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terça-feira, 9 de agosto de 2022

Era Uma Vez a Democracia.


Numa terra distante havia um grande país, com uma riqueza natural invejável, bela e radiante, porém seu povo, apesar de sua alegria e disposição para festas e esportes, muitos passavam fome. Havia nesta utópica nação uma abissal diferença entre os verdadeiramente ricos, os de classe média alta que se achavam ricos, depois vinha a classe média intermediária e os pobres que eram a maioria esmagadora.

Esses pobres viviam na ilusão que um dia viveriam num reino encantado, pois acreditavam em qualquer canalha que lhes prometessem salvação a quem os parvos passavam fome mas davam tudo o que tinham.  

Um país onde o povo era pacífico, apesar da violência que aflorava em determinados locais, principalmente na conhecida Cidade das Maravilhas.

Tudo estava como os poderosos queriam.


Sua Legião garantia a paz, mesmo não tendo inimigos externos, os Legionários diziam que estavam ali para defender o povo e isto era veiculado por todos, numa total falta de coerência, beirando a demência.

Havia também os Lanceiros, que serviam de defensores das províncias, boçais, truculentos, muitos dos quais envolvidos com coisa ilícitas, mas todos eles se arvoravam defensores do povo.

Um belo dia, não se sabe por que, um pobre coitado propôs um plebiscito democrático onde todos, pobres e ricos votariam para mudar algumas coisas, entre elas estava o de acabar com o atual regime e com a pobreza, mesmo que para isto as grandes fortunas fossem divididas e que todos os imóveis passassem a pertencer aos moradores que os alugavam, fosse feita também uma reforma agrária e que as grande propriedades fossem estatizadas, dando assim terra para todos. Assim mais e mais dinheiro sobraria para o povo se alimentar.

Mesmo contrário aos interesses de uma pequeníssima parcela, que não chegava a 1%, tal plebiscito foi realizado, pois os poderosos achando que o povo analfabeto e como sempre burro votaria nas propostas dos milionários que nada disto queriam.

A Legião sob o comando de grandes Centuriões se colocou ao lado das urnas, pois se diziam defensores do povo.

Quando o grande dia chegou todos acorreram às urnas e com seu voto secreto garantido pelos Legionários e Lanceiros provinciais, o povo humilde votou, afinal os Legionários e Lanceiros diziam ser a segurança do povo. A malha protetora da sociedade.

A noite caiu, e nesse longínquo país a apuração foi imediata, dando vitória de 90% aos que queriam mudanças e assim não haveria mais pobres e consequentemente não teriam mais ricos, mesmo que seus privilégios não fossem de todo acabados. Continuariam abonados, porém com menos riquezas.

O povo alegre recolheu-se as suas casa e choupanas, pois sonhavam que no dia seguinte começasse a grande transformação, as crianças também alegres sonharam aquela noite com pratos cheios, roupinhas e brinquedos.

As mães pobres mas zelosa sonharam com mesas fartas, os pais, pelo menos aquela noite ficaram felizes em pensar que seus filhos teriam bicicletas e caminhõezinhos para brincar, sonharam até que estavam tomando copos de leite, coisa que há muito tempo não faziam.

Todos dormiram tranquilos, pois tinham a certeza que os Legionários e Lanceiros estava protegendo os seus, estavam protegendo o povo pobre que sonhava.


Porém nem havia clareado o dia foram acordados com gritos, correrias, mortes. Muitos eram levados aos paus de arara, chicoteados, torturados mortos e sepultados.

Sepultados em covas comuns e rasas.


Legionários e Lanceiros, babando de raiva, matavam prendiam, casa eram incendiadas, mulheres estupradas, crianças seviciadas, homens torturados e mortos.

Apareceu até um Centurião, adepto da tortura que gritava ensandecido: 

- todo mundo preso!

- todo mundo preso!

Foram dias de caos, violência, pânico e mortes.

Ao serenar os ânimos, as Legiões e Lanceiros recolheram-se aos seus acampamentos, mas antes botaram a frente do governo um Centurião, insensível, perverso, que anulou o plebiscito e tudo voltou a antiga ordem. Era esse Centurião na verdade um marionete dos poderosos.

O povo continuou a passar fome e os poderosos continuaram a explorar todos os cidadãos, mas o Centurião voltou a dizer que os lanceiros e arqueiros estavam ali para defender o povo. Na verdade estavam ali para sufocar os anseios do povo e defender intransigentemente o poder dos ricos e poderosos.

E o povo esperançoso, na sua ilusão, acreditava que um dia um grande homem viesse do espaço infinito para ajudá-lo. E como sempre a ilusão tomou conta daquela distante terra.

E permanecendo na ilusão o povo esqueceu dos sonhos e voltou tudo a ser como era antes. Na mesma pasmaceira, na mesma exploração, nos mesmos desmandos e corrupção e até votou no Bobo da Corte, que pensava ser alguma coisa mas não passava de lixo.


 

 

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