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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Gauchês. Como o Gaúcho Fala.




Tenho viajado bastante não só pela nossa República Rio Grandense, como também por outras repúblicas, como a do Uruguai, a da Argentina e também pela República do Brasil.


Há pouco mais de um mês andei lá pelo Mato Grosso do Sul e Goiás, porém não há lugar melhor do que a querência, afinal de contas nasci nestas plagas, me criei solto que nem potro por esses campos que tem um verde especial, onde o céu é bem mais azul, pra bacudo algum botar defeito.


Muito quera fica ensimesmado com o nosso modo de vida, e principalmente com o nosso jeito de prosear. Alguns menos atilados ficam meio oitavados nos bombeado e nada entendendo de nossas charlas.



Buenas, assim sendo resolvi brindá-los com este glossário que aos poucos irei acrescentando novas palavras típicas dos verdadeiros Gaúchos, pois é bom sempre lembrar que nem todo o Gaúcho é Rio Grandense assim como nem todo o Rio-grandense é Gaúcho. Aqui nesta República nós temos além dos Gaúchos, os Birivas, iguais no falar e no modo de se pilcharem, porém de vertente diferente, além dos alemães, italianos e afro descendentes, e de uma penca de outros povos que são Rio-grandenses por nascimento, porém não carregam em seu sangue esse amálgama ibero-pampeano.

Digo que nem todo o Gaúcho é Rio-grandense porque temos los Gauchos argentinos e uruguaios também.


Lembrando a todos, principalmente aos chiadores que a letra “E” é “E” e não é “I” como muitos falam. Portanto docE é docE e não é doci, leitE é leitE e não leiti, e assim por diantE. 


Vamos lá entoncEs:



                DICIONÁRIO GAUCHÊS

GLOSSÁRIO
                                (curto e grosso ou, para alguns; “lacônico”)


Abaralhar - Segurar coisas que estão caindo ou lhes foram jogadas.
Abagualado – Ficar ou agir como bagual.

Abichornado – Triste, desanimado, sem forças. Adoentado.

Aboletar - Sentar-se. Ficar em algum lugar ao gáudio.
Abrir a graxeira -  Contar tudo o que sabe. Botar os podres para fora.
Abrir o tarro - Chorar copiosamente.
Acolherar - Ajojar. Juntar.

A la pucha – Expressão de espanto, admiração ou asco.

Alcaide – Pessoa ruim, sem serventia, de péssima reputação.

Alemoa – O mesmo que alemã - Rio Grande do Sul.

Alemoada – Um lote de alemães. Muitos alemães reunidos.

Algariado – Alvorotado, agitado.

Alguidar – Bacia feita de barro cozido, muito usado antigamente como bacia para lavar louças ou as fuças, hoje ainda é usado nos despachos de Umbanda, porém pequenos e sem qualidade.

Alimal – O mesmo que animal.
Andaço - Epidemia. Doença que se espalha.

Andarengo – Andarilho, pobre errante que anda pelas carreteiras e campos.

Apartado – Separado.

Arrolhar – Acovardar
Aspa-torta - Homem encrenqueiro. Desordeiro. Turbulento. O mesmo qeu aspa-torcida ou aspa-virada. O Fulano acrordou hoje de aspa-virada. Ou seja de mau humor. Ventana. Quebra Puava.
Bacaraí  - Terneiro de ventre. Tapichi. Nonato
Bacudo – Homem de pouca cultura. Índio grosso. Matuto. Guasca.

Bagual – Cavalo selvagem, bravio.

Bagualada – Tropa de baguais – cavalos – Estupidez.

Baiquara – O mesmo que bacudo.

Baita – Grande, enorme.

Barbaridade – Coisa de bárbaro. Barbarismo. Exprime espanto ou admiração.
Bateclô – Vaso sanitário, (Fronteira Oeste). Pode ser também o banheiro.
Beduíno – Cigano.
Biboca (Bibóca) – Grota, buraco, vale profundo, barranqueira.
Bichará – Vestimenta rústica tecida de lã ovina, na forma de um retângulo com um furo no meio por onde passa a cabeça, protegendo as costas e o peito do quera, ficando seus flancos abertos. Diferento do poncho e do pala.
Biguano – O mesmo que bacudo.
Bispar – Examinar, olhar, bisbilhotar, espionar para tirar proveito. Provém da palavra bispo assim como vigarista provém de vigário.
Bochincho – Briga, discussão, alvoroço.
Bóia – Comida, alimentação.
Bolicheiro – Dono do Bolicho. Vendeiro.
Bolicho – Venda. Armazém. Quiosque. Comércio pequeno de secos e molhados.
Bombear – Olhar calmamente ou por longo tempo. Pensar. Ficar absorto. (o índio tomando seu mate passivamente e observando ao rededor).
Borracho – do castelhano (Pronuncia-se - borratcho) – Bêbado.
Caborteiro – Trapaceiro, esperto, velhaco, mentiroso, infiel.
Cañada – Lugar, bibóca, lugar longe, pouco povoado, vale entre coxilhas ou serras.
Canhada – O mesmo que cañada.
Canjica – Milho. Quando usado, principalmente no plural quer dizer dentes.
Capincho – Macho da capivara – Castelhano Carpincho. (Carpintcho).
Carneadeira – Faca – Faca curta que serve para courear ou carnear. Cutillo.
Caronero – (Castelhano) – Sabre ou adaga comprida que é levada junto ao arreio do cavalo, sobre a carona.
Carpeta – Qualquer jogo de cartas.
Carreteira (Castelhano - carretera) – Estrada, caminho de carretas.
Carteado - O mesmo que carpeta.
Carteando – Jogando cartas.
Caudilhete – Caudilho de pouca importância. Pequeno caudilho.
Cerquito – Perto (pertinho)
Certa feita – Ocasião. Determinado tempo ou data.
Charlar – Conversar. Falar.
Che – Meu.(Sua origem é do charrua, e significa meu, e não como alguns espertos dizem que provém da palavra celeste, puro e ridículo achismo, pois se assim fosse a palavra estaria espraiado por toda a América Latina, porém ela só ocorre nas terras dos charruas, Uruguai, Argentina e Rio Grande do Sul).
Cimbronaço – Pancada forte dada com o facão ou com a mão. Pranchaço ou Planchaço forte e vigoroso. Do Castelhano "Cimbrón", tirão dado com o laço com grande força.
Chucaro – (do castelhano cuja pronúncia é tchúcaro) – Xucro.
Cola erguida – No atropelo e folheirito. Faceiro, dono da situação, sem demora.
Cola fina – Citadino. Homem não afeito as lides campeiras e aos costumes.
Cousa – Coisa.
Courear – Tirar o couro do animal ou alimal ou do vivente numa briga.
De soco – Coisa inesperada. O que acontece sem previsão, rapidamente. Chegar de repente. Num repente. Num de repente. Num vu.
Desquarteado – Descadeirado.
Entreveiro (Entrevero) – Misturado, confusão. Choque de cavalarias, embate, luta.
Escarranchado – Montado, enforquilhado, mal montado.
Esgualepado – Terminado, roto, arruinado. (popularizado na Grande Porto Alegre, por Olívio Dutra, Governador do Estado)
Estância – Fazenda. Provém da palavra estar. Na colônia quando um militar era transferido para um posto de fronteira, onde ele “estaria” por muito tempo dizia-se que ele iria para uma estância, em algum lugar.
Estrupício – Alvoroço, briga, barulho coisa desagradável. Usa-se o também como sinônimo de pessoa atabalhoada, desajeitada, que por onde passa vai derrubando ou batendo em tudo, como uma besta coiceando.
Facão-sem-cabo – Metido a valente, a bacana. Coisa que não é. Bobalhão.
Faceiro – Alegre, risonho, feliz.
Flete – Cavalo.
Folheirito – Fácil. Rápido. Sem delongas.
Fresco - Gay, efeminado, pederasta.
Fuças – Rosto, cara.
Função – Trabalho. Lida.
Galgo – O mesmo que varado de fome.
Gaudério – Vagabundo . Aquele que vive ao gáudio. Parasita. (Fronteira). Demais regiões a palavra vem sofrendo uma enorme modificação e passa a denominar erradamente o Gaúcho, o que não é.
Gentaréu – Povo, muitas pessoas, muita gente.
Gringaiada – Um lote de italianos. Muitos italianos reunidos.
Gringo – Qualquer estrangeiro, menos o espanhol ou o português.  Popularmente em nosso estado são chamados os italianos. Corruptela da palavra castelhana, griego.  (Grego). Não tem nada a ver com a expressão inglesa "green go".
Guaiaca – Cinto de couro com diversos compartimentos onde são guardadas moedas, fumo, palha e outras coisas.
Guaipéca – Cachorro pequeno e sem raça.
Guaipecada – Cachorrada. Um lote de cachorros.
Guasca – Homem rústico, valente, forte, guapo. Os guascas lá de fora. Já uma guasca pode ser uma lonca de couro cru.
Guasquear - Surrar, espancar, fustigar, chicotear, açoitar com guasca, rebenque, relho ou qualquer outro açoite.
Haragano – Cavalo domado que por ter passado muito tempo sem ser usado nas lidas do dia-a-dia tornou-se espantadiço.            
Légua de beiço – Expressão usada na Campanha e Fronteira Oeste para mensurar pequenas distâncias, pois quando se pergunta a um vivente onde fica tal lugar, o mesmo sem dizer uma só palavra limita-se a apontar esticando o lábio inferior indicando a direção, fazendo leve movimento com a cabeça para cima. Já a légua de queixo é mais longe que a légua de beiço.
Légua de queixo - Indica uma distancia maior que a légua de beiço, pois o vivente indica o caminho apontando não com o lábio inferior, mas sim com a ponta do queixo.
Lonca – Tira larga de couro.
Lonquear – Surrar. Dar uma coça de laço. Surrar com a lonca.
JaguaraCachorro. Provém de Jaguara, como os índios chamam os cachorros.
Macanudo – Corruptela de bacanudo, bacana, bonito, bem trajado, legal, bom, superior. Muito usado na Argentina, não só entre os gaúchos.
Maleva (Malevo ou malebra) – Desalmado, perverso, desapiedado, bandido, cruel e por aí se vai.
Mamangava – Abelha do gênero bombus, também chamada de mamangaba. Vive apartada. Também chamada de vespa-de-rodeio. Abelha grande e negra.
Mambira – O mesmo que Bacudo. (Muito usado na campanha nos anos 50 e anteriores, principalmente em Pelotas, Canguçu, Arroio Grande, Capão do Leão, Cerrito)
Manantial – O mesmo que manancial.
Mandinho – Guri, gurizinho, piazinho.
Matear – Tomar mate. Tomar chimarrão.
Maula – Covarde.
Milico ou Milito – Soldado, Militar.
Mixe – Ruim. Péssimo. Pessoa de vida sem perspectiva, pobreza.
Monarca – Diz-se do cavaleiro bem montado, que monta com elegância. Estiloso.
Munício de boca – Alimento, bóia, comida.
Ñapa – (ñ=nh) Prêmio. Era comum ainda nos anos 50, o bolicheiro dar umas balas de ñapa, para o comprador de algum produto.
Nhapa – O mesmo que ñapa
Num vu – O mesmo que de soco.
Oigalê – Expressão de alegria, admiração ou espanto.
Oitavado – Meio de lado. Posição de um indivíduo que não está bem de frente ou nem de costas para um determinado lugar ou pessoa.
Orelha em pé – Atento.
Orelhando - O mesmo que carteando.
Orelhano - Sem máculas. Animal sem marcas ou sinal.
Pagar depósito – Recuar por medo, acovardar-se.
Pala – Vestimenta leve que segue o mesmo estilo do poncho, mas é feito principalmente de seda e serve para proteger as pilchas do Gaúcho da poeira das carreteiras no verão.
Pascoal - Sono. Sonolência. Diz-se, ficar a Seu Pascoal. Dormir após o almoço.
Patrão Velho – Ser mitológico, deus. Fábula, lenda.
Peleador – Lutador, batalhador, valente.
Peleia – Luta. Briga. Contenda.
Pelota – Bola. (Canoa de couro)
Perau – Declive íngreme. Barranco. Buraqueira.
Pergaminho – Diploma, documento oficial.
Pezito – (do castelhano cuja pronúncia é pêcito). Significa pezinho. Usa-se dizer que fulano ou cicrano foi a pezito, ou seja, foi a pé.
Piá – (do charrua) Coração. O uso e o costume deram outro sentido, o de guri, menino, mandinho.
Piazedo – Um lote de mandinhos ou piás.
Pilchas – Vestes Gaúchas, tanto do homem como da mulher.
Pilchado – Vestido com pilchas, bem arrumado.
Pinguancha – Menina moça
Pinguanchita – Menininha.
Piola – Pode ser um tento ou cordão.
Plaga – O mesmo que querência.
Poncho – Espécie de vestimenta pesada para proteger do frio que envolve quase todo o corpo do indivíduo, possuindo uma gola por onde passa a cabeça. Muitas vezes é erradamente chamado de pala.
Ponto fixe (fiche) - ir em direção de. Ao encontro direto.
Povaréu – Gente, povo, multidão.
Prosear – Conversar.
Puchero (Putchero) - Nacos de carne cosidos a la louco (fervido). Carne com batatas e outras misturas fervidas numa mesma panela. (bota bom nisto). Mesmo sem temperos, somente o sal e a fome. 
Quera – (cuéra) Homem. Determinado homem destemido, forte, valente.
Querência – Lugar onde se nasceu, pátria, torrão. De onde se guarda boas recordações e para tal queremos voltar.
Rastaquera – (rastacuéra) Oposto de Quera. Homem sem valor. (Não mandei tirar o trema do qüera, mas os espertos só complicaram com esse tal de acordo ortográfico, que mais complica do que ajuda. Coisa de quem não tem nada para fazer e fica inventando moda para atazanar os viventes).
Rastra – Cinto de couro macio. Usava-se muito de couro de lontra ou capincho (carpincho), cujo fechamento é nas costas com fivela ou simplesmente atado com uma piola, e na parte frontal é enfeitado com correntes e brasão, que além de segurar as bombachas serve também como suporte da adaga.
Reculuta - Recruta. Militar novo e sem graduação. Soldado recém incorporado.
Rededor - Redor usa-se "ao rededor"
Relancina – Repente, rapidez – Usa-se “de relancina”.
Retaco – Homem baixote e forte. Diz-se também de muares e cavalares dessas proporções.
Sapucai (Sapucái) – Grito de guerra (não é Sapucaí nem Sapucaia).
Soflagrante – Usa-se dizer “no soflagrante”. Momento. Flagrante. Coisa que acontece de relancina.
Soslaio – Meio de lado. Enviesado.
Taita – Destemido, protetor.
Tarumã: Árvore copada, de frutos comestíveis.
Taura – Homem bravo, valente, destemido e de valor.
Tchê – O mesmo que Che.
Tento – Tira fina de couro.
Tramposo – Velhaco. Trapaceiro.
Tri-legal – Expressão muito usada principalmente na Grande Porto Alegre – Coisa boa, bonita, macanuda. Surgiu em 1970 em decorrência do Tri-campeonato mundial do México, onde o Brasil ficou para sempre com a taça Jules Rimet. Ficou uma pinóia, pois uns larápios a roubaram, derreteram e venderam o ouro. O que temos hoje é uma cópia. Mas cópia é cópia, perdeu-se o valor histórico de ter percorrido vários países desde 1930. Mais uma das muitas vergonhas nacionais. Tri-legal é mais do Portoalegrês do que do Gauchês.
Truviscar o relho – Surrar com o relho (rebenque).
Tupanci – Nossa Senhora.
Vaqueano – Homem muito hábil.
Vaqueanaço – Superlativo de vaqueano.
Varado – Atravessado. Passado. “O rio foi varado pela tropa”. O goleiro foi varado com um chute do meio do campo, donde vem a expressão vareio = goleada.
Varado de fome - Pessoa ou animal delgado de fome ou de sede. Galgo. Galgo de fome.
Vivente – Ser, ente. Homem ou mulher.
Vizindário – Circunvizinho, arredores, proximidade.
Xerenga - Faca de má qualidade. 
Xiru – Índio. (Che iru, meu amigo, meu companheiro)
Xiruzada – Um lote de xirus
Xiruzinho – Indiozinho.
Xiruzito – Indiozinho.
Xucro – Animal não domado, chimarrão, bravio. Diz-se do homem sem trato social. De modo bruto, não afeito ao convívio social.
Zanzando - Andando ao gáudio. Andando de um lado para outro sem compromisso.
Zurrapa – Ruim, de má qualidade.

 

6 comentários:

  1. Vi a lista de cima a baixo. Encontrei palavras conhecidas que estando lexicalizadas, têm caído em desuso em Portugal, como "aboletar", "alguidar", "cousa" (dizemos coisa) e "estrupício", mas a maioria não conheço, como é bom de ver.

    Por cá, e apesar de Portugal ser um país pequeno (tenho um amigo que diz que em 200 países há 125 mais pequenos do que Portugal, logo não somos pequenos) há bastantes diferenças na maneira de falar de cada região. A dicção no Algarve é diferente da do Alentejo que fica logo ali ao lado, como a do Porto se distingue da do Douro, no interior do país. Até nos Açores há diferenças de ilha para ilha.

    Aqui, no norte de Portugal, falamos mais de acordo com o português antigo. Não admira, a língua portuguesa nasceu aqui, na velha Galécia, um território que corresponde hoje ao norte de Portugal e à região da Galiza, administrada pelo estado espanhol. A língua que Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, falava era o Galego. E foi também daqui que «houve nome Portugal».

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  2. Olá Dom Carlos.
    Privilégio tê-lo aqui.
    Estou preparando um dicionário de "Gauchês", que logo estará no mercado.
    Gosto muito de preservar nosso jeito de falar e procuro sempre em minhas viagens pela Região verdadeiramente Gaúcha, aprender novos termos. Essa Região a que me refiro é conhecida aqui no Rio Grande do Sul como a Região da Campanha, Fronteira Oeste e Missões. Grosso modo seria como passar uma linha reta do extremo sul do Rio Grande do Sul, da cidade de Chuí ou Xuí até Iraí ao norte do Estado, teremos a Oeste a verdadeira Região Gaúcha, que se espraia por todo o Uruguai, Pampa Argentino e Patagônia. Nesta Região irás encontra um povo diferente, um amálgama formado pelos índios pampeanos, espanhóis e portugueses (portugueses no Rio Grande do Sul e no Uruguai).Portugueses vindos dos Açores. O povo Gaúcho, ou como dizem os Argentinos e Uruguaios Gaucho (Gáutcho) é um povo realmente diferente tanto no falar, no vestir e em suas tradições. Meus avós, tando pela lado de meu pai, como pelo lado de minha mãe são gaúchos, como dizemos aqui, sou Gaúcho por quatro costados.
    Quedo-me com o coração estreleiro, mais faceiro que guria algariada de pilchas novas ao dizer que sou sim quera (cuéra) de vertente pampaeana, igualzito a meu pai.
    Oigalê coisa macanuda é ser desta terra.
    Um grande e fraternal abraço a ti e a esse Portugal maravilhoso.

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  3. Buenas, sou nascido em Quaraí na fronteira oeste e este linguajar me é muito familiar. Nosso gauchês é repleto de espanholismos e português antigo também, pouco falado no resto do Brasil. Além é claro de palavras que são genuinamente gaúchas. Mas o que me causou estranheza anos atrás, foi terem lançado em Uruguaiana o dicionário de uruguaianês. Como se esse linguajar tivesse sido inventado lá e não fosse um linguajar comum à toda a metade Sul do estado. E pior dizendo que a palavra bacudo deriva do inglês back wood ou back roots,bacudo é um termo originalmente gaúcho, assim como o tabacudo é usado no norte do país. Gracias pelo belo glossário gauchesco. Abraço

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    1. Oigalê! Quaraí!
      Bela cidade da mais linda fronteira do mundo. Mas bah!
      Fiquei mais faceiro do que piá torena em dia de surungo quando li teu comentário. Mas bah! É bem assim.
      Tche, quando em vez dou uma esticada até Uruguaiana, já que minha prenda nasceu nesta cidade e certa feita estava conversando com um meio gringo de Uruguaiana, meio gringo pois tem as melenas aloiradas, cor de mel de lechiguana, que me disse que somente em Uruguaiana se fala desta forma. Fiquei bombeando o mocorongo que não sabe que este dialeto é de toda a Fronteira, seja pela Campanha, Fronteiro Oeste ou Missões, pois é aí, junto as três Fronteiras que se fala o verdadeiro o Gauchês. Lembrando que o Brasil ´chegou a dominar todo o Uruguai, criando a Província Cisplatina. Uruguaiana, Quaraí e demais cidades da Fronteira com o Uruguai ficaram com o Brasil definitivamente pelo tratado do Rio de Janeiro que concedeu a Independência do Uruguai, e os brasileiros avançaram ao sul do Ibicuí. Mas não podemos esquecer, o que os brasileiros não sabem, é que o Gaúcho ou em espanhol El Gaucho (Gautcho) que os verdadeiros Gaúchos surgiram nas fazendas espanholas a lo largo do Mar del Plata e a partir dai começaram a se espraiar pelas terras ainda da Espanha como a Banda dos Charruas (Uruguai) e pelas terras do Rio Grande. A la pucha, quando eu fala isto para o pessoal da chamada Serra Gaúcha, que de Gaúcha não tem nada, eles ficam mais desconfiados que gato em rancho novo. Mas é pura verdade. Não há verdadeiros Gaúchos nas terras altas do Rio Grande, o que há são os Birivas, alemães e italianos. El gaúcho, esse amalgama de Ibéricos (notadamente o espanhol) Charruas e outros índios são de la Pampa. Em falar em italiano, outra monumental que ouvi em Uruguaiana foi dita por um quera sem pedigree, que veio com uma historinha boba de que a palavra gringo era como os mexicanos falavam para os americanos “Green Go”, bobagem, pura ignorância, já que a palavra gringo aparece em um antiquíssimo dicionário português (Sec. XVII) que fala sobre uma corruptela da palavra Grego. Ou seja, fala uma língua que eu não entendo é grego (gringo). O interessante que na América ibérica ou Hispânica, o termo gringo é usado para qualquer Europeu, menos para portugueses e espanhóis.
      Pouquíssimas são as palavras usadas pelos verdadeiros Gaúchos que compartilhamos com alguns nordestinos, principalmente os hermanitos pernambucanos.
      Pena que não sei o teu nome, mas isto é para outra ocasião, mas te digo, gostei do teu jeito despachado de prosear e não como fazem alguns baiquaras que ficam com medo de se expressar.
      Há muito cola fina que não sabe nadica de nada e se metem de pinto a galo e eu só fico oitavado na soleira, cevando uma de barbaquá cheia de jujo e de relancina abro o cavalo e me vou campo a fora tapado de quero-quero, pois não dou tento a quem não conhece nossas tradições e nosso linguajar macanudo. Buenas! Estou com um dicionário de Gauchês quase pronto e de relancina pode aparecer nas bancas.
      Um grande abraço para ti e para essa Quaraí que não me sai do coração.



















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  4. Peço desculpas, não me identifiquei no comentário. Meu nome é Selmar Ferreira de Medeiros, bancário aposentado do Banrisul e fotógrafo amador. Nascido em Quaraí, há 44 anos resido em Porto Alegre. Essa semana em decorrência do aniversário de Uruguaiana voltou a história do Dicionário de Uruguaianês. Onde o autor cita as expressões gauchescas comuns à metade sul do estado e fronteiras como se fossem criadas e originadas em Uruguaiana. Abraço

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    1. Caríssimo Selomar.
      Não há problema algum em não ter se identificado, recebo muitos comentários anônimos e a todos respondo. A maior identificação é a educação. Nisto tenho um exemplo de um cidadão que mora no Bairro Humaitá em Porto Alegre que tem o mesmo nome, Selomar, que por engano na chamada ligou para o meu telefone e foi tão educado que de um telefonema por engano deu-nos a oportunidade de formar um relacionamento fraterno e nos ligamos seguidamente e sem o conhecê-lo pessoalmente batemos longos papos pelo telefone.
      No caso deste dicionário de Uruguianês, não o conheço, mas ouvi falar o que é uma pena, pois soube dessas palavras como o Bacudo, que não tem suas origens no inglês, assim como a palavra GRINGO, que dizem ser uma corruptela de GREEN GO, porém já no Século XVII ou XVIII havia um dicionário em Portugal que trazia a palavra gringo como variação da palavra GRIEGO. Ou seja, o Europeu que não falasse português ou espanhol estaria falando GREGO.
      Minha mulher é de Uruguaiana, cidade que eu tenho muito apreço, e isto já me foi dito, ou seja, para eles o dialeto gaúcho foi criado em Uruguaiana, esquecendo que até 1828 parte da Campanha e Fronteira Oeste pertenciam a O Província Cisplatina, hoje República Oriental del Uruguay, que pelo acordo do Rio de Janeiro daquele ano, com esse acordo o Uruguai tornou-se independente, na verdade um Estado Tampão entre o Sul do Brasil e a Província de Buenos Aires, já Argentina, mas afastava o Brasil da Capital Buenos Aires, porém para firmarem o acordo, o Império do Brasil avançou abaixo do Rio Ibicuí, dando o atual contorno, que sabes bem vai da Barra do Quaraí ao Xuí, ou Chuy.
      Caro Selomar, sempre é um grande prazer receber e responder a meus leitores.
      Um grande abraço e muita saúde nestes tempos de pandemia. Volte sempre, pois é um imenso prazer.

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