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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Falecimento de Bibira







No início dos anos oitenta vovó Bibira, já com mais de oitenta anos baixou a Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, em estado gravíssimo.

Minha tia Maria Rafaela acompanhava o crítico quadro de vovó, quando o médico que dava o atendimento já há mais de uma semana e vendo o quadro agravar-se mais ainda e sem nenhuma esperança, disse a tia Maria que ela poderia chamar os dois outros filhos, Floribal (Minoso) e Gomercindo, pois a pobre velhinha estava em suas derradeiras horas.

Tia Maria imediatamente telefonou para meus pais que moravam em Porto Alegre pedindo que fossem à Pelotas, pois o médico achava inclusive que eles não a encontrariam mais com vida avisando também a tio Gomercindo que residia na própria Pelotas.

Às pressas meus pais rumaram para a rodoviária de Porto Alegre a fim de tomarem um ônibus para Pelotas.

Horas depois ao chegarem a Santa Casa, em Pelotas, foram recebidos por tia Maria chorosa que os levou a falar com o médico.

Este por sua vez disse a meu pai que ele já poderia tratar os funerais, pois ela não mais respondia a nenhum estímulo. E para que meus pais ainda a vissem respirando o próprio médico os acompanhou até o quarto onde encontraram a velha vovó Bibira praticamente sem vida.

Ficaram alguns minutos olhando para a pobre velhinha charrua que quase nem respirava.
Nesse momento meus pais dialogaram com o médico muito educado e solícito sobre o estado de vovó.

E na penumbra daquele quarto meus pais ouviram do próprio médico que vovó estava irremediavelmente perdida, e que ela não mais ouvia ou respondia a qualquer estímulo. 

Em outras palavras, estava em óbito.

Papai disse para o médico que então iria providenciar os funerais.

Para surpresa de todos, quando vovó ouviu a voz de seu amado filho num salto sentou-se na cama e disse:

- Minoso, meu filho querido!

Todos surpresos olharam-se sem acreditar no inusitado, inclusive o próprio médico ficou perplexo.

- Meu filho - Continuou vovó - Eu estou louca de fome e eles não me dão sequer um prato de comida.

Estarrecido o médico quase sem saber o que dizer ou fazer disse:

- Dona Idelvira, não se preocupe que eu vou mandar servir um bom almoço.

Mas antes do médico sair do quarto, vovó pediu ao filho:

- Meu filho, enquanto ele vai me trazer a comida, me ajude a deitar, pois eu estou muito cansada.

Papai imediatamente, segurando o corpo esquálido de sua mãe, sob o olhar pasmo do médico, de Tia Maria e de mamãe, ajudou-a a recostar a cabeça no travesseiro.

Ela abriu um belo e iluminado sorriso para o filho que tanto amava, fechou os olhos e não mais os abriu.

Havia falecido.

Idelvira de Farias Teixeira - Vovó Bibira - faleceu em 20 de dezembro de 1985

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