Há maneiras de falar e maneiras de escrever.
A fala coloquial para não ser enfadonha ou pernóstica, aceita certos erros, que
vão desde os tempos verbais as esdrúxulas palavras, muitas das quais vão sendo
substituídas, surgindo os neologismos e as gírias.
Porém é inadmissível a escrita cheia de
erros e de palavras que não constam em nenhum vernáculo, a não ser no meio da
plebe sem cultura e sem berço, o que é pior. Falar até dá para aguentar.
“Cumé qui é, tu vai ralá ou vai ficá só na
sonzera”.
“Ô meu
ti liga no trampo e sai da moita”.
“Pô, qui baita sarro tu tirô da cara du lôcu”.
“Tu viu o acidente”.
Este “tu viu”, dói mais que injeção embaixo
do pé, entretanto é dito pela esmagadora maioria das pessoas e ninguém se dá por
conta que o correto é, “tu viste”
Fora o “SEJE”, dito por uma grandiosa parte
de pessoas até bem formadas e que é um assassinato bárbaro da palavra “SEJA”.
E esses erros nós ouvimos com frequência nas
ruas, nos canteiros de obras e mesmo nas nossas escolas, obviamente tentamos
corrigir quando são nossos filhos ou alunos que assim venham a falar,
entretanto torna-se inadmissível que tais erros passem a fazer parte de nossa
escrita. Aí temos que redobrar o cuidado, pois não são admissíveis tais tipos
de erros ou linguajar chulo quando escritos.
Brevemente escreverei sobre regionalismos e
sotaques, mas isto é outra coisa.
Tenho que estar sempre me policiando quando
escrevo, pois não sou especialista em língua portuguesa, mas procuro errar o
menos possível e muitas coisas ainda não me adaptei dentro do acordo ortográfico, mas ainda tenho algum
tempo para aprendê-las.
Podem até haver erros em meu blog, como há,
mas sem querer dar desculpas esfarrapadas são poucos e o que mais me surpreende
é que muitas vezes esses erros partem de todos os lados, mesmo de quem é
especialista em nosso belo idioma, rico, cheio de regras e de uma diversidade
de sons e sotaques que tornam o nosso Brasil um país ímpar, pois cada vez mais
se distancia do português de Portugal, por conta das gírias, dos regionalismos
e dos neologismos. Vejo o português do Brasil, mais leve, gingado e cheio de
nuances, já o português de Portugal é mais duro e hermético. Posso estar errado
mas assim é que sinto.
São cometidos deslizes no falar e isto é
muito comum. Cito alguns que pela sua semelhança levam as pessoas até de muito boa
escolaridade e mesmo formados em cursos superiores cometerem, pois muitas são
parecidas, mas seu sentido é outro:
Errado
Certo
Por aventura alguém me ligou? - Por ventura alguém me ligou?
Ele usou palavras de baixo escalão.- Ele usou palavras de baixo calão.
Não vi, pois estava desapercebido.- Não vi, pois estava despercebido.
Algumas palavrinhas soltas que são usadas
erradamente:
Erradas: Certas:
Alho poró.(ñ dicionarizado) Alho porro (pôrro) (dicionarizado)
Gratuíto (tonicidade no i).Gratuito – gra-tui-to, sem tonicidade no “i”.
Fortuíto. (tonicidade no i) Fortuito – for-tui-to, sem tonicidade no “i”.
Circuíto (tonicidade no i) Circuito – cir-cui-to, sem
tonicidade no “i”.
Fluído (tonicidade no i) Fluido – flui-do, sem tonicidade no “i”.
A grama (peso) O grama (peso).
Provalecido Prevalecido.
Cabelereiro. Cabeleireiro.
Bitornera. Betoneira.
Neste caso já ouvi muitos engenheiros e
arquitetos dizendo “bitornera”. Este erro é tão comum que logo estará
dicionarizado, assim como “mortandela”.
Quando as pessoas confundem o ato de fazer e
fazem doer os tímpanos.
Hoje fazem três meses... - Hoje faz três meses...
O hoje é que faz, e não o hoje é que fazem.
Não importa se são dias, semanas, meses, anos ou séculos, pois o "faz" se refere
ao hoje. “Hoje faz dois mil anos que a igreja nos aporrinha”.
Por outro lado temos os ditados populares que
pelo total desconhecimento de suas origens são ditos pela esmagadora maioria da
nossa população de maneira errada:
Errado – Batatinha quando nasce se esparrama
pelo chão
Certo
– Batatinha quando nasce espalha a rama pelo chão.
Errado – Cuspido e escarrado (quando alguém é
muito parecido com outra pessoa)
Certo – Esculpido em Carrara. (Carrara,
cidade italiana célebre por seus mármores)
Errado – Cor de burro quando foge.
Certo – Corro de burro quando foge.
Errado – Quem não tem cão caça com o gato.
Certo – Quem não tem cão caça como gato.
Errado – Esta criança parece que tem bicho
carpinteiro. (digitação corrigida em 03/01)
Certo
– Esta criança parece ter bicho pelo corpo inteiro.
Errado – Quem tem boca vai a Roma.
Certo
– Quem tem boca vaia Roma (do verbo vaiar).
Se por acaso queres dizer que quem tem boca
pede informações até chegar a algum lugar, ou mesmo a Roma, substitua por “quem
tem boca vai a rumo”, sem precisar de mapa ou do GPS.
Ouvi há muito tempo, um ex-ministro da
educação dizer “Nós tamos estudando a possibilidade...”. Não existe verbo tar e
sim estar, portanto “Nós estamos”.
E aí enveredamos pelos:
Tá certo.
Tá errado.
Tá bom.
Tá, tá e tá.
O correto - “está”, está sendo esquecido.
Além de milhares de outros erros.
E o que mais me surpreende é que junto ao
populacho isso é comum e aí aparece em nossas emissoras de televisão uma série
de destrambelhados que acham e defendem que está certo falar errado. "Tanto Faiz". Acham
bonitinho dizer “barrendo a carçada” ou um “barde dágua”. Se assim acham para
que então aulas de português no currículo escolar, vamos deixar tudo a Bangu.
Ou seja, vamos deixar tudo sem rumo e sem regras. E se assim for em breve
estaremos falando o “Neanderthalês”.
Muitas são as músicas (se é que são) crivadas
de erros grosseiros e que logo pega no gosto do povão, pois esse também fala
errado.
E muitas são as traduções erradas de músicas,
o que pode ser desculpável, pois quando se trata de outro idioma as pessoas
podem por os pés pelas mãos como no caso de uma belíssima música interpretada
pela sensacional Roberta Miranda onde a palavra espanhola “empezar” (empêçár) que
significa começar e foi traduzida como “em pensar”.
Diz a música “Mañana voy empezar una nueva
vida”
Amanhã vou começar
uma nova vida.
E foi traduzida erradamente como “amanhã, eu vou
pensar numa nova vida”.
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