A “Polícia” Militar do Rio
Grande do Sul quando de sua fundação em 18 de novembro de 1837, ainda no
decurso da Revolução Farroupilha (1835-1840- a mais longa Guerra do Continente
Americano), tinha a denominação inicial de Força Policial, entretanto passou a
ser chamada de Corpo Policial no ano de 1841, depois em 1873, Força Policial.
Com a Proclamação da República em 1889 a nossa Briosa, como é conhecida com
carinho, recebeu as denominações de Guarda Cívica, e de Corpo Policial no mesmo
ano e finalmente em 1892 passou a ser chamada como é até hoje, de Brigada
Militar.
A Brigada Militar está
literalmente fundida a história do Rio Grande do Sul, atuando valorosamente em
diversas Revoluções, como a Federalista de 1893 a 1895, a Assisista ou
Libertadora em 1923, em São Paulo em 1924, em Santa Catarina e Paraná no ano de
1926.
Participou também da
Revolução Constitucionalista em 1932 contra o Estado de São Paulo, e na
Legalidade em 1961, garantindo que o então Governador do Estado Leonel de Moura
Brizola pudesse peitar todo o Brasil e fazer com que o Vice-presidente João
Goulart, legítimo substituto do Presidente da República demissionário Jânio
Quadros, fosse empossado à testa do Governo Federal.
Participou também em 1964 de
início dividida, mas depois ao lado da Quartelada. Mesmo assim teve muitos de seus quadros perseguidos pelo governo ditatorial em decorrência de ter atuado ao lado do Governador Brizola quando da Campanha da Legalidade.
Segundo o Relatório da
Comissão da Verdade que apurou os casos de torturas no Brasil nesse período, foi
apontada como autora de torturas, principalmente em seu Batalhão sediado na cidade de Três
Passos, nos anos 70.
Porém o que quero aqui
lembrar é que nos anos 40 e início dos anos 50 seus componentes eram chamados
de mata-cachorros ou simplesmente mata-cachorro. Alguns dizem que devido a uma
peste canina as autoridades recorreram a Brigada Militar para eliminar os
cachorros de rua e propensos a peste.
Já na segunda metade dos
anos 50, mesmo carecendo de fontes oficiais, porém buscando em minha memória,
quando a Brigada Militar passa efetivamente a atuar no policiamento ostensivo,
inclusive na organização do trânsito insipiente da época, eram esses agentes
chamados de “PAUZINHOS”, pelo menos em Pelotas, porque usavam um bastão branco
para sinalizar e indicar a direção do trânsito.
Já nos anos 60, os Pelotões
de Polícia, passaram a fazer as rondas em duplas, e tinham estampados em suas
braçadeiras as letras PP (Pelotão de Polícia), o que lhes valeu a denominação
de Pedro e Paulo. Nada tendo com o Cosme e Damião do Rio de Janeiro, como alguns pensam e sim surgiu por causa das letras PP de suas braçadeiras.
Nesta mesma época vão surgir
os Abas Largas que pertenciam aos Regimentos de Cavalaria Rural Montada, que
inclusive serviram de heróis no cinema e de histórias em quadrinhos. Bons tempos.
Seja como for, tirando o que
não presta desta corporação, e há muita porcaria nesse meio, como em todos os
segmentos da sociedade, e que tinha nos anos 30, 40 e 50 uma péssima reputação,
a Brigada Militar hoje é uma das mais bem preparadas Polícias Militares do
Brasil.
Lamento que sua Academia tenha sido desativada, tirando um pouco do
militarismo de seus Oficiais, pois hoje o Posto de Capitão é feito via concurso
público, assim sendo os Capitães, Majores, Tenentes Coronéis e Coronéis, não
mais saem da tropa, o que para muitos divide a Brigada em dois Grupos bem
diferenciados, não só na origem, como em vencimentos.
Tal e asquerosa divisão
jogaram os Tenentes, que também são, Oficiais, Oficiais Subalternos, ao
desconforto de pertencerem ao Círculo dos Sargentos, não mais pertencendo a
nova Elite Brigadiana que surgiu após essas mudanças carregadas de ranço
político, os mesmos rançosos que querem desmilitarizar as Polícias Estaduais.
O grupo da caserna, cuja
graduação de Cabo é função em extinção, vai de Soldado a Primeiro Tenente,
fechando-se aí a porta de Ascensão.
Para tal a praça, mesmo com
curso superior em Direito será submetida em igualdade de condições a um
concurso com centenas de civis que nesse concorrem, para poder ter sua ascensão
garantida, o que nem sempre acontece.
Lembrando que a maioria, ou
todas as outras Polícias Militares do País, ainda mantém suas Academias, sendo
que a extinta Academia da Brigada Militar dava verdadeiros shows em seus
desfiles, o que causava certo desconforto a algumas autoridades militares
federais, pois o povo vibrava e aplaudia quando esses desfilavam em 7 de
setembro, muitos dos quais iam ver o
desfile para assistirem a performance dos cadetes da Brigada.
Lembrando também que a Brigada Militar foi a única Força Pública que não foi comandada por Oficiais do Exército como acontecia no período da Ditadura, onde Coronéis do Exército eram empossados no cargo de Comandante Geral das PMs.
Durante o Regime Militar falava sobre o caso em frente ao Rondonópolis Palace Hotel, em Mato Grosso, quando um Coronel da Polícia Militar de Minas Gerais me aparteou e disse que em Minas Gerais os Comandantes da Força Pública saiam da própria tropa, ao que respondi, "entretanto caríssimo Senhor Coronel, o seu Governador não é Mineiro e sim piauiense. Nessa época a Ditadura Militar havia nomeado o Sr. Francelino Pereira, do Piauí para Governar Minas Gerais, em eleição indireta. (Ou seja, é tu e pronto).
Ao lhe dizer isso, sob risos dos que ali estavam conversando o Coronel mineiro resignou-se a ficar calado em seu canto, meio sem graça.
Ao lhe dizer isso, sob risos dos que ali estavam conversando o Coronel mineiro resignou-se a ficar calado em seu canto, meio sem graça.
Poderia muito bem a Academia da Brigada Militar continuar formando Aspirantes-a-Oficial, sendo que a Faculdade de Direito
teria um Campus dentro da Academia, preparando os futuros Oficiais da
Corporação.
Talvez isto não interesse a
essa nova Elite Brigadiana, porém desanima os que poderiam ascender na escala militar
pertencendo desde cedo à tropa.
Fazer o quê?
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