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domingo, 14 de dezembro de 2014

Saudosismo


Mesmo sendo domingo, não consegui ficar na caminha, e nem passava das seis horas levantei-me. Afinal de contas neste último ano, e dois meses todos os dias são para mim domingos.

Muitos sonham com a aposentadoria, porém aposentar-se é barra. Não é assim tão legal, no seu dia-a-dia.

Dizem alguns menos brilhantes de inteligência: - Aproveite para viajar, ir ao cinema, passear.

Urra meu! Quem vai viajar, ir ao cinema ou passear 365 dias por anos?

Cheguei há pouco de uma viagem de 21 dias, pelo Uruguai e Argentina, já contada neste blogue, e nesses dias que estou em casa as lembranças começam a fluir com mais intensidade, e hoje levantei-me saudosista.

Após todos os trâmites dos pós levantar-se, pipi, escovação, lavagem das fuças e mãos, entrei na cozinha com aquela vontade de tomar um café. Cheguei a sentir no ar aquele aroma gostoso de um café fresquinho.


Ao mesmo tempo lembrei-me do quão o café e mais cheiroso do que gostoso, e de imediato surgiu em minha mente o aroma que sentia, quando era menino na cidade de Pelotas e passava perto do Café do Povo. Uhhhh que cheirinho bom!

De quando em vez mamãe mandava eu ir comprar café, e dizia; Compre Café do Povo.


Havia em Pelotas três torrefadoras de café, a Lamego, a 35 e a do Povo.

Passei direto, e fui para meu escritório onde acessei a Internet na ilusão de encontrar alguma coisa sobre essas empresas, mas infelizmente nada encontrei sobre o Café do Povo e sobre o Café Lamego, somente alguma coisa pouca sobre o Café 35.


Infelizmente muitas coisas que coroaram nossa infância parecem desaparecer. As grandes empresas vão tomando conta e tudo vai se uniformizando, terminando assim com as coisas menores e familiares.

Outras coisas foram aflorando em minha mente e dessas alguma com uma realidade tão grande que parecia estar vivendo o momento, como sentir o cheiro maravilhoso das gasosas Telma, pequena fabriqueta que ficava ali na Álvaro Chaves esquina com a Três de Maio, por onde quase todos os dias passava rumando em direção ao Colégio que estudava, o Félix da Cunha, lá na esquina da Benjamim com a Barroso.

Ah! Ia esquecendo, como eu morava na Álvaro Chaves 413, ao chegar à esquina da Teles, muitas vezes dobrava à direita só para ver uma pequena fabriqueta de máscaras de carnaval funcionando, bem no meio da quadra.

Antes disso, passava obviamente pela esquina da Álvaro Chaves com a Teles, onde havia a Dragagem, um clube, cujo senhor Valter, o Baixinho era o administrador.

Em diagonal ficava o Armazém do Senhor Pederzzolli Sobrinho e de Dona Celda, onde muitas vezes ia comprar o Café do Povo e quando não tinha este levava o Café 35 ou o Lamego.

Na esquina da Álvaro Chaves com a Tiradentes haviam dois bares, um em frente ao outro. Um era o “Flor de Maio” e o outro se chamava “Aos Amigos”.

Um deles pertencia ao Senhor Oliveira. Nesse bar o seu Oliveira fazia em uma grande máquina sorvetes e mais sorvetes. E quando era dia de fazer os tais sorvetes era uma maravilha o cheiro dos produtos sendo colocados na máquina.


E uma coisa vai puxando outra. E lembrei que papai falava quando era menino e trabalhava em um hotel e restaurante, havia as cervejas Haertel, Porco e Peru, Ritter, além, se estou lembrado, da Mário Sacco.


Tudo era diferente e a gente vivia contente com o quase nada que tinha. Mas era legal.


Vão-se sessenta anos dessas lembranças que continuam vivas, tão vivas que sinto o cheiro, o gosto e que me remetem a um passado maravilhoso, onde a única preocupação era brincar.

Ops. Esqueci até de tomar o café.



Fui! 

4 comentários:

  1. Ola! cada um tem seus títulos então permitirei-me a te chamar só de Sr. Pedro.
    Sobre esse saudosismo tbm tenho o meu quinhão esses dias ouvi alguém dizer: onde estão os caras pintadas! então prostou-se em minha mente aquela revolução.... na qual participei bem de perto. Então me lembrei de inúmeras atos que realmente deram resultados. Tenho saudades da força unida com manobras inteligentes.
    E um desses estados em que houve manifestações tive que fugir das pedras e da ignorância que tanto eu como meus amigos de época brigamos para não existir.
    Por hora esse é o meu saudosismo.
    Não somos aposentados ainda talvez isso seja um previlégio para alguns; mas apesar da casamadeira dar bastante trabalho na nossa aposentadoría estamos pensando em comprar um trailler; e viver na estrada. Não paro de pensar nisso.
    Obrigada pelo complemento do post sobre cupins, a informação é tudo!!! vale para todos os viéses.
    Então aproveito tbm para convidar a conhecer cerebroquepulsa.blogspot.com.br a nossa outra casa na web.
    Abraços
    E um bom domingo.
    janicce.

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  2. Olá Janicce.
    Sempre é um privilégio tê-la em meu blogue.
    Quanto a títulos, eu acho que não há nem senhores nem servos, todos somos e devemos ser iguais. Sempre lutei por isto. Portanto podes me chamar apenas de Pedro.
    Fico mais feliz ainda em saber que participaste de movimentos sociais.Poucos são aqueles que dão a cara a tapa. Estes não tem do que se envergonhar.
    Aos dezesseis anos já havia participado do Primeiro e do Segundo Congresso Nacional de Estudantes, e durante o Golpe participava ativamente da UPES. Sempre busquei organizar o povo, não só o estudante como o trabalhador. Sou um dos fundadores do SINTESA. Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Sapucaia do Sul, e mesmo aposentado quando em vez vou lá dar minhas opiniões.
    Quanto a viver na estrada deve ser legal, ainda mais em um treiller.
    Já estou indo visitar o "cerebroquepulsa".
    Que tenhas um belo fim de domingo e que esta semana seja permeada de boas coisas.
    Um grande e fraterno abraço,

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  3. Tchê, o Café Lamego era de meu Avô, Adriano Behocaray Lamego! Aliás, minha cuia de chimarrão é a mesma que pairava sobre sua mesa no escritório do Café. E a uso até hoje.

    Como posso fazer para te enviar uma foto de uma xícara do Café?
    Abraço,

    Luis Eduardo Lamego Velasco

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  4. Olá Luís Eduardo Lamego Velasco.
    Privilégio encontrar em meu blogue o teu comentário. Fazes parte desta história por mim contada. Que saudades do cheirinho gostoso das torrefadoras de café que existiam em nossa amada Pelotas.
    Gostaria imensamente de receber fotografias do que tens sobre o Café Lamego e, ou outros. Outras e tantas outras fotografias, as publicarei com o maior prazer e emoção.
    E se quiseres que eu publique algum assunto pertinente é só mandar por meu Email que eu terei o máximo prazer em publicar com os créditos ao caro amigo Luís Eduardo.
    Meu E-mail - decastroteixeira@hotmail.com.
    Uma grande abraço sentindo-me honrado com tua visita e comentário.
    Prof. Pedro,

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