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domingo, 8 de setembro de 2013

Canjica Doce.



Canjica do Pedrito.




Tchê “loco”.

Minha filha Monica é apaixonada por esta canjica que eu faço, por isto é chamada de Canjica do Pedrito.

Modéstia à parte, fica macanuda. Daquelas buenachas que não tem como o índio rejeitar tal prato.

Mas tchê, te prepares para saborear um prato bagual. E te cuides, pois canjica é milho, e não vás sair por aí contente demais e coiceando qualquer baiquara que passe a tua frente.

Bueno, quando vem chegando devagarzito o inverno já começa um buchincho a meu rededor e a filha toda algariada charlando e pedindo para eu fazer a tal canjica.

 
É simples demais. E quando eu faço todo o mundo fica mais faceiro do que pinto em quirera.

Para tal precisas de:


1 - Um fogão.

Pode ser a lenha ou a gás, no galpão ou mesmo na cozinha do apartamento. O importante é que tenha fogo.



2 - Um alguidar ou uma tigela de matéria plástica ou vidro... O quê?

Xiii! É a patroa dizendo que é um tal de “Pirex”.


Bueno! Seja lá o que for. Só não vais usar o penico.


3 - Uma panela espaçosa e das boas.



4 - Uma colher de pau...


- De novo é a minha argentina buzinando no meu ouvido.

- Tá bem mulher, tá bem! Eu ponho aqui que pode ser uma cuchara de plástico.

5 - Meio quilo de canjica da branca, bem lavada e deixada de molho em água fria de um dia para outro.



6 - Duzentos ml. de leite de coco.


7 - Duzentos gramas de coco ralado. 



- “Me tapo de nojo”, mas coco, assim como todas as paroxítonas terminadas em “o”, como toco, lobo, fogo jogo, coro, tolo, etc., não levam acento. Mas que barbaridade, não vás confundir com outra coisa.

- Mas tche, como tu és metido! 

- Eu sei que não se começa uma frase com o pronome pessoal do caso oblíquo, mas se o taura maleva disser “tapo-me”, vão pensar que o índio é veado.

- Entendeu?

Buenas tche!  Se tu entendeste é porque tu és entendido. KKKKKKK.



8 - Canela em pau.

9 - Cravo-da-Índia. 



- Mas tche, o que é isto?


- Não é acne que tem na cara da índia e sim o “cravo-da-índia” ou syzygium aromaticum, que na verdade é o botão seco da flor desta árvore nativa das ilhas Molucas, na Indonésia.

10 - Leite. 



- Mas tche. O leite tem que ser em pó, pois fica melhor do que essa água branca que os alcaides vendem como leite de vaca. Mas que barbaridade, a senhora não soube que andaram falsificando o leite aqui no Brasil. Pois é, se fosse lá na China o caborteiro seria fuzilado. O que mereciam fazer com esses rastaqueras sem vergonha que falsificam o que o teu filho bebe, e puseram até soda cáustica na mistura e ninguém sequer meteu o maula no xilindró.

11 - Açúcar a gosto.



12 - E o mais importante. Uma cacimba.




- Mas por que uma cacimba?

- Tche bagual, de onde tu vais tirar a água para cozinhar? 

- Do bateclô?

- Esses modernismos me deixam abichornado, pois tem muito “cola-fina” cozinhando com água mineral. E água mineral com gás.



Modo de preparar.

Ponha na panela a canjica e cubra bem com água fresca.

E meta fogo, e cuide porque a canjica é meio cheia de regulamentos e é capaz de queimar.

Portanto não tire o olho:


E vá cozinhando e sempre colocando água fervendo por cima.

E dê-lhe colher, não deixe queimar.

Bueno! Quando o grão estiver macio, despeje o coco ralado e o leite de coco, e vá misturando. Jogue os paus de canela e os cravos-da-índia.

E dê-lhe fogo.



Aí podes acrescentar o açúcar a gosto. Talvez uma cambona bem cheia. Eu gosto bem docinha e aí eu meto-lhe duas cambonas de açúcar. Açúcar do grosso, que é mais gostoso e menos maléfico para tua saúde.



Agora vem o segredindo do bacudo véio. Passe no liquidificador umas quatro colheres bem cheias desta canjica em dois copos de água. Bata bem e coloques de volta na panela. Isto serve para engrossar o caldo.

Depois de bem misturado é chegada à hora de colocar o leite em pó.



Desmanche oito colheres das de sopa, de leite em pó, ou mais se quiseres, pois economia só dá em porcaria, em água fria e misture nesta maravilha que ferve na panela.

Mas é claro que a fervura vai baixar.

A daí!

Quando a fervura levantar “denovamente”, está pronta a canjica.



Enquanto uns ficam bispando e outros mais desconfiados do que gato em rancho novo ficam bombeando de longe, tu te aboletes num cepo com o prato bem cheio na mão e “nem te ligo” pros paisanos e encha bem a colher e te divirtas saboreando a melhor canjica dos pagos.

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