Desespero.
Lembro-me quando ainda eu em
tenra idade via e acompanhava mamãe que saia pelos campos a cata de certa erva
rasteira que ela colhia as raízes que depois de bem lavadas eram fervidas em
água, após passava em uma peneira e naquela água acrescentava açúcar e dela
fazia um xarope.
Usava para evitar
determinada doença na penca de quatro filhos. Era gostosíssimo, entretanto não sabíamos
que aquilo era inócuo.
Mas ela, como as pessoas em
geral acreditavam piamente que tal água com açúcar fizesse algum efeito, assim
como pendurar nos pescoços das crianças por uma piola, saquinhos contendo ervas
e até alho na esperança descabida e quase insana de tentar salvar os filhos de
algum tipo de mal.
Todas essas doenças eram
atribuídas a projetos de deus, que punia os pais sacrificando as pobres
criancinhas que eram penalizadas com paralisia infantil, defeitos congênitos e
até a morte.
Baita sacanagem.
No horror, e não tendo o que
fazer contra essas doenças e acreditando nessas forças puramente fictícias as pessoas apelavam para todo o
tipo de expediente, que iam dos chás as rezas.
Ora, bastou desenvolver a
medicina e as ciências para jogarem na lata de lixo tais projetos.
A paralisia infantil ou
poliomielite era atribuída a um projeto desse deus, e muitos diziam com
concreta convicção que aquilo era uma formulação divina para castigar as
crianças ou a seus pais.
Entretanto bastou o Doutor
Albert Bruce Sabin inventar as gotinhas para que tal projeto de deus fosse
descartado.
Que poder! Esse doutor é o
cara!!!!
Mas continua grande parcela
da humanidade acreditando nessas sandices, como por exemplo, o caso da AIDS,
porém em breve teremos uma vacina para tal projeto de deus.
Lembrando que por muito
tempo começou a nascer crianças defeituosas, sem braços, sem mãos, sem pernas,
logo–logo atribuíram isso a um castigo divino. Algum tempo depois se soube que
o causador daquelas anomalias nada mais era que um remédio que davam para as
mulheres prenhes, a Talidomida.
Bastou que fosse proibido
tal medicamento para que esse dito projeto também fosse jogado na lata de lixo.
Mas mesmo assim continuará a
humanidade iludida acreditando e se aparecer outra doença ou alguma pandemia os
desavisados correrão a dizer que é um projeto divino, e continuarão as pessoas
presas a essas ilusões.
Por quê? Porque as pessoas
tem uma necessidade patológica levada por um ancestral desespero em acreditar
nessas coisas e dirão “meu filho foi salvo de uma doença grave pela providência
divina”, entretanto não sabem ou omitem dizer que milhares e milhares de outras criancinhas
morrem todos os dias desse mesmo mal.
E aí vamos encontrar as
coisas mais estapafúrdias, principalmente quando usam da desgraça puramente
humana para explorar o infeliz.
Há 10 anos conheci
ocasionalmente um senhor de seus 40 anos que sofria de uma rara doença que o
levava rapidamente à cegueira. Mostrou-me seus exames feitos inclusive em
laboratórios nos Estados Unidos e todos apontavam para o cruel desfecho.
Porém o pobre homem, no
desespero procurava em tudo uma saída para seu escuro futuro. Pobre coitado, em
seu pavor disse-me ter vendido até um imóvel para custear a cura em uma
“igreja”.
Resumindo, foi-se o dinheiro
e o infeliz ficou cego, pois muitos vigaristas aproveitam do desespero de
infelizes para ganhar dinheiro fácil.
E é assim, a humanidade
desde o seu alvorecer, há mais ou menos duzentos mil anos, não tendo com
explicar as coisas boas e ruins de suas vidas, sem conhecimento, na total
ignorância atribuíam tudo a forças etéreas, espíritos maus e deuses perversos
que as puniam por alguma coisa, e o pior, inventaram até demônios.
Inventaram até que esse deus
bom, bondoso pai celestial que a todos acolhe e salva das forças tirânicas que os
perseguem, que perdoa pedófilos, assassinos, genocidas, estupradores, não foi
capaz de perdoar uma inverídica e primordial mulher chamada Eva, por essa ter
comido uma simples maçã, e pior, por isso condenou todas as mulheres a sofrerem
de dores insuportáveis ao terem seus filhos.
Qualquer bicho tem dor na
hora do parto, mas as pessoas vivem nessa ilusão.
E não se dão por conta que
tudo isto não passa de formulações dos próprios homens para explicar o que
ainda não foi desvendado. Aliás, muitos nem querem saber e preferem viver na
ilusão e na ignorância.
O que fazer?
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