Natal.
A cristandade aguarda com
ansiedade essa data que celebra o nascimento de sua figura central.
Dia 25 de Dezembro.
Porém na véspera de Natal,
há em todas as Igrejas do mundo a histórica e aguardada Missa do Galo, onde os
cristãos comovidos, chorosos vão assistira essa missa da meia-noite.
Igreja de General Câmara
O Padre Antônio era o Pároco
da Cidade de General Câmara, homem simples, alegre, vigilante da fé, que
seguidamente era convidado para almoçar na casa de um ou de outro, e muitas
vezes também jantava nas casas de fiéis.
O Padre Antônio tinha nos
fundos do pátio da Igreja um belo galinheiro com muitas galinhas, que a noite
recolhiam-se para um galpão feito bem no canto dos fundos do pátio da Igreja.
Esse galpão era coberto com folhas de zinco e seu portão era fechado com
cadeado para evitar certas raposas.
Como havia muitos casos de
roubos de galinhas para as célebres galinhadas o Padre vivia esperto e não
tirava os olhos de seu plantel
.
Porém o Tenente Nedy
articulou um plano para surrupiar as galinhas do Padre, e não foi difícil
arrumar os parceiros para a empreitada.
Como a galinhada feita com
suas galinhas já havia passado mais de seis meses, o Tenente Nedy convidou o
colega Figueiredo para ajudá-lo a sacanear o Padre Antônio, e o outro parceiro
para a empreitada seria o Delegado que já havia concordado e estaria pronto
para também sacanear o popular Padre.
Figueiredo ficou meio
reticente, pois como chegariam ao galinheiro?
Porém Nedy já havia
arquitetado seu plano.
Iriam com suas famílias à
Missa do Galo, e durante essa, os três sairiam e com o Padre envolvido em seu ritual
religioso, os três teriam tempo para agirem sem serem notados.
Acertaram todos os
pormenores da ação, e Nedy por ser magro e mais ágil do que Figueiredo pularia
o alambrado, do galinheiro junto com o Delegado e começariam a pegar as gordas e
bem alimentadas galinhas do Padre, após arrombarem o cadeado e colocá-las
dentro de um saco.
Tudo acertado aguardaram o
dia da Missa do Galo, e quando a noite do dia 24 de dezembro chegou, os dois Tenentes
e o delegado chegaram acompanhados de suas respectivas famílias para o
compromisso de fé.
Figueiredo sério de braços
com sua esposa Ada e seu três filhos, duas meninas e um menino, pois ainda não
havia nascido o quarto filho, e Nedy com sua esposa Sueli e suas duas filhas.
A missa desenrolava-se entre
rezas, ladainhas e sermões quando Figueiredo já suando de nervoso chegou para
Nedy e perguntou quando iriam agir.
Nedy disse que seria na hora
da comunhão, quando todos estariam mais envolvidos com a missa.
Mas a missa já estará
chegando ao fim disse Figueiredo, ao que Nedy respondeu que ele e o Delegado
seriam rápidos.
Na hora em que os
preparativos para a comunhão eram feitos os três sorrateiramente saíram da
missa e aproveitando-se da noite onde todos estavam envolvidos com a celebração
da Missa do Galo, foram esgueirando-se em direção ao galinheiro.
Nedy ao descer as escadas
cambaleou e segurou-se firme ao ombro de Figueiredo dizendo que havia sentido
uma forte fisgada na virilha ao descer as escadas, e que não conseguia colocar
o pé no chão. Mesmo assim, mancando iria fazer sua parte, e foi segurando-se ao
braço do colega preocupado.
Ao chegarem ao alambrado
mais uma vez Nedy reclamou de forte dor na virilha e pediu que Figueiredo
entrasse juntamente com o Delegado enquanto ele ficaria dando guarda, já que a
dor era insuportável.
O Delegado de vereda pulou o
alambrado e Nedy ajudou a Figueiredo a escalar a cerca, já que esse estava
acima do peso.
E após alguma demora os dois
conseguiram finalmente abrir o cadeado do galpão e entraram para pegar as
penosas do Padre.
Nedy, disfarçadamente recuou
até o lado da Igreja e do escuro podia ver se a Missa havia terminado para, em
qualquer situação avisar os parceiros.
Quando os dois no escuro
dentro do galpão pegavam as últimas galinhas a Missa foi encerrada e o público
em massa começou a sair da Igreja, e todos à porta da Igreja, em volta do Padre
a ele desejavam um Feliz Natal, apertos de mãos e abraços.
Nesse momento Nedy pegou
três ou quatro pedras de rio em sua destra e as atirou com violência sobre as
folhas de zinco que cobriam o galpão e foi aquele barulho violento, e todos os
fiéis correram juntamente com o Padre para o lado da Igreja para saber o que
estava acontecendo, quando saindo das da escuridão apareceu o Tenente Nedy ao
gritos.
Padre Antônio
- Padre! Padre! Estão
roubando suas galinhas.
Correria geral.
A multidão de fiéis
juntamente com o Padre correu aos gritos de pega ladrão.
O Delegado no sufoco começou
a pular os muros das casas lindeira e ganhar a rua, corre-corre, cachorros
latindo, povo gritando alvoroçado, mas foi cercado a menos de três quadras pela
multidão e conduzido no escuro até a frente da Igreja, enquanto isto outros
procuravam pelo segundo homem indicado por Nedy, sem saberem que era o
Figueiredo, que acoitado estava em um canto sob uns arbustos. Finalmente foi
apanhado dentro do galinheiro não tinha o que dizer.
Nesse meio tempo Nedy pegou
sua esposa Sueli pelo braço e com suas
duas filhos sumiu naquela noite escuro indo para casa a três ou quatro quadras da
Igreja.
Mas o Delegado e Figueiredo,
ambos depois de deslindado o caso, com risadas e chistes foram para suas casas
sem nada dizerem, pois foi a pior noite de Natal que ambos passaram.
E o Padre eufórico gargalhava
e levou tudo na brincadeira, pois sabia que era comum isso acontecer e que no
mínimo seria convidado para comer suas próprias galinhas, pois ambos eram
amigos do peito.
Mas Nedy, mais eufórico que
o Padre, teve seu momento de vingança, e regozijava pelo desfecho do assalto as
galinhas de Padre Antonio o que lhe valeu muito tempo para gozar da cara dos
dois parceiros, principalmente a de Figueiredo.
- Orre tasca. Minhas
galinhas tiveram a sua vingança.
As fotos aqui publicadas pertencem a meu acervo.
As fotos aqui publicadas pertencem a meu acervo.
Para melhor entender leia a matéria anterior - General Câmara e as Galinhas
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