Mula-sem-cabeça

Fico atônito ao ver que por mais que as ciências e a tecnologia evoluam, que a sociedade como um todo dê saltos enormes de qualidade, o povo continue na mesmice de sempre, infelizmente.

Já passei por 69 viradas de ano e se fizermos uma retrospectiva dos últimos 20 anos, vamos ver que no final de cada ano é a mesma ladainha e as pessoas iludidas, ficam pedindo as mesmas coisas, usando cores para tal e tal motivo, ficam pulando sete ondinhas na beira do mar e não se dão conta que tudo isto é um apelo comercial que transforma as pessoas em marionetes titereadas pela mídia.

O que mudou na virada de 2014 para 2015, quem alcançou os pedidos tão simploriamente desejados. O que mudou na virada de 2013 para 2014. Nada e assim se formos ano a ano vamos ver que a esmagadora maioria continuou na mesma.

- Ah! - Dirá a Dona Marócas - os meus pedidos foram atendidos!

Quais e quando?

A esmagadora maioria nem lembra do que pediu, ou se aconteceu não foi por causa dos pedidos e rezas, de ladainhas e lágrimas, aconteceu porque aconteceria mesmo sem todas essas pantomimas.

Mas afinal, o que mudou?

Nada.

Tudo continuou na mesmice.

É claro que para muitos as coisas mudaram, mas mudaram porque era hora de mudar. Estudaram, tiveram novas oportunidades, houve uma melhoria no padrão de vida, a classe média quase que dobrou de tamanho, 40 milhões de brasileiros foram tirados da miséria, devido a planos econômicos ocorridos nos últimos anos e não pelos simplórios pedidos da virada.

É como horóscopo. Serve para todos e não serve para ninguém.

Não foi por causa da cor das calcinhas nem das cuécas. Não foi por causa de pedidos feitos em mar de lágrimas, nem tampouco por causa de ilusórias crendices que a cada ano surgem, mudou porque era hora de mudar.

Mas o povo continua a acreditar em mula-sem-cabeça.

Sem razão e sem lógica continua a acreditar nessas bobagens que inundam as mentes menos privilegiadas e vão se repetindo e as vezes mudando a cada ano.

Dá pena de ver que passa ano e vem ano e continua o mar de iludidos nas mesmices de sempre.

Festejar?

Não há muito a festejar, há atentados onde dezenas de pessoas morrem em nome de um deus injusto e sádico, a natureza agoniza, muitos animais, na verdade a maioria, está em vias de extinção, o homem tornou-se menos sensível, pois o que vale e a força muscular, a força das armas, a força de mentira, da hipocrisia e da sordidez, do “cala a boca que eu sei mais do que tu” ou do “tu sabes com quem estás falando”, mas vamos fazer um esforço “megazórticotitânico” para aceitar que se festeje, afinal é a alegria que importa.

Desejar o bem dos outros e elogiável, desejar o bem próprio é aceitável, mas navegar nas insanidades, nas crendices, nas idiotices aí é lamentável. 

Porém como a hipocrisia é muito grande vamos festejar enquanto o mundo clama por justiça social, clama por um pedaço de pão, clama por esse deus que virou as costas para a humanidade, pois não está nem aí para o sofrimento dos seus ditos filhos.

Mas o que fazer?

Quem tem, tem, quem não tem que se dane.

  

Afinal não foi isto que um tal Jesus ensinou?

Porém é tudo pura e simplória ilusão.

Ah, eu ouvi!

Ouvi alguém dizer que eu sou amargo, pessimista e negativista.

Não meu caro, eu sou racional.

Penso com razão e já vi de tudo neste mundo.

É como dizia minha avó Bibira:

- Dispois qui inventaram a máquina de dibuiá miiô, nada mais me surpreende!