Sebastião Salgado
Para mim e para milhões de
pessoas, Sebastião Salgado é o melhor de todos e tudo que se possa falar sobre
este gênio da fotografia seria redundante, pois deste mineiro nascido em 1944
tudo, acho eu já foi dito, pois sua genialidade percorre o mundo como exemplo
de um dos maiores fotógrafos de todos os tempos.
Fotografar não é sair por ai
com os melhores equipamentos clicando aqui e acolá, pois se não tiver o olho
mágico de um gênio, poderás tirar boas fotografias, porém muito aquém de uma
verdadeira obra de arte.
Esta é reservada a poucos.
Poderia citar centenas, porém
para tal basta entrar na Internet e pesquisar.
Mozart Passos
Em 1963/64, com o
tradicional fotógrafo Mozart Passos, que tinha o seu estúdio em Pelotas, na Rua
General Argolo 315, aprendi alguma coisa sobre fotografia, não somente a clicar
máquinas Rolleiflex, Yashica e outras, como uma extravagante máquina russa que
fotografava em 160º, cujo nome se perdeu de minhas lembranças, aprendi também
lidar com sais e líquidos, preparar as poções mágicas que revelavam tanto os
filmes como o papel, que conforme ia misturando os ingrediente em grandes frascos, os mesmos aqueciam ou se tornavam tão frios que a umidade do ar
condensava na parte externa dos recipientes.
Druída Panoramix, preparando sua poção mágica.
Sentia que era um verdadeiro
Druida das florestas de Carnutos na antiga Gália de Vercingetorix, fazendo miraculosas infusões que possibilitavam formar imagens em preto e branco chamadas retratos..
Me sentia como num filme de
ficção em um laboratório escuro, luz vermelha, reveladores, interruptores,
fixadores, ampliadores, cheiros e gostos das poções, dos papéis e dos filmes, e muitas vezes em plena escuridão ouvindo apenas o tic-tac constante e cadenciado do cronômetro, que soava estridente quando o tempo de revelação expirava.
E assim revelei o filme e a melhor fotografia que tive
a oportunidade de fazer em minha vida. Foi na Praia do Laranjal, em Pelotas, o que já foi publicada
neste blogue, mas que torno a expô-la, não só por sua beleza, como, e
principalmente pelas belas meninas pelotenses, As Sete Meninas, hoje senhoras
entre os sessenta e setenta anos, ou mais.
As Sete Meninas de Pelotas
Porém fotografar não só
depende do fotógrafo, sua destreza em eternizar um momento, ter o sentido
apurado para fazer, nem também utilizar-se do que há de melhor em equipamentos,
depende também do alvo a ser clicado.
Para mim, as melhores são
aquelas fotos naturais e inesperadas, são fotos lindas que retratam o momento
como ele é, mas infelizmente quando tu prepara-te para clicar uma cena natural,
onde pessoas estão absortas conversando, alguém, não sei por qual razão sai da
naturalidade o que estraga o que poderia ser uma excelente fotografia.
Não sei por que cargas d’água
sempre em um grupo aparecerá um bobalhão para fazer “guampinhas” por trás da
cabeça de quem está ao lado. Verdadeiros simplórios, ridículos, idiotas e palhaços, ou ao
ver a máquina virada em sua direção inclina-se artificialmente sobre a pessoa
que está ao lado, ficando com o tronco torto e a cabeça também torta. Talvez
faça isto por ter a mente torta.
Certa tarde em um belo
passeio a pé, por um lindo campo verde e florido, passeava com minha mulher e
um parente dela e quis registrar aquele reencontro emocionante, um reencontro de
mais de 40 anos. Adiantei-me e no momento em que virei para fotografar os dois
caminhando lado a lado, ela com as mão carregadas de flores, ele ao perceber
minha intenção inclinou-se para o lado dela, e a fotografia saiu uma coisa
antinatural. O que seria um belo e emocionante momento tornou-se uma coisa
horrível, ela naturalmente caminhando sobre um belo gramado que se perdia de
vista, emoldurado por belas árvores, palmeiras e flores e ele todo torto.
Para tal as pessoas a serem
fotografadas tem que agirem espontaneamente e não ficar fazendo poses
ridículas, caras e bocas simplórias e sorrisos falsos e forçados.
Há fotografias que registram
momentos hilários, onde os que compõem o grupo fotografado fazem extravagâncias.
Porém quando é um instantâneo, um registro histórico e único, este será
realmente bonito se for o mais natural possível.
Ao ser fotografado aja com
naturalidade, sem aqueles sorrisos forçados e falsos, sem trejeitos ou poses antinaturais,
seja o mais você possível, pois assim é a própria vida.
Caras e bocas ficam hilária
e selfs, tiradas em profusão usando para tal milhões de celulares, porém
fotografia é outra coisa. Fotografia deveria ser para todos, uma arte. E arte é
para poucos.
O choro, a tristeza, a
alegria, a surpresa são elementos que podem nos levar a diferentes estágios emocionais,
porém são como a vida é.
Nota:
Guampinhas –
Diminutivo de Guampas. No Rio Grande do Sul, guampa significa aspas, cornos,
elemento pontiagudo que alguns animais têm em suas cabeças como elemento de
defesa. Dizem que os homens ou mulheres tem na cabeça quando traídos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário