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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Ler e aprender



        
                            Meu cantinho favorito


“De manhezita, nem clareara o dia, ainda com a Boieira brilhando no infinito negro do céu, saí do quente dos pelegos, onde dormia enroladito numas enxergas riunas, velhas, ainda do tempo do quartel e já deixei a tarimba prontita, prá siesta habitual, no ranchito de leiva, coberto de santa-fé. Solito no meio do campo, onde passava quatro ou cinco noites por semana, ouvindo o nada silencioso, temperando a triste sina que nos conduz pelos peraus da vida.
            Há alguns metros do rancho, passando uma coronilha, mui antiga e frondosa, ficava uma velha latrina de tábua, coberta com uma folha de zinco, toda esburacada pelo tempo, mas que servia bem, principalmente no inverno inclemente, que não dava muito sossego por aquelas bibocas perdidas no meio das coxilhas, para tirar água do joelho ou lavar as fuças e escovar as canjicas numa velha tina que ficava a seu lado, bem servida com uma água que corria de um manantial cerquito, no alto de umas pedras, envoltas em um capãozito nativo.
            Parei por um instante, largando a escova na borda da tina carcomida pelo tempo e fiquei tentando ver naquela escuridão onde estava um caburé que havia piado ao pressentir meu movimento. Piou como se houvesse me avisado de alguma coisa ruim, que me arrepiou os pelos. Mas nada avistei, a não ser o breu daquela madrugada negra como mamangava.
            Aprumei a daga que trazia atravessada as costas por baixo da rastra, e ainda segurando o recavem com a destra calejada, peguei com a canhota a escova e voltei ao rancho, todo espiado, para vestir uma campeira, pois o frio estava de cortar os ossos.
Logo após me fui a galopito, meio escorregando nas flechilhas de grama geadas do campo, ao galpão de chão batido, feito de costaneira, coberto de quincha, aonde a peonada, meio sonolenta ia todas as manhãs tomar o amargo bem quente, pitar os paiêros, e jogar prosa fora em volta do fogão, que “fumaceava” feito uma maria-fumaça, daquelas tocadas a carvão de pedra, que hoje não se vê mais cortando la pampa, com suas rodas batendo no ferro, num “tac-tac” infinito”.

Assim inicio um conto cujo título é “La Pampa”, ainda em fase de acabamento e revisão, que aos poucos vai saindo da casca e que pretendo, quando coragem me sobrar, lançá-lo neste mundo maravilhoso dos livros, Um conto cheio de erros propositais conforme charlam os homens simples do campo. Homens bacudos, mas honestos e trabalhadores.

Sou meio enrolado, pois estou com três livros prontos, porém o difícil e parir o primeiro, lembrando que tal já está pronto para ir para uma editora há mais de quatro anos, porém sempre falta alguma coisa.

Mas se tiverem paciência um dia poderão comprá-los e lê-los, e o que é mais importante, bater uns “dindins” na minha conta bancária.

Mas que tal?



Minha cabeça não para, estou sempre escrevendo, lendo, relembrando “causos” passados ou inventando algo para por no papel, hoje não mais no papel e sim nos arquivos do computador e meus dedos não param e vivem, hoje, digitando, mas no passado viviam “datilografando”.

Êta ataso!

Muitas vezes minha prenda, que comigo convive há mais de 40 anos diz meio abichornada:

- Tche louco! Sai da frente deste computador e venha assistir televisão.

E eu lhe pergunto:

- O que ganho com isso?

Há pouquíssimas coisas aproveitáveis na programação dessa nossa péssima televisão, até mesmo os telejornais são um amontoado de coisas tendenciosas e com mensagens sub-reptícias. Informações veladas e mascaradas que deixam uma dúbia impressão. Coisa que te prendem pelas imagens, porém não carregam nada que acrescente. São notícias sensacionalistas e vazias.


Tanto que a maioria esmagadora dos que assistem telejornais, uma hora após terem-no assistido não se lembram de 90% das notícias assistidas.

Prefiro então ler, tanto o jornal impresso ou mesmo ler e assistir coisas na Internet, o que também não são lá essas coisas.

Ou seja, inundaram a televisão de porcarias. Programas ridículos, DNAs e baixarias. Exorcismos fantasiosos, teatrais, de enésima categoria, que imbecilizam mais quem os assistem.



Grupelhos de desconhecidos maus-caracteres em constantes barracos e que são chamados por um apresentador com a maior cara-de-pau, de heróis e que passam um tempo em uma mansão que é uma afronta ao pobre trabalhador que muitas vezes não tem onde morar. E o que é pior. Quem paga essa trupe de vagais é o povo que assiste e vota neste ou naquele, pois o dinheiro do prêmio sai dos telefonemas que são dados aos milhões por inocente úteis.

Novelas repetitivas que não levam a nada, somente às fofocas, brigas, gritarias e ensinam bem como uma pessoa pode se tornar torpe, e dizem os imbecis que é o retrato da vida real. Porém basta essas porcarias irem ao ar para que as meninas passem a agir conforme a vilã da história e não como a boazinha. Digo isto porque por muitos anos dei aula e via em meio de minhas alunas o mal que essa droga chamada novela fazia e faz às cabecinhas ainda em formação.

E o povão fica preso a essas porcarias e deixa de pensar, deixa de ler, deixa de viver para ficar bitolado em frente à tela alienante.

E bota alienante nisto.

Ler ainda é uma coisa boa, salutar, que te ensina a escrever, falar e se comportar como cidadão, além do conhecimento que te traz.


Faça uma boa leitura e deixe as alienações de lado, pois um bom livro te leva a mundos novos, cheios de aventuras. Leva a um mundo de contos e fábulas, onde podemos em devaneios viajar montados em unicórnios por bosques encantados e passar a ser o salvador da bela e adormecida Talia e acordá-la de seu profundo sono.



Os livros te levam a voar montado em um gigantesco e bom dragão e ver do alto os vales verdejantes e com ele participar de aventuras fantásticas, onde cavaleiros em suas armaduras reluzindo ao Sol serão teus aliados na luta contra o mal.


Esses mesmos livros poderão te levar ao fundo das águas cristalinas do Reno, onde verás as belas ninfas Woglinde, a ruiva; Floisshilde, a loira e Wellgude, a morena ou penetrar nos profundos túneis e ver o feio e asqueroso anão Alberich, chicoteando um exército de escravos tão grandes quanto ele.



Ou trará muito conhecimento e tu serás agraciado com o que quiseres, pois fica sob a tua vontade o assunto que quiseres ler. Basta ter vontade.



Pois os que não leem deixam de aprender, os que acham que ler é “palha” serão aqueles que ficarão sempre por fora das boas rodas de conversas úteis.

E esses, desprovidos de conhecimentos se consideram malandros.

Dá até pena.


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