Quando em 1960 chegamos a
General Câmara encontramos uma coisa para nós inusitada. Acostumados em Pelotas
a ter feira-livre em pontos diferentes, sendo que na Avenida Bento Gonçalves
ocorria todos os sábados, além de mercearias e o Mercado Público diariamente
vendendo produtos hortigranjeiros, lá em General Câmara somente havia uma feira
livre uma vez por semana, quando tinha, com mercadorias que iam de Porto Alegre
via fluvial, para ali serem comercializadas.
Era instalada em frente ao
antigo Armazém Militar, o “ArR” no fim da Rua 15 de Novembro, por sinal meu
pai, o Tenente Floribal Farias Teixeira desse armazém foi gestor por um tempo.
Morávamos em duas casas
provisoriamente na Rua Gen. Portela, e tão logo vagou uma casa, própria para
Oficial, a Rua Conde de Porto Alegre, atrás da Formação Sanitária, para lá
mudamo-nos e meu pai utilizando um terreno vago ao lado dessa, coisa que ainda
hoje continua igual, como se congelado no tempo, ali mandou um cidadão que
possuía bois e arado, arar todo o terreno e começou a organizar canteiros para
plantar.
Alguns Oficiais do Arsenal
disseram a meu pai que não devia ele perder tempo, pois naquela “terra nada
dava”. Uma terra avermelhada e cheia de pedras. Terra ruim, que nada vingava.
Aqui seriam os viveiro, depois as mudas seriam transplantadas
para local fixo no terreno ao lado.
para local fixo no terreno ao lado.
Porém meu pai acreditava, e
não se fez esperar e começou a plantar tomates, couves, repolhos, alface, batatas-doces,
beterrabas, rabanetes, ervilhas, favas e tudo mais que se podia, inclusive
couve-rabano, feijão preto, milho e aipim.
Alguns Oficiais gracejavam,
porém quando a plantação começou a crescer e não dar vencimento, e papai começar
a distribuir para algumas famílias de Oficiais do Exército todo o excedente o
que não era pouco, todos ficaram boquiabertos.
Sacolas e sacolas de verduras,
tomates, pepinos eu e meu irmão éramos encarregados de vez em quando levar para
algumas casas. E lá íamos carregados.
Maravilhados muitos eram os
Oficiais que iam a nossa casa para ver a produção como o Capitão Perissé, Major
Galdino, Tenente Nedy, e outros que não poupavam elogios.
O Major Vieira Rosa e sua
esposa foram uma noite jantar em nossa casa e ele ficou surpreso, pois todas as
saladas a mesa servidas saíram de nossa horta.
No dia seguinte esbarrou em
frente a nossa casa um automóvel preto e dele desceu o Coronel Balbão, Diretor
do Arsenal, com seu motorista, o Cabo 41, o Agenor e ficou um bom tempo
debruçado ao muro contemplando a belíssima plantação onde os tomates eram os
que mais sobressaiam em meio de alfaces, couves e repolhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário