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sábado, 2 de agosto de 2025

O SOLDADO DA GUARDA “1” – 9° RI – 9° BIMtz

Certo dia estava de Sargento de dia à CC/1 – Companhia de Comando do 1° Batalhão do 9° RI,  permaneceria no Quartel todo o dia e a noite. Às 21 horas reuniram-se todos os Sargento de dia, Sargentos das Guarda 1 e 2, Adjunto juntamente com o Oficial de dia, no quarto deste para fazerem as escalas de Ronda e Permanência.

Os encarregados da Ronda deveriam passar em todos os postos de Guardas e Plantões das 10 Companhias, fiscalizando e observando o serviço, já os que fariam o serviço de Permanência substituiriam o Sargento Comandante de Guarda 1, para que esse descansasse. Ficando então no Corpo da Guarda junto ao telefone e identificando todos os militares que após às 22 horas adentrassem ao Quartel.

O primeiro Quarto (turno) das 22 à 24hs, ficou o próprio 3° Sargento Comandante da Guarda, Sargento Santos, que seria por mim substituído e antes de me deslocar para minha Companhia para fazer a Revista, antes do Toque de Silêncio e dar as últimas recomendações aos Plantões, pedi ao 3° Sargento em questão que mandasse um soldado me chamar para substituí-lo, pois queria descansar um pouco. 

Após o Toque de Silêncio, recolhi-me ao Quarto que dava acesso ao alojamento e o fechei, tirando o capacete, o cinturão com o revólver, colocando-os na guarda da cama e deitei-me sob a luz de uma luminária do lado de fora, no pátio da Companhia que espargia sua luz iluminando tal quarto.

Dormi imediatamente, em sono profundo, pois passara o dia atendendo meus afazeres na Casa da Ordem e várias vezes indo até a Companhia verificar o serviço.

Quase meia noite, um  Soldado da Guarda 1, sacudiu-me pelo o ombro dizendo:

- Cabo Teixeira, está na hora de substituir o Sargento Santos.

Olhei para tal Soldado, era um Soldado, negro, com o braçal da Guarda 1, e prontamente levantei-me ficando de costas para tal Soldado e de imediato coloquei o cinturão com o revólver na cintura e quando colocava o capacete, vi por baixo de meu braço direito o referido soldado sair porta afora. Estranhei, pois geralmente esperaria para irmos juntos.

No momento em que vou sair por aquela porta, essa estava fechada por dentro, com um trinco tipo ferrolho, ou seja, só poderia ser aberta pelo lado de dentro. Então como o referido Soldado havia entrado?

Abri o trinco e entrei no Alojamento, de imediato vi o Plantão parado junto a porta esquerda do Alojamento e a ele me dirigi, perguntando:

- Soldado Calçada,  alguém entrou no Quarto, ou no Alojamento?

O Soldado Calçada, um bom, educado e disciplinado Soldado disse que não, apenas ouvi o senhor resmungando.

Saí da Companhia faltando 10 minutos para a meia-noite e fui direto para o Corpo da Guarda substituir o Sargento Santos, mas meus pensamentos estavam fixos  naquele fato inusitado. Caminhava apressado pela avenida central do Regimento, porém quando passava entre a CPP/1 e CPP/2, Companhias de Petrechos Pesados do 1° e do 2° batalhão, vi caminhando junto a parede da CPP/1, por trás de uns arbusto um Soldado, que identifiquei ao longe ser um homem negro com o braçal da Guarda 1, o mesmo que havia me chamado de meu tranquilo sono, minutos antes,  de imediato chamei-o e ele após rápida apresentação perguntou se eu era o Sargento de dia da CC1, pois ele estaria indo à Companhia me chamar.

Peguei-o pelo braço esquerdo e a ele disse:

- Muito obrigado, Tu já esteve lá me chamando.

Sem entender o referido Soldado me acompanhou até o Corpo da Guarda e eu substituí o Sargento Santos, a quem contei o ocorrido na presença do referido Soldado. Ambos ficaram atônitos sem entender.

Fiquei por duas horas na permanência e nunca um serviço correu de maneira tão tranquila, sem nenhuma ocorrência.

Novamente:

- HÁ MAIS COISAS ENTRE O CÉU E A TERRA, HORÁCIO, DO QUE SONHA A NOSSA VÃ FILOSOFIA".

Esta citação é do dramaturgo inglês William Shakespeare, mais especificamente da peça "Hamlet". 

 

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