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sábado, 7 de setembro de 2013

A Palavra



                             Os Neanderthais seriam mudos? Jamais.

A palavra, ao contrário do que muitos doutores pensam e em loas infindáveis que escrevem tentam explicar suas origens, não surgiu como o advento do homem (homo sapiens), ela é anterior ao surgimento de nossa espécie.

A palavra, mesmo com um curtíssimo repertório antecede ao homem em milhares de anos, atrever-me-ia a dizer que antecede o homem em milhões de anos.

Obviamente precisamos fazer um estudo sobre as manifestações sonoras que muitos animais ditos “irracionais”, pois duvido que exista irracionalidade, usam para a sua comunicação, citando entre esses os golfinhos, os cercopitecos e as aves.

A irracionalidade, conceito hoje bastante discutido, e tendo novas definições como na questão do pensamento, onde havia uma forte e pétrea posição de que os animais ditos inferiores não pensavam, hoje mudam certos conceitos que levam à seguinte máxima:



  “Todo o animal pensa, porém o homem é o único que pensa que não é animal”.


Os proto-homens certamente utilizavam de uma gama de sons para a comunicação. O próprio Homo Erectus, que já utilizava o fogo, como escrevi em matéria anterior com o título de “Che ou Tche – Origem”, não seria um animal que usasse o fogo e continuasse mudo, ou grunhindo como muitos espertos teorizam.


Ora, pois, sendo assim a palavra foi sendo aperfeiçoada e transmitida de gerações em gerações, chegando até os nossos dias em uma complexidade e variação tão grande que se poderia dizer, quase infindável.

Entre os mais de 6 mil idiomas e dialetos encontrado hoje em todo o mundo vamos encontrar sons similares, mesmo que seu sentido seja outro, mas todos os idiomas de uma ou outra maneira, assim como o arco e flecha e a utilização do fogo parecem ter a mesma base evolutiva. Aliás, em se tratando de arco e flecha podemos observar que quase todas as civilizações, mesmo separadas por imensos oceanos os conheciam e deles se utilizavam.

Porém não podemos cair na esparrela de afirmar que tal ou qual idioma evoluiu deste ou daquele por ter sons iguais, isto não caracteriza descendência e sim mera e pura casualidade, já que a humanidade utiliza-se de centenas de milhões de palavras e sons.

Portanto a palavra, de uso geral tem sua origem nas mais primitivas espécies ou subespécies que antecederam o próprio Homo Erectus, que viveu no período compreendido entre 1,5 milhões de anos a mais ou menos 300 mil anos atrás.

                               Homo Erectus, será que não falava?

Hoje os idiomas, muitos em fase de desaparecimento como o aramaico que apenas em pequenos grupos na Síria é usado ainda, diga-se de passagem, barbaramente modificado, porém em vias de extinção.

Muitos outros sumiram nos últimos 500 anos, como certos dialetos vindos com os imigrantes alemães e italianos para o Brasil, no século XIX, e hoje não existem mais em sua terra de origem, tanto que muitos são os estudiosos que vem ao Brasil em busca desses dialetos e outros sequer deixaram qualquer resquício de terem existido.

Hoje, assim como foi o tupinambá nas terras do Brasil recém descoberto pelos imundos navegadores europeus uma língua geral, o inglês passa a dominar as relações comerciais e até políticas no mundo, desbancando o francês que foi a língua da diplomacia. Até mesmo os franceses deixaram de fazer beicinho quando um estrangeiro se comunica com eles sem ser na sua língua mãe belíssima e sofisticada.

Visto isto podemos ter num futuro não muito distante uma língua geral e algumas outras que sobreviverão aos novos tempos, mas sobreviverão não tanto pela importância, quanto pela quantidade de seres que a utilizam, como por exemplo o mandarim, falado por mais de um bilhão de chineses. Cabe aqui lembrar que o português é o sexto idioma mais falado no mundo, cuja esmagadora maioria é falada por quase duzentos milhões de brasileiros. Mesmo assim temos dentro de nosso país certos regionalismos quase incompreensíveis para brasileiros de outras localidades.


Portanto muitos idiomas não mais existirão em cem ou duzentos anos, e o nosso português, falado neste continente chamado Brasil, um dia estará tão distanciado do de Portugal que será conhecido como Brasilês, já que mesmo hoje, muitos são os livros de autores brasileiros que são traduzidos para o português da boa terrinha, assim como o contrário também é verdadeiro, e assistimos filmes portugueses legendados ou dublados.



“Ô cuns raios” dirá um portuga ao ouvir um baiano ou um gaúcho falando. E assim vão se aprofundando as diferenças, de tal ponto que hoje é mais fácil para um brasileiro entender o que um espanhol de Madri fala do que um tradicional habitante de Lisboa diz.

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