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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

General Câmara – “Nesta Terra Nada Dá”.





Quando em 1960 chegamos a General Câmara encontramos uma coisa para nós inusitada. Acostumados em Pelotas a ter feira-livre em pontos diferentes, sendo que na Avenida Bento Gonçalves ocorria todos os sábados, além de mercearias e o Mercado Público diariamente vendendo produtos hortigranjeiros, lá em General Câmara somente havia uma feira livre uma vez por semana, quando tinha, com mercadorias que iam de Porto Alegre via fluvial, para ali serem comercializadas.


Era instalada em frente ao antigo Armazém Militar, o “ArR” no fim da Rua 15 de Novembro, por sinal meu pai, o Tenente Floribal Farias Teixeira desse armazém foi gestor por um tempo.


Morávamos em duas casas provisoriamente na Rua Gen. Portela, e tão logo vagou uma casa, própria para Oficial, a Rua Conde de Porto Alegre, atrás da Formação Sanitária, para lá mudamo-nos e meu pai utilizando um terreno vago ao lado dessa, coisa que ainda hoje continua igual, como se congelado no tempo, ali mandou um cidadão que possuía bois e arado, arar todo o terreno e começou a organizar canteiros para plantar.


Alguns Oficiais do Arsenal disseram a meu pai que não devia ele perder tempo, pois naquela “terra nada dava”. Uma terra avermelhada e cheia de pedras. Terra ruim, que nada vingava.

                               Aqui seriam os viveiro, depois as mudas seriam transplantadas
                               para local fixo no terreno ao lado.


Porém meu pai acreditava, e não se fez esperar e começou a plantar tomates, couves, repolhos, alface, batatas-doces, beterrabas, rabanetes, ervilhas, favas e tudo mais que se podia, inclusive couve-rabano, feijão preto, milho e aipim. 


Alguns Oficiais gracejavam, porém quando a plantação começou a crescer e não dar vencimento, e papai começar a distribuir para algumas famílias de Oficiais do Exército todo o excedente o que não era pouco, todos ficaram boquiabertos. 


Sacolas e sacolas de verduras, tomates, pepinos eu e meu irmão éramos encarregados de vez em quando levar para algumas casas. E lá íamos carregados.


Maravilhados muitos eram os Oficiais que iam a nossa casa para ver a produção como o Capitão Perissé, Major Galdino, Tenente Nedy, e outros que não poupavam elogios.


O Major Vieira Rosa e sua esposa foram uma noite jantar em nossa casa e ele ficou surpreso, pois todas as saladas a mesa servidas saíram de nossa horta.


No dia seguinte esbarrou em frente a nossa casa um automóvel preto e dele desceu o Coronel Balbão, Diretor do Arsenal, com seu motorista, o Cabo 41, o Agenor e ficou um bom tempo debruçado ao muro contemplando a belíssima plantação onde os tomates eram os que mais sobressaiam em meio de alfaces, couves e repolhos.

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