Conversa de Louco

Dois loucos se encontraram depois de darem alta de uma clínica psiquiátrica e começaram a conversar. Falavam sobre o tempo. Sobre dores e doenças. Aquelas chatices que todos os “normais” falam quando se encontram, e cada qual sempre tem uma dor maior, uma doenças maior, um problema maior que o outro, mas todos se dizem normais.

De prazer ninguém fala, nem mesmo os loucos. As coisas boas não interessam a ninguém, aliás, as pessoas gostam de ouvir e ver tragédias. Gostam de ver os outros se darem mal na vida, e a hipocrisia chega a tal ponto de, quando sabem que alguém quebrou a cara dizerem em regozijo – “deus é pai”.

Mas todos se acham normais e nem um pouquinho loucos

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Mas voltando aos dois loucos amigos que nas quebradas da vida se encontraram e conversavam:

- “Tu viu” aquele deputado preso.

O outro louco, um pouquinho mais atilado corrigiu:

- “Tu viu”, não!  O correto é “Tu viste”.

- Pois é! Eu vi o safado sendo preso.

- Mas confiar em quem?

- O safado possuía até um apartamento em Nova Iorque.

- Pois é, e o safado ainda posava de bom moço e falava dos vereadores, deputados e senadores corruptos.

- Mas afinal de contas a pronúncia correta do nome da Capital dos Estados Unidos é Nova Iorque ou New York?

- Eu não sei, mas acho que tanto uma como a outra servem.

- KKKKKKK – Não! Seu maluco. A pronúncia certa é Washington.

O outro meio desconsertado ficou vermelho, mas desculpou a brincadeira. Afinal o outro era louco e ele o havia corrigido no miserável do “tu viu”. Pior, muita gente que se acha certa assim diz.

Mas continuaram a conversa de louco, quando um deles disse:

- Não se pode confiar em ninguém, todos são farinha podre do mesmo saco.

- Concordo contigo, porém são farinhas podres de sacos diferentes, pois não há um partido sério que se possa confiar. Já não sei mais em qual partido votar.

- Mas pensando bem existe um partido sério e confiável.

- Qual?

- O PPF.

- Ô maluco! Que partido é esse?

- É o Partido da Polícia Federal.

- KKKKKKK – Realmente tu és um louco. Nem nesse dá para confiar.

- Ô lelé, por que não?

- Não estás sabendo que o Juiz Sérgio Moro mandou afastar das funções o Agente Federal J. A. O. F. que está preso?

- Não me digas.

- Ou não sabes que “um certo” Agente Federal foi preso por dirigir embriagado e desacatar uma delegada, fora outros envolvidos em vários processos e até condenados?

- Tche, se o negócio é assim vamos ter que votar em outro partido.

- Qual?

- O PPJ.

- PPJ?

- Realmente tu és maluco de atar por não saber o que é o PPJ.

- Mas tche louco, que partido é esse?

- É o Partido do Poder Judiciário.

- É um “partidaço”, de gente honesta e séria, que além dos seus polpudos salários ganham auxilio moradia, auxilio educação para os filhos, auxilio alfaiate, roupas da hora, auxilio.......

- Para! Para! Para! Realmente tu que és um louco de atar, e atar com arame farpado.

- Por quê?

- Enquanto o Brasil está pelas tabelas, com as finanças ruindo, com o povo passando necessidades, a inflação mostrando as garras eles não estão nem aí para o país e vivem no nababo. Verdadeiros Marajás.

- É verdade. Eu não havia pensado nisto. Não dá mesmo para confiar em ninguém.

- Só há uma solução.

- Qual?

- Uma ditadura!

- É isto aí! Uma ditadura.

Quando os dois se despediam chegou um camburão de um hospício e levou os dois dentro de camisas de força.

E disse um enfermeiro para o outro.

- Até falarem em ditadura eu pensava que os loucos de atar estariam curados.

- Não dá para confiar nem em loucos. Disse o outro enfermeiro.