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sábado, 19 de julho de 2014

A Guerra Pelo Trono.


Num reino tropical, onde aves de cores diversas voam; mulheres, lindas, boazudas e seminuas desfilam pelas areias brancas das praias e homens sarados, morenos ficam batucando em caixas de fósforos fazendo músicas sensuais para atrair uma parceira e outros mal educados urinam pelas praças, onde o sexo é visto pela maioria como uma coisa normal, natural e boa, como na verdade é, onde tudo parecia estar de bem com a natureza, onde suntuosos anfiteatros foram construídos para o povo assistir um esporte meio maluco, onde vértebras são quebradas e carnes dilaceradas por mordeduras doloridas, porém que esse mesmo povo tanto gosta, uma guerra se desenha no horizonte.


Três cavaleiros uniram-se para atacar com seus exércitos a Dama de Ferro, sem contar com os caudilhetes sem expressão que também fazem o papel sujo do quanto pior melhor, atacam também a Rainha Durona entrincheirada em seu castelo sem torres pontiagudas em um chapadão alto, onde a mesma tem que estar sempre de olhos vivos, pois está cercada de cobras venenosas, aves de rapina, coiotes e hienas, prontas para dilapidarem as joias da coroa.


Onde pela primeira vez na história deste reino quinhentão muitos suseranos amigos ou inimigos foram parar nos calabouços, condenados dentro da lei e da ordem.

E surpreendentemente neste reino antes do início dessa belicosa disputa bandos selvagens de jagunços financiados e organizados pelos lordes sem poder, mas que o querem a qualquer preço aterrorizaram as cidades com quebra-quebras, saques e depredações, na tentativa de desestabilizar o reinado.


Um dos cavaleiros sequer consegue carregar a própria e ultrapassada armadura envolta em uma névoa mítica onde seus legionários demenciados como zumbis andam a entoar endoidecidos o seu grito de guerra “Aleluia! Aleluia! sem eco.


O segundo cavaleiro é um rebelde de bandeira socialista que abandonou o ninho, ficou o quanto pode na Torre do Tesouro e agora virou as costas a seus antigos aliados e sem saber voar tenta, mas não consegue alçar voo e a única coisa que o diferencia dos outros são os seus olhos, achando-se um Apolo de extrema beleza, igual a um que em passado não muito distante também assim se achava. O Cavaleiro dos Olhos Azuis ainda carrega a seu lado uma dama sinistra de fala mansa e profundas olheiras que  mais atrapalha do que ajuda.


Porém seus olhos e sua auto considerada beleza não o ajudarão na hora da carga da Cavalaria Ligeira da Dama de Ferro com seus uniformes vermelhos e estrelas meio apagadas, mas persistentes, brandindo suas bandeirolas revolucionárias que apavoram uma burguesia atrasada, burra e tão ou mais fedida que os miseráveis aldeões que hoje tem o que comer. Burguesia essa que ainda vive nos tempos da Gelada Guerra Leste-Oeste.




O terceiro a ousar enfrentar a Dama de Ferro é o Cavaleiro do Grande Pássaro Collorido, de bico quebrado, que não evolui no terreno e fica só na retórica com seus generais ultrapassados, já conhecidos. Velhos lobos-do-mar desdentados que sempre viveram nababescamente se aproveitando das benesses do reino, que nada aprenderam com o passar dos séculos, e um que outro Coronel das forças do Grande Pássaro ainda seguram suas tropas atrás  das linhas, dando o troco pelo que aconteceu na última guerra vencida pela Dama.


Porém a Dama de Ferro, odiada pelos barões e condes ainda tem o apoio do último e poderoso soberano sem Falange, que levantou o ego de seu povo e é ainda adorado pela massa, um líder nato e carismático, com poderes que estão além da imaginação e também ela conta com a maioria dos plebeus que a querem no grande palácio e que almeja que as mudanças continuem.


Por fora, nas sombras dos porões os Duques que não entram diretamente na refrega dão combate enviando falsas informações, imagens e mensagens veladas e sub-reptícias através de seu “Plim-Plim” para os plebeus, tentando dissuadi-los de lutarem ao lado da Ferrenha Dama, e assim começam a mesma campanha de guerrilha que levou ao poder aquele reizinho do nordeste deste reino e por lá ficou alguns meses e foi escorraçado pelos jovens plebeus de caras com pinturas, numa verdadeira Queda da Bastilha Tropical.




Fico pasmo ao ver o terceiro Cavaleiro, o Grande Pássaro Collorido galopando seu cavalo cansado, respondendo a tudo e nada dizendo. Não assumindo uma proposta e na hora que todos pensam que ele vai avançar ele recua para o seu ninho, usando velhas e surradas consignas, porém seus capitães querem ver o povo sem seus balaios que o ajudam a vencer a extrema miséria.


O Grande Pássaro Collorido manda suas legiões para o campo de batalha, mas fica encima da muralha de seu castelo, nem para um lado nem para o outro, e seu maior medo é entrar nas áreas dominadas pelas castas menos privilegiadas que ainda são bolsistas.


Seu cavalo cansado patina nas quatro patas fracas e desiguais, não tem força nem mesmo proposições e para piorar lançou a princesinha sua irmã para comandar as tropas no campo de batalha e ainda está sendo apoiado pelo penúltimo soberano deste reino o qual a maioria de seus súditos não o quer ver nem pelas costas, pois foi o articulador das grandes empresas estrangeiras que levaram quase tudo de bom deste reino e que provocou a maior taxa de desemprego e ainda chamou seus súditos de vagabundos.



Levante a espada, oh jovem Cavaleiro do Grande Pássaro Collorido e deixe-a cair sobre o próprio pescoço, pois melhor o suicido do que ser vergonhosamente trucidado no campo de batalha.


E que vença “a” melhor. 

2 comentários:

  1. Belo texto...
    Mas, gostei mesmo da primeira foto...
    e...
    prefiro morrer "peleando".

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  2. Obrigado pela visita e pelo comentário e concordo também com a análise da foto.
    Realmente é muito linda.

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