Prefeitura Municipal e Biblioteca Pública
Pelotas
é um município do Rio Grande do Sul que possui uma das mais lindas arquiteturas
do Brasil. Está localizada as margens do canal de São Gonçalo, erradamente
chamado de rio. Assim como é errado chamar o Guaíba de rio, pois em estudos
exaustivos descobriu-se que o tal rio Guaíba é na verdade um lago, cheio de
ilhas.
A
Cidade conta com cinco instituições de ensino superior, quatro grandes escolas
técnicas, uma Biblioteca Pública que fica ao lado da Prefeitura formando um par
arquitetônico maravilhoso, quatro grandes escolas técnicas, mais de vinte
museus, dois jornais diários, três emissoras de televisão e foi a primeira
cidade do Rio Grande do Sul a ter uma emissora de Rádio, a PRC 3, Rádio
Pelotense, fundada em 6 de junho de 1925, sendo a terceira rádio do Brasil e é
hoje a mais antiga rádio em funcionamento em todo o território nacional.
Grande Hotel
Catedral São Francisco de Paula
Teatro Guarani
Teatro Sete de Abril
Colégio Felix da Cunha
Em meu livro “Os Gaúchos”, escrevo o seguinte:
Apesar
de Pelotas estar dentro da Campanha, ali foi um baluarte português, tanto que
hoje é conhecida mundo a fora por sua festa de doces, FENADOCE, de receitas
portuguesas e outras, a maioria, melhoradas, que superam em muito a genialidade
dos doces de Portugal, como o Pastel de Santa Clara, Bem-casado, Camafeu,
Quindim, Quindim coberto de chocolate, Olho-de-sogra, Nariz-entupido,
Papo-de-anjo, Bomba, Bom-bocado, Fios-de-ovos, Fatias de Braga, Ninhos, Ovos
Moles, Trouxa de Amêndoas, Monserrat (pronuncia-se Monserrá) e Rei Alberto,
feitos por descendentes de lusos que ali formam um grande grupo oriundo da boa
terrinha ou de suas ilhas, fazendo com que Pelotas se tornasse uma referência
em doces não só no Brasil.
E
tem muitos mambiras na Grande Porto Alegre que acham que os doces de Pelotas
são de origem alemã, desconhecendo que tais doces são tão antigos quanto a
cidade, pois foram para lá com os portugueses.
É
uma cidade de presença marcante da cultura e do povo português, não só na sua
culinária como e principalmente em sua belíssima arquitetura, a mais linda do
Brasil, para não dizer do mundo.
Tem
essa cidade uma grande concentração de alemães, franceses, poloneses e um
contingente expressivo de negros, percentualmente o maior do interior do
estado, mas que não chega a casa de 5%, e mestiços de todos os matizes.
Para
essa cidade acorriam pessoas de todas as plagas quer fossem da própria
campanha, das missões, de outros estados ou do estrangeiro em busca de serviço,
nos áureos tempos da pujança econômica daquele rincãozinho a palmos acima que o
nível do mar. Por isto ser uma cidade tão úmida.
Dizem até ser mais úmida que uma
tal de Atlântida, que fica há algumas léguas de beiço oceano a dentro, no fundo
do mar.
Pelotas,
do século XIX e metade do século XX, foi a cidade mais cosmopolita do Rio
Grande do Sul, ostentando grandes e pioneiras industrias, de alimentação,
tecidos, cerâmicas, cervejas (Haertel, Porco e Peru), gasosas, sabões e velas,
e tem como a grande Porto Alegre, gente de todos os cantos não só do Estado, há
também em Pelotas paisanos de todos os pelos.
Assim
como Porto Alegre, havia também em Pelotas, situada lá no porto, uma Usina de
Gás ou Gasômetro. E poucos sabem que tais usinas produziam gás, que era
armazenado em grandes tanques de aço que por serem construídos com um sistema
de foles iam ficando mais altos conforme a produção de gás, ou mais baixos
quando o estoque diminuía. Esse gás era usado para a iluminação pública e para
queima em fogões.
Lembro-me
ainda, no fim dos anos 50, em Pelotas quando pequeno, dirigindo-me a “pezito”
ao Colégio Felix da Cunha, que fica na Rua Benjamim Constant, esquina com a
Almirante Barroso, onde estudava, passava na mesma Rua, a Álvaro Chaves onde
morava, pela Fabrica de Gasosas Telma, que produzia a todo vapor, e que
infelizmente foi mais uma das indústrias de refrigerantes brasileiras engolida
pela concorrência desleal dos grandes trustes americanos.
Há
em Pelotas muitos Gaúchos. A gauchada ali existente foi “despasito” chegando
àquele torrão, há mais de duzentos e cinqüenta anos, pois o povoamento daquela
região deu-se a partir de 1758, quando o Conde de Bobadela, (Gomes Freire de
Andrade) doou ao Coronel Thomaz Luiz Osório, “unas territas” que ficavam às
margens da Laguna dos Patos, que por séculos foi tida como lagoa, e até de mar
foi chamada.
Em
1763 uns papa-areias, com todo o respeito, aos irmãos riograndinos, buscaram
refúgio nessas terras, meio aturdidos com a invasão espanhola na Vila de Rio
Grande e depois em l777 para ali muitos retirantes da Colônia do Sacramento
buscaram guarida, pois tal Colônia havia sido entregue de mão beijada aos
espanhóis, sabendo que naquela época a maioria da população do hoje Uruguai era
composta de portugueses ou descendentes.
Em
1789, chegou a Pelotas um português, que havia passado um tempo lá no Ceará e
se estabeleceu na Princesa do Sul como pecuarista e charqueador, trazendo
muitos negros para trabalharem na salga da carne que seria depois vendida não
só por aqui, como exportada para outras plagas do Brasil colônia, para ser
consumido pelos escravos.
Após
a instalação dessa charqueada, inúmeras outras foram se estabelecendo no Rio
Grande do Sul, transformando essa atividade na principal indústria deste Estado
e exportando charque para todo o Brasil e para fora também.
O
desenvolvimento ocorrido em Pelotas foi tão grande que muitos Gaúchos da
Campanha foram se aquerenciando pela cidade e formando um grande plantel que
hoje ainda em número bastante expressivo lá existe.
Muito
tempo depois chegaram os primeiros imigrantes pomeranos ao hoje município de
Pelotas, e foram formando colônias em Monte Bonito, Morro Redondo, Santa Silvâna
e em outros locais do Município, também vamos encontrá-los em Canguçu, Arroio
do Padre, Agudo, Candelária e São Lourenço do Sul.
Mas,
como o município cresceu muito, alguns distritos foram se emancipando e hoje
Pelotas diminuiu drasticamente sua área, onde surgiram outros municípios, como
Turuçu, Capão do Leão e Morro Redondo.
Mas
Pelotas continua sendo a Princesa do Sul. A doce cidade dos doces.
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