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domingo, 14 de dezembro de 2014

Brigada Militar


A “Polícia” Militar do Rio Grande do Sul quando de sua fundação em 18 de novembro de 1837, ainda no decurso da Revolução Farroupilha (1835-1840- a mais longa Guerra do Continente Americano), tinha a denominação inicial de Força Policial, entretanto passou a ser chamada de Corpo Policial no ano de 1841, depois em 1873, Força Policial. Com a Proclamação da República em 1889 a nossa Briosa, como é conhecida com carinho, recebeu as denominações de Guarda Cívica, e de Corpo Policial no mesmo ano e finalmente em 1892 passou a ser chamada como é até hoje, de Brigada Militar.


A Brigada Militar está literalmente fundida a história do Rio Grande do Sul, atuando valorosamente em diversas Revoluções, como a Federalista de 1893 a 1895, a Assisista ou Libertadora em 1923, em São Paulo em 1924, em Santa Catarina e Paraná no ano de 1926.

Participou também da Revolução Constitucionalista em 1932 contra o Estado de São Paulo, e na Legalidade em 1961, garantindo que o então Governador do Estado Leonel de Moura Brizola pudesse peitar todo o Brasil e fazer com que o Vice-presidente João Goulart, legítimo substituto do Presidente da República demissionário Jânio Quadros, fosse empossado à testa do Governo Federal.


Participou também em 1964 de início dividida, mas depois ao lado da Quartelada. Mesmo assim teve muitos de seus quadros perseguidos pelo governo ditatorial em decorrência de ter atuado ao lado do Governador Brizola quando da Campanha da Legalidade.

Segundo o Relatório da Comissão da Verdade que apurou os casos de torturas no Brasil nesse período, foi apontada como autora de torturas, principalmente em seu Batalhão sediado na cidade de Três Passos, nos anos 70.


Porém o que quero aqui lembrar é que nos anos 40 e início dos anos 50 seus componentes eram chamados de mata-cachorros ou simplesmente mata-cachorro. Alguns dizem que devido a uma peste canina as autoridades recorreram a Brigada Militar para eliminar os cachorros de rua e propensos a peste.

Já na segunda metade dos anos 50, mesmo carecendo de fontes oficiais, porém buscando em minha memória, quando a Brigada Militar passa efetivamente a atuar no policiamento ostensivo, inclusive na organização do trânsito insipiente da época, eram esses agentes chamados de “PAUZINHOS”, pelo menos em Pelotas, porque usavam um bastão branco para sinalizar e indicar a direção do trânsito. 
 
Já nos anos 60, os Pelotões de Polícia, passaram a fazer as rondas em duplas, e tinham estampados em suas braçadeiras as letras PP (Pelotão de Polícia), o que lhes valeu a denominação de Pedro e Paulo. Nada tendo com o Cosme e Damião do Rio de Janeiro, como alguns pensam e sim surgiu por causa das letras PP de suas braçadeiras.


Nesta mesma época vão surgir os Abas Largas que pertenciam aos Regimentos de Cavalaria Rural Montada, que inclusive serviram de heróis no cinema e de histórias em quadrinhos. Bons tempos.


Seja como for, tirando o que não presta desta corporação, e há muita porcaria nesse meio, como em todos os segmentos da sociedade, e que tinha nos anos 30, 40 e 50 uma péssima reputação, a Brigada Militar hoje é uma das mais bem preparadas Polícias Militares do Brasil. 

Lamento que sua Academia tenha sido desativada, tirando um pouco do militarismo de seus Oficiais, pois hoje o Posto de Capitão é feito via concurso público, assim sendo os Capitães, Majores, Tenentes Coronéis e Coronéis, não mais saem da tropa, o que para muitos divide a Brigada em dois Grupos bem diferenciados, não só na origem, como em vencimentos.


Tal e asquerosa divisão jogaram os Tenentes, que também são, Oficiais, Oficiais Subalternos, ao desconforto de pertencerem ao Círculo dos Sargentos, não mais pertencendo a nova Elite Brigadiana que surgiu após essas mudanças carregadas de ranço político, os mesmos rançosos que querem desmilitarizar as Polícias Estaduais.

O grupo da caserna, cuja graduação de Cabo é função em extinção, vai de Soldado a Primeiro Tenente, fechando-se aí a porta de Ascensão.


Para tal a praça, mesmo com curso superior em Direito será submetida em igualdade de condições a um concurso com centenas de civis que nesse concorrem, para poder ter sua ascensão garantida, o que nem sempre acontece.

Lembrando que a maioria, ou todas as outras Polícias Militares do País, ainda mantém suas Academias, sendo que a extinta Academia da Brigada Militar dava verdadeiros shows em seus desfiles, o que causava certo desconforto a algumas autoridades militares federais, pois o povo vibrava e aplaudia quando esses desfilavam em 7 de setembro, muitos dos quais iam  ver o desfile para assistirem a performance dos cadetes da Brigada.


Lembrando também que a Brigada Militar foi a única Força Pública que não foi comandada por Oficiais do Exército como acontecia no período da Ditadura, onde Coronéis do  Exército eram empossados no cargo de Comandante Geral das PMs.


Durante o Regime Militar falava sobre o caso em frente ao Rondonópolis Palace Hotel, em Mato Grosso, quando um Coronel da Polícia Militar de Minas Gerais me aparteou e disse que em Minas Gerais os Comandantes da Força Pública saiam da própria tropa, ao que respondi, "entretanto caríssimo Senhor Coronel, o seu Governador não é Mineiro e sim piauiense. Nessa época a Ditadura Militar havia nomeado o Sr. Francelino Pereira, do Piauí para Governar Minas Gerais, em eleição indireta. (Ou seja, é tu e pronto).

Ao lhe dizer isso, sob risos dos que ali estavam conversando o Coronel mineiro resignou-se a ficar calado em seu canto, meio sem graça.


Poderia muito bem a Academia da Brigada Militar continuar formando Aspirantes-a-Oficial, sendo que a Faculdade de Direito teria um Campus dentro da Academia, preparando os futuros Oficiais da Corporação.

Talvez isto não interesse a essa nova Elite Brigadiana, porém desanima os que poderiam ascender na escala militar pertencendo desde cedo à tropa.

Fazer o quê?


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