Num reino tropical, onde
aves de cores diversas voam; mulheres, lindas, boazudas e seminuas desfilam pelas
areias brancas das praias e homens sarados, morenos ficam batucando em caixas
de fósforos fazendo músicas sensuais para atrair uma parceira e outros mal
educados urinam pelas praças, onde o sexo é visto pela maioria como uma coisa
normal, natural e boa, como na verdade é, onde tudo parecia estar de bem com a
natureza, onde suntuosos anfiteatros foram construídos para o povo assistir um
esporte meio maluco, onde vértebras são quebradas e carnes dilaceradas por mordeduras doloridas, porém que esse mesmo povo tanto gosta, uma guerra se desenha no
horizonte.
Três cavaleiros uniram-se
para atacar com seus exércitos a Dama de Ferro, sem contar com os
caudilhetes sem expressão que também fazem o papel sujo do quanto pior melhor,
atacam também a Rainha Durona entrincheirada em seu castelo sem torres pontiagudas
em um chapadão alto, onde a mesma tem que estar sempre de olhos vivos, pois
está cercada de cobras venenosas, aves de rapina, coiotes e hienas, prontas para dilapidarem as joias da coroa.
Onde pela primeira vez na
história deste reino quinhentão muitos suseranos amigos ou inimigos foram parar
nos calabouços, condenados dentro da lei e da ordem.
E surpreendentemente neste
reino antes do início dessa belicosa disputa bandos selvagens de jagunços
financiados e organizados pelos lordes sem poder, mas que o querem a qualquer
preço aterrorizaram as cidades com quebra-quebras, saques e depredações, na
tentativa de desestabilizar o reinado.
Um dos cavaleiros sequer
consegue carregar a própria e ultrapassada armadura envolta em uma névoa mítica onde
seus legionários demenciados como zumbis andam a entoar endoidecidos o seu grito
de guerra “Aleluia! Aleluia! sem eco.
O segundo cavaleiro é um
rebelde de bandeira socialista que abandonou o ninho, ficou o quanto pode na Torre do Tesouro
e agora virou as costas a seus antigos aliados e sem saber voar tenta, mas não consegue alçar voo e a
única coisa que o diferencia dos outros são os seus olhos, achando-se um Apolo
de extrema beleza, igual a um que em passado não muito distante também assim se
achava. O Cavaleiro dos Olhos Azuis ainda carrega a seu lado uma dama sinistra de fala mansa e profundas olheiras que mais atrapalha do que ajuda.
Porém seus olhos e sua auto considerada beleza não o ajudarão na hora da carga da Cavalaria Ligeira da Dama de
Ferro com seus uniformes vermelhos e estrelas meio apagadas, mas persistentes,
brandindo suas bandeirolas revolucionárias que apavoram uma burguesia atrasada,
burra e tão ou mais fedida que os miseráveis aldeões que hoje tem o que comer. Burguesia
essa que ainda vive nos tempos da Gelada Guerra Leste-Oeste.
O terceiro a ousar enfrentar
a Dama de Ferro é o Cavaleiro do Grande Pássaro Collorido, de bico quebrado, que não evolui no
terreno e fica só na retórica com seus generais ultrapassados, já conhecidos. Velhos
lobos-do-mar desdentados que sempre viveram nababescamente se aproveitando das benesses do
reino, que nada aprenderam com o passar dos séculos, e um que outro Coronel das forças do Grande Pássaro ainda seguram
suas tropas atrás das linhas, dando o troco pelo que aconteceu na última guerra vencida pela
Dama.
Porém a Dama de Ferro,
odiada pelos barões e condes ainda tem o apoio do último e poderoso soberano
sem Falange, que levantou o ego de seu povo e é ainda adorado pela massa, um líder nato e carismático, com poderes que estão além da imaginação e também ela conta com a maioria dos plebeus que a querem no grande palácio e que almeja que as
mudanças continuem.
Por fora, nas sombras dos porões
os Duques que não entram diretamente na refrega dão combate enviando falsas
informações, imagens e mensagens veladas e sub-reptícias através de seu “Plim-Plim”
para os plebeus, tentando dissuadi-los de lutarem ao lado da Ferrenha Dama, e
assim começam a mesma campanha de guerrilha que levou ao poder aquele reizinho
do nordeste deste reino e por lá ficou alguns meses e foi escorraçado pelos
jovens plebeus de caras com pinturas, numa verdadeira Queda da Bastilha
Tropical.
Fico pasmo ao ver o terceiro
Cavaleiro, o Grande Pássaro Collorido galopando seu cavalo cansado, respondendo
a tudo e nada dizendo. Não assumindo uma proposta e na hora que todos pensam
que ele vai avançar ele recua para o seu ninho, usando velhas e surradas
consignas, porém seus capitães querem ver o povo sem seus balaios que o ajudam
a vencer a extrema miséria.
O Grande Pássaro Collorido manda
suas legiões para o campo de batalha, mas fica encima da muralha de seu castelo,
nem para um lado nem para o outro, e seu maior medo é entrar nas áreas
dominadas pelas castas menos privilegiadas que ainda são bolsistas.
Seu cavalo cansado patina
nas quatro patas fracas e desiguais, não tem força nem mesmo proposições e para
piorar lançou a princesinha sua irmã para comandar as tropas no campo de
batalha e ainda está sendo apoiado pelo penúltimo soberano deste reino o qual a
maioria de seus súditos não o quer ver nem pelas costas, pois foi o articulador
das grandes empresas estrangeiras que levaram quase tudo de bom deste reino e
que provocou a maior taxa de desemprego e ainda chamou seus súditos de
vagabundos.
Levante a espada, oh jovem Cavaleiro
do Grande Pássaro Collorido e deixe-a cair sobre o próprio pescoço, pois melhor
o suicido do que ser vergonhosamente trucidado no campo de batalha.
E que vença “a” melhor.
Belo texto...
ResponderExcluirMas, gostei mesmo da primeira foto...
e...
prefiro morrer "peleando".
Obrigado pela visita e pelo comentário e concordo também com a análise da foto.
ResponderExcluirRealmente é muito linda.