Os Neanderthais seriam mudos? Jamais.
A palavra, ao contrário do
que muitos doutores pensam e em loas infindáveis que escrevem tentam explicar
suas origens, não surgiu como o advento do homem (homo sapiens), ela é anterior
ao surgimento de nossa espécie.
A palavra, mesmo com um curtíssimo
repertório antecede ao homem em milhares de anos, atrever-me-ia a dizer que
antecede o homem em milhões de anos.
Obviamente precisamos fazer
um estudo sobre as manifestações sonoras que muitos animais ditos “irracionais”,
pois duvido que exista irracionalidade, usam para a sua comunicação, citando
entre esses os golfinhos, os cercopitecos e as aves.
A irracionalidade, conceito
hoje bastante discutido, e tendo novas definições como na questão do
pensamento, onde havia uma forte e pétrea posição de que os animais ditos
inferiores não pensavam, hoje mudam certos conceitos que levam à seguinte
máxima:
“Todo o animal
pensa, porém o homem é o único que pensa que não é animal”.
Os proto-homens certamente
utilizavam de uma gama de sons para a comunicação. O próprio Homo Erectus, que
já utilizava o fogo, como escrevi em matéria anterior com o título de “Che ou
Tche – Origem”, não seria um animal que usasse o fogo e continuasse mudo, ou
grunhindo como muitos espertos teorizam.
Ora, pois, sendo assim a
palavra foi sendo aperfeiçoada e transmitida de gerações em gerações, chegando
até os nossos dias em uma complexidade e variação tão grande que se poderia
dizer, quase infindável.
Entre os mais de 6 mil
idiomas e dialetos encontrado hoje em todo o mundo vamos encontrar sons
similares, mesmo que seu sentido seja outro, mas todos os idiomas de uma ou
outra maneira, assim como o arco e flecha e a utilização do fogo parecem ter a
mesma base evolutiva. Aliás, em se tratando de arco e flecha podemos observar
que quase todas as civilizações, mesmo separadas por imensos oceanos os
conheciam e deles se utilizavam.
Porém não podemos cair na
esparrela de afirmar que tal ou qual idioma evoluiu deste ou daquele por ter sons
iguais, isto não caracteriza descendência e sim mera e pura casualidade, já que
a humanidade utiliza-se de centenas de milhões de palavras e sons.
Portanto a palavra, de uso
geral tem sua origem nas mais primitivas espécies ou subespécies que
antecederam o próprio Homo Erectus, que viveu no período compreendido entre 1,5
milhões de anos a mais ou menos 300 mil anos atrás.
Homo Erectus, será que não falava?
Hoje os idiomas, muitos em
fase de desaparecimento como o aramaico que apenas em pequenos grupos na Síria
é usado ainda, diga-se de passagem, barbaramente modificado, porém em vias de
extinção.
Muitos outros sumiram nos
últimos 500 anos, como certos dialetos vindos com os imigrantes alemães e
italianos para o Brasil, no século XIX, e hoje não existem mais em sua terra de
origem, tanto que muitos são os estudiosos que vem ao Brasil em busca desses
dialetos e outros sequer deixaram qualquer resquício de terem existido.
Hoje, assim como foi o
tupinambá nas terras do Brasil recém descoberto pelos imundos navegadores
europeus uma língua geral, o inglês passa a dominar as relações comerciais e
até políticas no mundo, desbancando o francês que foi a língua da diplomacia.
Até mesmo os franceses deixaram de fazer beicinho quando um estrangeiro se
comunica com eles sem ser na sua língua mãe belíssima e sofisticada.
Visto isto podemos ter num
futuro não muito distante uma língua geral e algumas outras que sobreviverão
aos novos tempos, mas sobreviverão não tanto pela importância, quanto pela
quantidade de seres que a utilizam, como por exemplo o mandarim, falado por
mais de um bilhão de chineses. Cabe aqui lembrar que o português é o sexto
idioma mais falado no mundo, cuja esmagadora maioria é falada por quase
duzentos milhões de brasileiros. Mesmo assim temos dentro de nosso país certos
regionalismos quase incompreensíveis para brasileiros de outras localidades.
Portanto muitos idiomas não
mais existirão em cem ou duzentos anos, e o nosso português, falado neste
continente chamado Brasil, um dia estará tão distanciado do de Portugal que
será conhecido como Brasilês, já que mesmo hoje, muitos são os livros de
autores brasileiros que são traduzidos para o português da boa terrinha, assim
como o contrário também é verdadeiro, e assistimos filmes portugueses
legendados ou dublados.
“Ô cuns raios” dirá um
portuga ao ouvir um baiano ou um gaúcho falando. E assim vão se aprofundando as
diferenças, de tal ponto que hoje é mais fácil para um brasileiro entender o
que um espanhol de Madri fala do que um tradicional habitante de Lisboa diz.
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