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segunda-feira, 18 de maio de 2015

O Sargento Fotógrafo


Quando o meu pai ainda como Subtenente servia no antigo 9º RI, eu, um adolescente conheci um Cabo que era encarregado de fotografar todas as solenidades militares desta unidade do Exército Brasileiro.

Anos depois quando sentei praça nesse mesmo Regimento lá estava ele, agora 3º Sargento, que continuava na função de fotógrafo.


Não era um homem muito simpático e em todas as festividades sequer entrava em forma, ficando de um lado para outro clicando e clicando, com belas máquinas a tiracolo fotografando todos os acontecimentos oficiais.

Após anos ter solicitado minha exclusão do serviço ativo do Exército, soube que o mesmo, quando fora promovido a graduação de 2º Sargento havia sido transferido de Unidade e de cidade.

Soube também que o mesmo nesta outra cidade se desentendera em uma discussão de rua com um civil e não titubeou em puxar a arma e desferir um tiro nesse desafeto.

O civil levado ao hospital sobrevivera, mas o referido Sargento foi recolhido preso, julgado e condenado a quatro anos de prisão por tentativa de homicídio.

Como a pena imposta não extrapolou ao máximo, o referido militar teve sorte de não ser expulso do Exército, mas cumpriu todos os dias a ele imposto pela Justiça Militar.

No cárcere foi remoendo seu ódio e achou que fora preso e cumprira a pena injustamente, pois não havia alcançado o seu intento de matar tal desafeto.


Em sua mente confusa, achava-se injustiçado e neste emaranhado de ódio e maus pensamentos decidiu que se não havia conseguido matar e cumpria a pena, no momento em que saísse da prisão poderia então assassinar sem ter que pagar pelo crime, pois já estava sendo penalizado. 

Mas não é assim que funciona.

Não aprendera com o sofrimento do cerceamento da liberdade. Deveria ter colocado uma enorme pedra encima do passado e encarar a vida dali para frente, mesmo com o prejuízo da prisão e da própria carreira que havia sido brutalmente maculada. Afinal quase vinte anos de serviço ativo não poderiam ser ignorados.

Mas infelizmente não foi o que fez.

Cheio de ódio e em busca de vingança seu olhos se fecharam para a coerência e tão logo posto em liberdade procurou o desafeto e aí o matou.

Novamente preso, julgado, foi condenado a 15 anos de prisão e expulso do Exército, sem direito a nada.

Não pensou nele muito menos na família.


Há coisas que nem Freud explica.

2 comentários:

  1. Tem pessoas que só pensam em vingança nem se preocupam que as vezes o mais prejudicado vai ser ele próprio. Uma pena uma pessoa ser assim.
    Tenha uma ótima semana.

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  2. OLÁ.
    É lamentável e o pior é que com ele, apesar dos pesares, convivi vários anos servindo na mesma Unidade, tirando serviço juntos, porém e infelizmente ele veio a cometer essa bobagem.
    Muitas são as pessoas que perdem o rumo da vida com atos como esse.
    Caríssima Anajá, tenhas uma ótima semana, com muita alegria e saúde;
    Att.
    Prof. Pedro.

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