Um Pedacinho de Giz.
Quando há mais de cinquenta
anos, jovenzinho estudante, ao assistir as excelentes aulas de Geografia,
ministradas pelo sábio professor João Carpena, no antigo Colégio Estadual Dom
João Braga, na cidade de Pelotas e o mesmo falava sobre o Universo infindável
ficava eu pensando e sonhando com viagens espaciais, o que na época a
humanidade ainda engatinhava e pouco se sabia do que hoje sabe.
Até então muitos achavam ser
a estrela Alpha Lyrae, conhecida como Vega a maior estrela do Universo. É na
verdade a mais brilhante estrela do céu noturno, e está apenas a 25 anos-luz do
Sistema Solar o que a torna uma das estrelas mais próximas de nós. Logo ali.
Porém Vega além de ser uma
menina se comparada ao Sol, pois tem apenas 1/10 da idade deste, tem 2,5 vezes
a sua massa, 3 vezes o seu diâmetro e cinquenta vezes mais brilho.
Com os avanços das ciências astronômicas
foi se sabendo que existem estrelas tão gigantescas que a nossa estrela chamado
Sol não passa de uma coisinha meiga jogada em um cantinho sem importância de
nossa Galáxia.
Foi preciso que anos antes
Yuri Gagarin, um oficial soviético fosse para o espaço para que a humanidade
soubesse que a Terra era um planeta azul, se visto do espaço, pois até então
achavam que era verde, devido as suas florestas, campos e mares.
Nessa mesma época soube
também que o Universo era finito e estava em processo de expansão.
Ora, pensei, se o Universo é
finito, e tenha sido originado de uma explosão em um determinado lugar, então
será que não teria havido pelo menos outra grande explosão em algum outro
lugar?
Com o tempo fui conjeturando
sobre outro lugar que tenha havido igual acontecimento, portanto não haveria
apenas um Universo.
Quando comecei a dar aulas
buscava levar a meus alunos aulas interessantes sobre o Cosmos. Estrelas
gigantescas como Canis Majoris e outras que mostram que nossa estrela, o Sol, é
uma titica de mosca jogada num cantinho sem importância de nossa Galáxia
localizada no finzinho de nosso Universo.
E a eles falava sobre a
impossibilidade extrema de existir um único espaço conhecido como Universo e
dava-lhes o exemplo com um pedaço de giz, dizendo se isto aqui fosse o nosso
Universo, imaginemos se não haverá um outro pedaço de giz em algum outro lugar
e a eles ia dando exemplos de distâncias. Ou na sala ao lado, ou lá na Secretaria,
ou em outra cidade, ou em outro país, ou em outro planeta, e assim por diante
para que os mesmo pudessem entender que havia a possibilidade de existir outros
mundos, mesmo que fora do nosso alcance e de nossa visão.
Alguns colegas professores
ficavam intrigados com o que eu queria exemplificar, pois para muitos era uma
coisa ilógica e utópica.
Hoje, após muitos anos com o
desenvolvimento da física quântica, grande e renomados cientistas teorizam
sobre tal e o mundo passa a entender que realmente podem existir outros
Universos, ou seja, Multiversos ou Poliversos.
Porém são renomados sábios
cientistas que assim teorizam e não um reles estudante secundarista ou um simples
professor de Geografia. Um simples homem que vive a pensar sobre tudo o que
pode ou não existir, sobre tudo que pode ou não ser verdade.
E as verdades absolutas que
existiam na idade média, hoje não são verdades, assim como as nossas verdades
estão sempre a mudar e novas verdades vão surgindo.
Sabemos hoje da
impossibilidade matemática de estarmos sós neste Universo que achávamos ser
único e que hoje vemos que é de todo improvável ser o único.
Mesmo assim fico feliz, pois
vejo hoje que eu não estava completamente errado, e aquilo que eu pensava hoje
são teorias impossíveis de serem negadas.
E meus alunos, se lembrarem
de minhas aulas dirão a seus filhos:
- Bah! O professor Pedro já
havia falado nisto, há muitos anos e nos deixava confusos em entender o que ele
queria explicar mostrando com um pedacinho de giz.
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