatamente.
Espraia: Esparrama, espalha.
Guasca: Couro cru. Couro não curtido.
Guria: Menina.
Maleva: Homem mau. Ruim.
Mango: Neste caso foi usado como sinônimo
de dinheiro (Hoje o Real), Mas mango pode ser sinônimo de relho ou rebenque
grosseiro feito de couro cru. Açoiteira.
Maula: Covarde. Medroso.
Piá: Menino.
Pinguanchita: Menininha.
Plaga: Região, cidade, povoado, lugar.
Prenda: Mulher amada. Joia. Coisa muito preciosa.
Prosear: Falar
Querência: Local de nascimento, onde se vive e
ama. Terra natal.
Relanciana: Rapidamente.
Tche ou che: Palvra charrua que significa MEU.
Muito usado no Rio Grande do Sul, no Uruguai e Argentina.
Taura: Homem de valor. Destemido.
Xiru: Índio.
Mas bah!!!
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirestou encantada com essa linda e poética explicação. Nosso estado é inigualável em cultura. E nosso povo gaúcho são muito inteligentes. Parabéns professor pela magnânima aula.
Posso usar essa maravilhoso texto em meu blog? para todos conhecerem a riqueza de nosso povo.
Tenha um ótimo dia.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Anajá.
ResponderExcluirQue bom tê-la novamente visitando meu blog. Já andava com saudades de seus comentários.
Caríssima, podes sim usar este texto em teu blog, isto me deixa mui honrado, principalmente sabendo que é uma amante da cultura Gaúcha.
Nossa cultura é ímpar, bonita e nem um pouco promíscua como acontece com manifestações ditas culturais que são de fora de nosso Pago e infelizmente estão cooptando muitos dos nossos jovens.
Removi o outro comentário, pois cometi um erro imperdoável ao digitar o teu nome, trocando as letras.
P A S - (Paz, Alegria e Saúde).