Revolução Federalista
Muitos são os quéras (cuéras)
atilados que acham que na Revolução Federalista de 1893 se lonquearam a pau
Maragatos e Chimangos, numa sangria de fazer inveja a qualquer saladeiro. Mesmo que fosse o Saladeiro da Barra do Quaraí.
Mas não foi isso que
aconteceu.
Os Maragatos pelearam contra
os Pica-Paus, nessa Revolução chamada de Federalista, porém contra os Chimangos
ou Ximangos (borgistas) só foram se entreverar 30 anos depois, já no Século XX,
na conhecida Revolução de 23, ou também chamada Revolução Libertadora, onde o
mango comeu solto neste meu Rio Grande.
Mas por que Maragatos?
O termo Maragato foi usado
para identificar os aliados de Gaspar da Silveira Martins e Gumercindo Saraiva
que eram frontalmente contra a política do Governo Federal da recém-formada
República que tinha no Estado, a testa do Governo, o Sr. Júlio de Castilhos,
como Presidente e chefe dos Pica-Paus.
Para colocar a opinião
pública contra os aliados de Gaspar Martins e Gumercindo Saraiva, os
adversários, aliados de Júlio de Castilhos, (Pica-Pau) lançaram uma campanha difamatória
dizendo que os Revolucionários de Gaspar Martins e Gumercindo Saraiva vinham do
exterior, ou seja, eram estrangeiros.
Para tal usaram o termo
Maragato, ou seja, aqueles que vinham de uma determinada região do Uruguai, já
que Gumercindo Saraiva encontrava-se exilado nesse País e entrara no Rio Grande
a frente de um exército de revolucionários que usavam lenços vermelhos ou
pañuelos colorados e foram passando o mango nas tropas governistas.
Esse exílio havia sido
cumprido no Departamento Uruguaio de San José de Mayo, colonizado por espanhóis
vindos da Maragateria na Espanha, uma região histórico-cultural do norte desse
Reino Ibérico, na Província de León, reino que anda meio descadeirado devido a
escândalos financeiros envolvendo membros da família real.
Por este motivo foram então
chamados de Maragatos, porém não podemos negar que houve sim o apoio de muitos tauras
“Orientales”, que se uniram as forças revolucionárias e vieram para o Rio
Grande pelear ao lado de Gaspar Martins e Gumercindo Saraiva e muitos foram
sangrados em degolas históricas ocorridas nesta Pampa.
Esses Uruguaios, valentes e
destemidos brigavam com arma de fogo e arma branca, e não na base da
mordida como fez agora o senhor Suárez, atacante da Celeste. Que não teve medo do Europeu e tacou-lhe uma dentada, e muitos hipócritas que censuram Suárez por este seu ato, defendem abertamente torturadores e ditaduras.
Don Suárez. El mordedor
Por outro lado tanto o Uruguai como a Província de Corrientes na Argentina auxiliavam os Maragatos, liberando suas fronteiras para o ir e vir contínuo das tropas assim como assegurar a passagem de baguais e armas que eram livremente importados por essa região naqueles momentos de guerra que duraram de 1893 a 1895.
Por outro lado tanto o Uruguai como a Província de Corrientes na Argentina auxiliavam os Maragatos, liberando suas fronteiras para o ir e vir contínuo das tropas assim como assegurar a passagem de baguais e armas que eram livremente importados por essa região naqueles momentos de guerra que duraram de 1893 a 1895.
Bueno tche! É mui difícil tu
encontrares um Gaúcho que não tenha um ancestral Maragato. Mesmo que não tenha
dirá que teve.
Assim como o folclore que
corre solto na Campanha e Missões onde sempre vai aparecer algum bacudo que no
meio de uma charla, contará que teve uma bisavó ou tataravó índia, caçada no
laço pelo bisavô ou tataravô.
E muito biguano de cinquenta
e tantos anos acredita nesta lenda e contam como se fosse verdade. Até pode ter
acontecido alguns bizarros casos lá pelo começo da colonização deste pago,
porém todo o mundo ter uma índia na família assim conquistada é mais bizarro
ainda.
Mas que barbaridade!
Degola.
Durante essa peleia, a mais
violenta da República Rio Grandense, o ódio corria mais solto que bombacha de
argentino, houve verdadeiros assassinatos em ambos os lados, e a carneadeira
corria solta no pescoço dos inimigos. Não faziam prisioneiros e sim degolas e
mais degolas.
E quando os Pica-Paus
encontravam um valente uruguaio, esse não era degolado de vereda, e sim tinha
apenas um pequeno corte na jugular e o infeliz ficava sangrando e morrendo aos
poucos, agarrando o talho na esperança de estancar o sangue.
Outrossim, um alemão que se
meteu de pinto a galo e se entreverou de enxerido na refrega dos pelos duros, certa
feita quando aprisionado entrou na fila para ser degolado.
Diante dele passou monarca
em seu haragano um Oficial beligerante e o alemão gritou por seu nome e disse:
- “Herr Major, eu sou a alemón
Beckerr! Má feiss salfei o tua filho que estava morendo afogato na açute”.
O Oficial Maragato olhou
para o alemão, o reconheceu, era ele mesmo que havia socorrido o seu filho que estava se afogando em um açude, mas nada disse, bateu o folha-de-abóbora na testa, esporeou
o cavalo e se foi folheirito passando em revista a enorme fila dos que iam
receber o colar de sangue.
E nem te ligo para o alemão
que foi sangrado e morreu estrebuchando, sem dó nem piedade.
Os Maragatos
descontentes com os rumos da República, pois não concordavam com muitas coisas
deste novo Regime, o que não significa que eram a favor do extinto Império,
encanzinados se foram de ponto fixe, passando a açoiteira em quem se metesse na
frente e chegaram até o Paraná, porém foram derrotados na batalha da Lapa pelas
tropas de Floriano Peixoto e tiveram que recuar para a querência.
E no dia 23 de agosto de
1895, lá na minha cidade natal de Pelotas, assinaram a paz, encerrando assim o
movimento Federalista.
Mas bah!
O mais importante é que o
termo Maragato que foi inventado pelos Pica-Paus de vereda deixou de ser uma
coisa pejorativa e passou a ser um nome que identificava os tauras
revolucionários e de valor, pois até hoje muito quéra (maldito acordo
ortográfico que tirou o trema) se diz maragato e quando se pilcha usa o Lenço
Colorado, sem nem saber o que signiifica.
Pica-Paus
Entretanto ninguém se diz
Pica-Pau.
Oigalê porqueira!
bueno, podia ter dito que o Gumercindo foi morto de tocaia (lá pros lado de capão do cipó) e depois desenterraram o corpo, pra degolar, e levaram pro maldito do Júlio de Castilhos...
ResponderExcluirSim. Até poderia ter falado neste bacudo tramposo e ter enriquecido mais esse entrevero, porém são tantos os tauras e taitas, maulas e caborteiros envolvidos nesta refrega que faltaria espaço e tempo. Mas fica tua observação registrada e de quando em vez apareça para um chimarrão virtual. Um abraço.
ExcluirE tu sabias que o Gumercindo nem era muito a favor do Adão Latorre?
ResponderExcluirBuenas tche, como professor de História suponhamos que se saiba destas cousas, porém aqui não estamos charlando do particular e sim do coletivo, mas agradeço teu comentário que enriquece meu blogue. E fica sempre a tua inteira disposição. Um quebra costelas macanudo ao taura bem informado.
ExcluirBom dia!Estou a procura de saber mais sobre o bisavo da minha mae Major teles saber como morreu onde esta enterrado ja q meu ano neto dele faleceu e os irmao e parentes n sabe da historia. Vou deixar o email da minha mae pra entrarem em contato e mto importante pra ela. Mto obrigada.
ResponderExcluirOlá Henrique.
ExcluirHonrado com seu comentário e questionamento, porém necessário seria saber o nome completo do Major em questão, mesmo assim, após tanto tempo isto se traduziria numa profunda pesquisa. Para tal devemos ter o nome completo, a filiação e a data de nascimento. Outrossim, os nascidos antes de 15 de novembro de 1889 os registros não eram feitos em cartórios e sim nas igrejas. Para tal, no caso do Major Teles provavelmente tendo todas as informações necessárias o mais seguro era procurar junto a Cúria Metropolitana. Junto a Catedral de Porto Alegre há, no subsolo um arquivo que após muitas pesquisa podem encontrar documentos referentes a esses registros. Outrossim fica muito difícil saber onde o mesmo está sepultado, pois muitos foram sepultados sem registros, o que dificulta esse achado. Porém não se pode desistir de vereda. Tens que saber: Data e local de nascimento do seu tataravô, encontrar seus registros junto a Cúria Metropolitana. Saber também o ano em que ele faleceu.É um trabalho estafante, mas vale a pena, pois assim consegui montar a minha árvore genealógica que chega ao século XVIII, sei que há parentes meus envolvidos em fatos anteriores ao tratado de Madri. Não os encontrei, mas continuo a procura.
Deixei de publicar o teu outro comentário para não tornar público o E-mail de vossa mãe, o qual registrei e se algo descobrir entrarei em contato através dele.
Um grande abraço e mantenha contato. Toda a informação é importante.
Uma bela aula de aspectos da história do Rio Grande do Sul que eu e muitos outros pouco conhecemos. Obrigado
ResponderExcluirWonGesAda.
ExcluirBom dia caro leitor.
Agradecendo seu comentário, que me deixou muito honrado pelas educadas palavras. Ponho-me à tua disposição.
A História é bela e possui uma grandeza infinita. O Universo da História nos reserva momentos maravilhosos, tristes, comoventes, bizarros e até hilários.
Que tenhas um belo final de semana, cheio de alegria, saúde e paz.
Atenciosamente.
Mas vc como professor de história sabe o ano que os maragatos viveram?
ResponderExcluirCaro Leitor.
ExcluirOs Maragatos, partidários de Gaspar Martins, fundaram em 1892 o Partido Federalista do Rio Grande do Sul. Lembrando que na época os partidos eram de cunho Regional ou Estadual e que o primeiro Partido verdadeiramente de cunho Nacional foi o Partido Comunista, fundado em 25 de março de 1922.
O Partido Federalista do Rio Grande do Sul, que concentrava os Maragatos, em 1928 mudou sua sigla para Partido Libertador, que teve sua dissolução em 1937, com o advento do Estado Novo. Portanto, revendo alguns alfarrábios, os Maragatos tiveram participação política ativa na política do Rio Grande do Sul, oficialmente entre os anos 1892 a 1937. Claro está que a vida política de Gaspar Martins é muito anterior ao advento da República, por isto não podemos ser tão estanques em ralação a essas datas. O importante é saber por que esse movimento surgiu e quais foram suas implicações na política Regional e até Nacional.
Fico a tua disposição.
Bom dia! Tem alguma informação sobre Fioravante Pieruccini? Tenente Maragato que lutou na Revolução de 23?
ResponderExcluirOlá Luciana.
ExcluirTenho poucas informações sobre o Coronel Peruccini, que lutou na refrega de 23. Porém há um livro escrito pelo filho dele, Assis Brasil Peruccini. Não tenho outras informação, porém procure por esse livro.
Um abraço e sucesso em tua pesquisa.
Olá, meu bisavô Leonel Rocha foi um grande revolucionário, gostaria de saber se alguém tem fotos textos sobre ele, favor entrar em contato.zap 991631176
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