A mente humana, e não é
coisa redundante, pois todos os outros animais também a têm e é uma coisa ainda
pouco conhecida da ciência e isto tenho como experiência própria, pois carrego
em minha mente coisas que a ciência ainda não compreende, como lembranças de
uma época em que muitos estudiosos, médicos e cientistas acreditam não ser
possível reter em sua memória.
Mas isto é outra história.
Voltamos então à mente
comum. A mente da maioria esmagadora deste povo muitas vezes desorientado.
Os povos, desde o seu
alvorecer, pela incapacidade de entender, de compreender, de saber das coisas,
foram ao longo de milhares e milhares de anos, e não me refiro somente ao homo
sapiens, e sim aos mais antigos homens primitivos que deram a nossa origem,
neandertal, homo hábilis, homo erectus e talvez outros ainda não encontrados desenvolvendo
uma “sabedoria” que está aquém ou além da razão.
O que não entendo, não
compreendo, busco uma explicação, mesmo que seja difícil de aceitar é o por quê desse verdadeiro desespero em acreditar em qualquer coisa, num trevo, num pé de coelho, ferraduras, santinhos e rezas, principalmente quando estão desesperados e a mente começa a fluir na contramão de
qualquer razão, principalmente quando um filho ou parente muito chegado está de
alguma maneira em perigo.
No primeiro lustro dos anos
sessenta, soube de uma história triste, intrigante e ao mesmo tempo hilária.
Havia uma jovem senhora,
mamãe de primeira viagem, que morava no Bairro Simões Lopes, na cidade de
Pelotas, não muito distante da Estação Ferroviária, entrou em total desespero,
coisa que qualquer pai ou mãe sentiria ao ver um filho a beira da morte.
Essa mãe, com suas filha de
no máximo três anos corria em romaria aos hospitais e médicos em busca da
salvação de sua menininha. E foram meses de desespero.
Visitava os médicos e
entupia a criança dos mais variados remédios, e em sua mente já confusa passou
a acreditar que tais medicações não faziam efeitos, não esperava nem que a
composição fizesse efeito e desesperada procurava outro médico e mais e mais
remédios fazia a menina tomar.
O desespero era tal, que
levada pelas crendices, começou a apelar para variados Santos
em busca de salvação.
Como habitualmente passava
em frente a casa de minha irmã, a esta punha em constante atualização sobre o
estranho caso de sua filha e dizia:
- Os médicos nada sabem.
Mas não deixava de entupir a
criança de medicamentos.
Um dia confidenciou a minha
irmã que fizera no quarto da menina um altar, com imagens e figuras de santos e
mais santos, da “Virgem”, velas e também apelara para a umbanda, contas,
incensos, milho e “marafo”.
Sua missão era salvar a
menina.
Mas nada resultava
positivamente.
Após muito tempo tratando a
menina com remédios e rezas, passou pela casa de minha irmã e contou que
finalmente havia encontrado um santo milagreiro. Um santo que ela desconhecia,
mas que foi a causa da repentina melhora de sua filhinha, dizendo:
- Tão logo coloquei a imagem
do santo no altar a “fulaninha” começou a melhorar. Foi um milagre.
Minha irmã quis então saber
quem era esse santo tão poderoso e em uma tarde se deslocou até a casa da
desesperada mãe para ver tal santo, afinal a pobre mulher estava eufórica com a
repentina cura de menina.
Mas não deixava de entupir a
criança de remédios.
Ao chegar a casa desta pobre
mãe, essa a levou até o quarto da menina que tranquilamente dormia já quase
curada.
Em um canto do quarto estava
um altar, cheio de velas e contras de umbanda e pelo chão, várias imagens de
santo, mas o que chamou a atenção de minha irmã, foi que sobre o altar, colado
a parede estava a imagem do tal santo milagreiro que a infeliz mulher havia
recortado de uma revista.
Minha irmã pasma viu colado
sobre o altar nada mais nada menos que o santo que a mulher dizia ser o
salvador de sua filha, o santo milagreiro.
Incrédula nada disse e
deixou que a pobre e confiante mulher ficasse com sua crença.
O que tinha colado à parede
era uma fotografia de Santos Dumont, o brasileiro
inventor do avião em 1906.
Deu um branco...
Vamos refletir...
Alberto Santos Dumont...
Vamos refletir...
Alberto Santos Dumont...
Alberto Santos Dumont. O Santo Dumont
É assim que funciona.
As pessoas tem uma
necessidade que está acima da razão, e no desespero apelam para tudo, e assim
vão surgindo as seitas, as crendices e os “milagres” porque a vida é um
verdadeiro -
“se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.
“se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.
Neste caso a bichinha fica.
Pois se alguém se salvar foi
um milagre, foi deus quem salvou e se morrer foi porque deus chamou.
Ou seja, não tem como
escapar das crendices bobas.
E as pessoas piamente acreditam.
E as pessoas piamente acreditam.
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