Por total ignorância ou sandice,
cegas pelas crenças e mitos, muitas são as pessoas que acreditam que essa joia
rara e cara, chamada Santo Graal tenha sido usado por pobres homens. Miseráveis
homens que se reuniam em torno a uma mesa, coisa contestável, pois poucos
tinham acesso a mesas, quanto mais a uma joia tão valiosa, que no mínimo foi
feita na Europa por algum membro da igreja que queria ostentar riqueza.
Entretanto como a esmagadora
maioria não tem capacidade de pensar com razão e lucidez, seus olhos vão sendo
cada dia mais subvertidos por ostentações, e os ditos ensinamentos são
totalmente ignorados, como o dividir, a pobreza, o perdão.
Muitas vezes me surpreendo
pensando se as pessoas acreditam ou querem ser iludidas.
Geralmente fico com a
segunda opção, pois quanto mais rebuscada, mentirosa e fantasiosa for a
história, mais e mais adeptos ela reúne em seu redor.
Se alguém contar que o homem
pobre, que pregava a pobreza como virtude, o perdão e a divisão dos bens tenha
tomado seu vinho em uma cambona de barro, velha, carcomida, como eram os vasos
de beber da época, muitos farão cara e bocas em desaprovação, mas se for
mostrada essa joia caríssima todos, desprovidos de razão e inteligência, cegos
pelas crendices acreditarão.
Não passa pela cabeça desses
ingênuos que esses homens dormiam no chão, pois não tinham camas, andavam descalços
ou no máximo com toscas sandálias, pois não tinham nenhuma riqueza, vestiam-se
com trapos sujos e surrados, pois quase ninguém tinha dinheiro para comprar as
coisas simples, tomariam vinho em copas de ouro cravejadas de pedras preciosas?
O que falta é razão.
O que falta é conhecimento
verdadeiro, porém a maioria quer viver na ilusão. A maioria quer viver
histericamente embriagada por historietas sem nenhuma comprovação, mas que
enchem a cabecinhas das pessoas e essas ficam em estado de graça ou quase graça
acreditando em tudo que trambiqueiros e vigaristas venham a contar.
Infelizmente assim caminha
essa humanidade nem um pouco humana.
Uma humanidade que com todas
as provas científicas continua acreditando num hilário bonequinho de barro, num
santo sudário tecido na idade média e que teria sido usado 1500 anos antes de
sua fabricação para enrolar um suposto corpo de um dos milhares e milhares de
homens que eram crucificados e em tantas outras relíquias mentirosa que os
religiosos inventaram para iludir o povo.
Não é por menos que
toneladas de lascas da cruz de Cristo, cortadas de velhas embarcações
encalhadas e de tábuas poderes e carcomidas de porões e cercas foram e são
vendidas até hoje a incautos que precisam mais do que uma muleta religiosa é de
um bom terapeuta.
Lembro que em 1953, eu um
mandinho mambira, de 6 para 7 anos, morador do Fragata em Pelotas, fiquei
impressionado com um jovem de vinte e tantos anos, amigo nosso, que havia
viajado para São Paulo e lá comprara uma relíquia por exorbitante preço e dizia todo cheio de
poses que era uma lasca da cruz de Cristo, mostrando-nos um pedacinho de
madeira enrolado em pano branco como se aquele lixo fosse mesmo verdadeiro.
Eu, em minha tenra idade
havia, com diminuto conhecimento notado
que o coitado do mocorongo havia sido enrolado por algum vigarista.
Mas se existem vigaristas é
porque existem otários.
Depois desta me vou tapado
de pena.
Nenhum comentário:
Postar um comentário