Nós
primórdios da humanidade, começou o homem a questionar muitas coisas e com a
descoberta das primeiras técnicas artesanais, as invenções, a agricultura e a
criação de animais, passou o homem a inserir todas essas coisas, até certo ponto anti naturais a um conceito de poderes mágicos.
Imaginemos, pois, um homem
descobrindo que um osso de um determinado animal que lhe serviu de pasto,
quando quebrado e pontiagudo poderia servir de uma extraordinária arma, teria a
mesma sensação dos que nos anos 40 fizeram a primeira explosão nuclear. Ou
seja, uma descoberta que o tornava superior e invencível.
A descoberta ocasional da
cerveja, que foi a mola propulsora da agricultura, a levedura que tornou o pão
um alimento mais deglutível levaram o homem a conjeturar uma ligação com coisas
sobrenaturais, tanto que por muitos séculos o povo acreditava que os espaços
ocos dentro do pão eram fragmentos da alma do padeiro, são coisas que só poderiam ser atribuídas a
uma entidade superior, invisível, e inalcançável. Surge então o mítico, ou
seja, uma tentativa de ligação do puramente material com o “espiritual”, essa
ligação ou religação, donde vem a palavra “religare” ou religião, ou seja, uma
religação com o grande espírito, ou grandes espíritos, vai levar o homem a
criar uma séria de normas padronizadas através dos milênios na tentativa de aproximação
desta “força” irreal, com o objetivo de obter mais conhecimento e
consequentemente mais “poder”.
A descoberta da fundição,
também ocorrida casualmente em primitivas fogueiras e consequente o
desenvolvimento do trato com o cobre e outros metais, acabou por dar ao homem poderes
considerados sobrenaturais o que ainda acontece em algumas sociedades
primitivas na África, onde o homem que trabalha com a fundição é considerado
amaldiçoado, tendo inclusive que morar fora do aldeamento, pois a não
compreensão o leva a um status de
mágico, ou seja, um homem com poderes sobrenaturais.
As roupas, a escrita, a
infusão das ervas e o próprio cozimento dos alimentos eram atribuídos aos
espíritos, tanto que muitos fanáticos, doentes e condutopatas acreditam, pois
os espertalhões colocaram isto em suas cabeças desprovidas de conhecimento e
até de inteligência que as roupas foram por um deus tecidas.
Por sequência todos os
conhecimentos são aos deuses atribuídos e muitas coisas, para manter o segredo,
eram restritos aos xamãs. Ou seja, mantinham como um segredo de estado. E as
coisas quanto mais secretas mais atenção chamam pelo desconhecimento e
especulações, dos simples mortais que as desconheciam, mas especulavam.
Por sua vez o detentor deste
conhecimento para se manter no poder, ia criando pantomimas ou ritos para assim
dar maior credibilidade aos seus segredos, como se quisesse dizer que só a ele
tais segredos eram revelados.
A cada passo nas descobertas,
e novas coisas que apareciam acidentalmente eram atribuídas a interferências do
mundo dos espíritos, uma verdadeira patologia que dominava as sociedades
primitivas, como ainda acontece hoje, onde milhões de pessoas, pelo
desconhecimento vivem a sobressaltos e medos. Muitos são os relatos atuais que
descrevem situação de medo e morte em sociedades onde o vodu (vudu ou vodum) é
a seita dominante. Muitas mortes são assim atribuídas devido ao medo, que
expõe o homem a descargas violentas de adrenalina, cujo organismo não consegue
suportar. O medo leva à morte. E quando isto acontece mais força toma o
“mágico”, que passa a ser venerado e respeitado.
Há relatos simplesmente
incríveis do poder que esses xamãs têm em sua sociedade, que gritam, fazem e
desfazem e nem as autoridades tem a coragem de interferir em seus ritos
macabros, e onde muito chefe de estado vai e recorre aos poderes desses xamãs.
Isto podemos ver na
violência, na prepotência, na arrogância que muitos pastores demonstram em
exorcismos circenses onde desafiam as forças demoníacas, desafiam até o próprio
deus, insultando, gritando e ordenando, mostrando para a massa apalermada que
ele é poderoso, pois é fácil desafiar o que não existe, porém essa massa
acéfala acredita e acha que ele tem mesmo esse poder, tornando-se reféns desses
ilusionistas.
Todas as descobertas, mesmo
as atuais, provocam no homem indagações quase que irrespondíveis, ou seja, o
homem coloca suas indagação, seu desconhecimento em coisas que mesmo sem ter
nexo, sem nenhuma razão ou lógica, no que é mais fácil de aceitar, ou seja, uma
interferência de um deus ou deuses. Em síntese, a humanidade resolve suas
dúvidas e problemas na medida em que poderá, mesmo sem resolvê-los, aceitá-los.
Se eu não tenho a quem culpar pelos meus atos ou desconhecimentos alguém
servirá de bode expiatório, ou serpente expiatória.
A pólvora, a eletricidade, a
luz elétrica, o motor a explosão e milhares de outras coisas quando surgiram o
povo ignorante achava que eram coisas do demônio, milhares de pessoas na Europa
escondiam-se, fechando-se em casa quando ouviam o barulho de um motor a
explosão de um único pistão, pois diziam que o demônio estava ali dentro
fazendo a geringonça funcionar.
Afinal de contas é tão fácil
descarregar tudo nas costas de um suposto deus e de um inexistente demônio. Ou
seja, se morre foi deus quem chamou se sobrevive foi milagre. Se adoece é uma
provação, se tem saúde é uma dádiva.
Ou seja, é uma coisa
simplória, pequena e sem qualquer razão. Antes atribuir tudo a deus ou ao diabo
do que por seus neurônios a funcionar, lembrando que neurônios, muitos não tem.
Ou seja, o homem primitivo
que deixou muitas coisas hoje descobertas em sítios arqueológico nos dá uma
visão de como viviam e viam a vida e é o suficiente para entender como surgiram
os diferentes conceitos religiosos e que foram evoluindo conforme o próprio
homem ia evoluindo, porém essa evolução é sempre vista pelos estudiosos como
cópias de outros “saberes”, ou seja, cópias grotescas que passam a ser
consideradas, devido ao ignorar muitas coisa como algo verdadeiro.
O sonho, a incompreensão
deste levou também o homem a conjeturar verdadeiros absurdos, como os mortos
que vem, e vem sempre a noite para nos aterrorizar.
Escrevo em meu livro A
Grande Mentira, página 19, ainda não publicado:
Os Neanderthais, que por muitas décadas foram
considerados seres estúpidos e de inteligência limitadíssima, o que não eram já
faziam sepultamentos de seus entes, repletos de oferendas, lanças, bordunas,
peles, crânios de animais e alimentos, cobertos com grossas camadas de pedras.
Por quê?
Simples respeito ou prevenção, para que o morto não as
viesse reclamar e atormentá-los?.
Todas essas conjecturas
feitas pelos primitivos levaram a conceitos até certo ponto aceitáveis como,
por exemplo, ao pó voltarás. Era o que viam, porém sabendo que o homem, ou toda
a vida, quer seja animal ou vegetal, não existiria sem a presença de água, e em
abundância. Portanto nunca passou pela ideia do primitivo homem, já que ele não
via água restante dos corpos decompostos, que à água voltaria. Ou seja, dá água
vieste para a água voltarás. Isto não é profético e sim uma mera constatação,
tão pueril quanto dizer, após a noite virá o dia.
O Sol, para os primitivos
todos os dias morre e volta a renascer, assim sendo atribuiu a ele próprio esse
poder de se não renascer reencarnado ter outra vida após a morte.
E o Sol é o primitivo deus.
Dele surgiram todos os conceitos de divindade, e se Jesus tem uma coroa de
espinhos é porque sendo ele um deus teria que ter a representação dos raios
solares em sua cabeça. Mas esse simbolismo as pessoas desconhecem.
O Sol está presente sobre todas as cabeças. Ou seja o deus Sol
permanece no próprio cristianismo que é uma cópia de outras religiões.
Os homens cujo conhecimento
das coisas tidas como irrespondíveis se deixa levar por estes artificialismos,
ou seja, busca a resposta para suas frustrações, medos e desconhecimento nas
coisas ditas sobrenaturais.
E assim vão surgindo e se
desenvolvendo as religiões, que um dia terão o seu ocaso e outras nascerão,
outros deuses, outros profetas e outros milagres.
Haja paciência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário