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domingo, 27 de dezembro de 2015

O Céu em Festa


A tranquilidade, a paz e o silêncio, raras vezes cortados por alguns acordes de liras ou harpas foram subitamente interrompidos por um chamado urgente que ressoou por todos os cantos do infinito espaço celestial.


Cumprindo as ordens expressas do Senhor, o Príncipe Metraton, imediatamente reuniu-se com seus Serafins subordinados Vehuiha, Jeliel, Sitael, Elemiah, Mahasiah, Lalahel, Achaiah e Cahethel, e a eles incumbiu que saíssem imediatamente à procura de todos os oito Querubins e a eles dessem a ordem de que todos deveriam reunir-se para os preparativos de uma grande e inesquecível Festa Celestial.

Imediatamente reunidos Serafins e Querubins organizariam uma verdadeira e inesquecível festa, onde nada faltaria. Dos bons vinhos feitos de finas uvas, néctar, manjares, pães especiais e carne de faisão, lagostas cobertas de mel, trufas brancas, açafrão, foie gras e caviar. 

Revoadas de Anjos traziam dos mais distantes pontos do Universo, frutas cristalizadas com os melhores açúcares de maçãs. 

Tâmaras, quindins, fatias de Braga, camafeus, pastéis de Santa Clara e de Belém, trouxinhas de amêndoas e olhos-de-sogra, vatapá e pão com banha.


O querubim Haziel, a criança gordinha e bochechuda, com seu jeito de moleque travesso perguntou:

- Puríssimo Metraton, para quem estamos preparando esta festa.

Metraton do alto de sua pureza, envolto em seu círculo de fogo, ergueu suas seis asas e alegre respondeu:

- Estamos para receber uma alma honesta, pura e santificada.


Todos os Serafins e Querubins se entreolharam e continuaram imediatamente organizando tal festa sem mais nada contestar.


Essa alma seria recebida às portas do Céu pelos Tronos, Anjos jovens e bonitos, que com suas harpas, citaras e trombetas anunciariam a chegada.

Para tal convocaram para o dia seguinte à presença de Tsaphkiel, o Príncipe dos Tronos, para que organizasse os seus para essa recepção.

Também no mesmo dia chamaram Tsadkiel, Príncipe dos Dominações, para que esses, com seus cetros e espadas, representantes maiores do poder divino sobre toda a criação fizessem com que todos cumprissem rigorosamente as ordens emanadas do Grande Comitê Central presidido pela grande camarada Jeová.

A organização da grande festa corria acelerada quando o Serafim Cahethel se lembrou de anunciar a boa nova ao Príncipe Kamael para que com seus Potências, com suas espadas flamejantes fizessem a segurança da festa contra o poder maligno e destrutivo de Satã, que poderia tentar explodir algum demônio-bomba e arruinasse tal e esperado encontro festivo.

Kamael, prestativo e solidário colocaria todos os Potências em prontidão para que tudo transcorresse normalmente e sem incidentes e para tal foi pessoalmente conversar com Raphael para que esse estivesse presente com seus Virtudes, que levariam o atendimento a qualquer participante da festa, se necessário fosse.

Enquanto isto os Arcanjos, sob o comando do Príncipe Mikael, os Anjos sob as ordens do Príncipe Gabriel e os Gênios, divindades carmáticas ficariam na vigilância permanente da humanidade para que, enquanto a Festa Celestial ocorresse nada de ruim viesse a macular aquele encontro paradisíaco.

Passados os dias necessários, a Festa Celestial estava organizada e pronta para a grande recepção.

Os Santos reuniram-se com Camarada Jeová no Salão Oval para alinhavar os últimos detalhes, quando de uma bandeja de prata sobre uma mesa de raríssimo carvalho vindo da Galáxia de Andrômeda, a Cabeça de Companheiro João perguntou:



Antes dele falar, um jovem de barbas negras, sorrindo, com as mãos e pés feridos com profundas chagas, disse:

- Meu amado primo, isto é por enquanto um segredo que tenho com meu pai e minha mãe.

A Virgem aproximou-se da mesa onde estava a bandeja e passando suas níveas mãos nos cabelos de João, sorriu e disse:

- Não te preocupe, meu sobrinho, no momento certo saberás.

No grande dia, nos portões dos céus ainda havia muitos preparativos, alguns santos e almas escolhidas colocavam flores, tapetes vermelhos, balõezinhos coloridos e pombas brancas fariam revoadas sem fim.


Os Tronos já estavam a postos com suas trombetas que anunciariam a grande chegada, quando as harpas e cítaras começariam a tocar em exuberante festejo, onde a alegria era a tônica desta Festa Celestial.

Era um momento tão importante que o próprio deus receberia ao Portão tal e encantada alma.

São Pedro, como sempre, achou-se preterido de tal função, quando dele acercou-se São Sebastião, polindo as flechas cravadas em seu corpo dizendo:

- Pedro, não fiques tenso, esta recepção é única na história e temos que dar do melhor para aconchegar essa alma.

- Mas Sebastião – Perguntou Pedro tu sabes quem é o homenageado com esta exuberante Festa Celestial?


- Não, Pedro – Respondeu  São Sebastião, enquanto espetava uma flecha que havia caído de seu corpo – não sei, mas suponho que pelo tamanho desta Festa , coisa que nunca houve no céu deve ser outro santo que chegará.


Nesse momento Leuviah, um dos Tronos avisou aos demais que a esperada e santa alma estava à chegar. E todos os Tronos começaram a tocar suas trombetas, suas harpas e cítaras em homenagem a tão esperada alma santa.


Deus foi até o portão de ouro do Céu e de braços abertos acolheu aquela alma e disse:

- Bem-vindo sejas, Senador da República do Brasil!

Todos atônitos se entreolharam quando um Bispo disse bravo.

- Ora bolas, eu fui Bispo por muitos anos e quando cheguei ao céu não tive uma recepção calorosa.

Saulo então falou:

- Bispo! Mantenha a disciplina.

- Ora! Ora! Vais querer impor tua disciplina militar aqui no céu? – Perguntou o bispo.

Nesse momento Santo Inácio interveio:

- Cala-te, Bispo! Não tens muita moral para reclamar, afinal eu tive que usar de toda a minha influência para que tu fosses aceito no Céu, e ainda tive que fazer uns depósitos em contas nas Ilhas Jersey e na Suíça, em nome de Lúcifer, para que ele te liberasse do inferno.

- O que é isso Santo Inácio? – Disse o Bispo – A minha vida é um livro aberto.



- Sim, sabemos – Disse Santo Inácio – Mas ainda não abrimos um processo na Comissão de Ética para investigar tuas relações com um membro da Guarda do Vaticano.

- Ai, São Naná deixe de ser tolinho – Respondeu o Bispo.

Santo Inácio não gostou da maneira que o Bispo falara, mas deu-lhe as costas e juntou-se a Saulo.

Nesse momento Deus, todo poderoso, falou a todos:


- Que a festa inicie, e se prolongue por sete dias e sete noites, pois estamos recebendo um Senador da República do Brasil.

São Thomé, em sua eterna dúvida perguntou:

- Senhor! 
- Um politico? 
- E logo do Brasil, com tantas pessoas boas, serenas, puras, honestas, dignas, éticas, probas, ilibadas que aqui estão e nunca receberam tal honraria, porque esse Senador?

O inefável Camarada Jeová, Secretário Geral do Politburo Celestial em sua grandiosidade respondeu:

- Sim, meu filho Thomé. Ele está recebendo esta Festa Memorável, pois foi o único que conseguiu passar por aquele antro sem perder as boas qualidades e por isto merece o nosso reconhecimento.






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