Incidente
Pela manhã do penúltimo dia
no Uruguai, saímos de Salto em direção a Arapey.
Já conhecíamos a carreteira,
bela e bem conservada.
Andamos quando muito meia
hora, e em um longo declive avistamos uma caminhonete da polícia uruguaia, e
vimos que o patrulheiro dirigiu-se para o leito da pista sinalizando nossa
parada.
Ao me aproximar fui logo
para o acostamento para ver o que o patrulheiro queria.
O mesmo após educadamente
cumprimentar-nos, pergunto afirmativamente se nós éramos brasileiros.
Sim respondi ao policial.
O mesmo então me alertou que
eu andava com os faróis apagados e lembrou-me que no Uruguai diferentemente do
Brasil é obrigado o uso dos faróis mesmo durante o dia.
Realmente, disse ao policial, que sabia.
Depois de viajar dias dentro do Uruguai, exatamente quanto estamos rumando para
a fronteira fui esquecer deste detalhe.
Sem problemas disse o
educado policial, podem seguir viagem, porém não se esqueçam dos faróis.
E lá fomos nós após
nos despedir do Patrulheiro Da Rosa.
Andamos quando muito dois
quilômetros e uma pedra sobre o asfalto foi o bastante para furar o pneu
traseiro esquerdo. Lembrando que há um mês troquei todos os cinco pneus.
Ufa, parei o carro, tirei a
bagagem do porta malas, suei pra caramba, e finalmente, após um bom tempo, quando
já apertava as porcas da roda, vi um caminhão uruguaio em sentido contrário
dando sinal de luz e sinalizando que iria encostar.
Sinalizei ao motorista que
já estava tudo pronto. Esse sorrindo abanou e segui sua viagem rumo a Salto.
Coloquei a bagagem no porta
malas e seguimos em direção a Arapey, onde já na entrada deixei o pneu em uma
gomeria para ser consertado.
Lembrem-se. No Uruguai é
obrigatório ligar os faróis quando se está em uma estrada, mesmo durante o dia e que gomeria é
borracharia.
Arapey é um lugar
paradisíaco, bom em qualquer época do ano. Para quem gosta de sossego o melhor é fora da temporada. Há hotéis e casas de veraneio.
O Hotel é belíssimo, as
piscinas são de água limpíssimas e o lugar é de uma beleza e paz fora do comum.
Encontramos essas três menininhas estudantes de um escola pública de Artigas, Camila, Belén e Mikaela e com elas entabulamos uma conversa dizendo que éramos maestros jubilados (professores aposentados) de Brasil e aos poucos outras crianças foram se juntando e querendo saber sobre o Brasil, sobre Neymar e tudo mais.
O grupo de crianças a nossa volta foi tão grande e as perguntas e histórias eram tantas que não consegui mais tirar nenhuma foto, e vieram as professoras, um professor de educação física, e todos a nossa volta numa alegria e interesse sem igual.
Depois de algum tempo os professores despediram-se dizendo que estavam indo para o museu a céu aberto e que não podiam mais ficar.
As crianças, tanto as menininhas quando os meninos se despediram tanto de Sandra quanto de mim com beijos.
As crianças, tanto as menininhas quando os meninos se despediram tanto de Sandra quanto de mim com beijos.
Lindos, lindos, lidos.Bem difertente dos nossos meninos que são educados para serem machistas, truculentos e distantes. Pude observar o que não pé de hoje, que tanto na Argentina como no Uruguai, o beijo é usado indiscriminadamente por mulheres e homens. Assisti uma cena inusitada em Colonia, onde um motoqueiro de seus vinte anos ao encontrar um amigo parou a moto e se cumprimentaram com um beijo no rosto, e nem por isto deixam de ser homens. É uma questão puramente cultural.
E ficamos comparando as duas realidades. O uruguaios são educados, gentis, orgulhosos de seu país, esmeradamente civilizados e gentis, já as nossas crianças, (pelo menos a maioria), são grosseiras, deseducadas, brutas, bagunceiras, beirando a selvageria, culpa de famílias desestruturadas, onde os pais deixaram de ter autoridade, onde os pais acham bonitinho o filho ser um maloqueiro. Ao ponto de assistirmos nos noticiários que alunos de 6 e 7 anos tentaram matar sua professora colocando chumbinho (veneno de rato) no recheio de bolachas que ofereceram e foram comidas por sua professora. Beleza. Bando de brutos e delinquentes já nesta idade.
Encontramos na hora do almoço esses dois Pedros, o de camiseta azul é Pedro Mendes uruguaio que mora há 40 anos em Passo Fundo, o de camisa vermelha é brasileiro, o Pedro Padilha, viajam em suas motocicletas. Gentis e educados, conversamos por largo tempo, e volta e meia pegam suas motos e saem pelo mundo a passear. O Pedro de azul conhece quase todo o mundo, fazendo viagens de navio ou avião pela América e Europa, além de outros continentes.
Na tarde do dia seguinte foi hora de pagar as contas e seguir viagem rumo ao Brasil, deixando atrás o hotel, deixando para trás muitas coisas bonitas e levando lindas recordações desse pequeno e belo país que é o Uruguai.
E lá vamos nós rumo a Bella Unión,
Passamos pela nossa também velha conhecida Bella Unión, que ganhou até um belo shopping e adentramos ao Brasil pela Barra do Quaraí, município novo, emancipado de Uruguaiana.
Ao lado vemos a antiga ponte de ferro feita na Inglaterra e trazida para cá, para ligar o Brasil ao Uruguai, servindo principalmente o Saladeiro (Matador) da Barra do Quarahin, aonde dom Pio Aurélio de los Santos, avô paterno de Sandra foi seu último capataz, pois esse Saladeiro fechou suas portas em 1930, após a Quinta-feira Negra de Nova Iorque.
Fiquei maravilhada com a aproximação das crianças, é certo que elas estavam tranquilas e sentiam-se seguras com vocês, com a boa conversa e amizade. Maia uma vez eu falo, essas experiências de viagens são relíquias, que a gente leva para uma vida toda! Só sorrisos, alegria, pureza.
ResponderExcluirA minha família, por parte materna, todos se beijam, primo com primo, irmão com irmão, genro e sogro, e assim vai. Mas não é comum na nossa cultura. É uma preocupação com o que os outros vão pensar ou achar ao verem dois homens cumprimentando-se com beijos e abraços. Na família do meu pai, isso não acontecia, só abraços, beijos nunca kkkk.
Adorei ver as fotos e saber do passado da família da Sandrinha.
Como é bom viajar!
Um abração, mais uma vez e uma ótima semana.
Olá Maria Glória.
ExcluirPubliquei teus comentários, porém no momento em que iniciava a respondê-los chegou meu filho Franco, o mais velho e tudo parou. Toda a atenção voltou-se para ele. Agora estou aqui, lendo mais uma vez teus comentário e dizer-te que esse encontro com essa crianças no Uruguai, terra de meu avô materno foi maravilhoso. Niños e niñas educadíssimos, lindos e interessados em saber mais sobre o Brasil, apesar de serem da fronteira. Foi um momento mágico que guardo com muita emoção e saudades. É comum no Uruguai e na Argentina os homens, cumprimentarem-se com um beijo. Vi em Buenos Aires, no setor e emigração, um funcionário ao assumir o serviço na manhã em que voltávamos da Argentina, ao chegar em seu ambiente de trabalho beijar um a um de seus colegas. Isto é bonito, educado, porém aqui no Brasil ainda há muito ranço machista. Sandrinha é de uma família multinacional, brasileiros, uruguaios, argentinos, árabes, paraguaios e franceses. Foi criada pela avó paterna argentina e pelo avô paterno uruguaio. Fala muito bem o espanhol da Região do Prata. Adora viajar e constantemente andamos pelo Uruguai, como digo sempre, minha Segunda Pátria.
Uma belíssima semana e um grande abraço para ti e para o Luiz.
Saúde e Paz.
Uma ótima semana para vocês também, um abração a todos.
ExcluirMuito obrigado e belos dias vindouros. Um abraço meu e de Sandrinha ao casal Maria Glória e Luiz, não esquecendo de um "especialzinho" a encantadora Mariana.
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