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segunda-feira, 27 de julho de 2015

General Câmara e as Galinhas

                                         1º Ten Floribal Farias Teixeira - meu pai

Papai fora promovido ao posto de Segundo Tenente e transferido para o Arsenal de Guerra de General Câmara, histórica Unidade do Exército, onde após dois anos receberia sua promoção ao posto de Primeiro Tenente. Era na época o Arsenal de Guerra comandado pelo Competente Coronel Daniel H. Balbão.

                     Cel. Daniel H. Balbão - Diretor do AGGC.

A cidade era uma minúscula cidade, onde quase todos que ali moravam ou eram militares ou funcionário civis desse Arsenal e suas famílias. Havia também uma Companhia de Guarda do Exército que fazia a segurança desse, comandada pelo também competente Tenente QOA Manuil.

Obviamente como em todas as cidades havia funcionários públicos da Municipalidade, dos Correios, além de outros civis que trabalhavam no comércio, professores entre outros poucos cidadãos e meia dúzia de Brigadianos, que na verdade conheci apenas um que demos carona em cima de nossa mudança, de Guaíba a General Câmara, em estrada de terra, feita em um caminhão Ford azul e branco de propriedade do senhor Olímpio que além da mudança levou para essa cidade Joaquim, meu irmão e eu. Esses raros Brigadianos que faziam o policiamento da cidade, que nem de Polícia precisava, era um meio militarizado já que quase todos trabalhavam nessa Unidade do Exercito e todos se conheciam e conviviam como uma grande família.

Havia um Colégio Público Estadual o João Canabarro além do célebre Ginásio Vasconcelos Jardim, onde eu estudava e com afinco assistia as aulas de francês dadas pelo Professor Feio, que era um dos apelidos do competente Professor Karel Ortz, também chamado de Genitivo, pois também era o professor de latim, e sendo genitivo uma das declinações desta língua morta foi o motivo pelo qual recebera da garotada esse outro apelido. Porém todos o respeitavam e dele gostavam muito, principalmente por ser ele o Diretor desse Ginásio. Severo, educado e justo educador. Se outras escolas de ensino fundamental existisse jamais fiquei sabendo.

Logo que à cidade chegamos começamos a nos inteirar das histórias hilárias que corriam entre, não só a Oficialidade do Arsenal como entre os outros militares e civis.

Algumas eram hilárias, outras nem tanto, mas também servia para passar o ócio de uma cidade pequena. Pequena, porém para a época era a que mais atividades sociais promovia ao longo do Taquari. Uma cidade onde os fins de semanas eram movimentadíssimos com atividades sociais tanto no Cassino (Clube) dos Oficiais, no Cassino dos Sargentos, no GDAG (Grêmio Desportivo Arsenal de Guerra) também chamado de Cassino dos Operários ou no Clube 9 de Maio, que ficava na avenida central e que para minha amarga tristeza o vi, em minha última visita a cidade, em ruínas, como se encontram quase todas as casas da União.

                    1º Ten Nedy Soares 

Nessa época soubemos que um Tenente de nome Nedy, que servia nessa Unidade de Reparo de Material Bélico, possuía em sua casa um belo plantel de galinhas poedeiras, sendo que uma delas, uma linda galinha branca ele por ela tinha uma grande afeição, por ser pontual em sua postura além de contribuir com o crescimento do plantel, ao qual já havia passado muito de seus genes.

Entretanto um Delegado da Polícia Civil juntamente um Tenente de nome Figueiredo resolveram sacanear o Tenente Nedy e entraram durante uma noite de inverno no pátio desse e levaram todas as suas galinhas.

Inconsolado Nedy passou dois dias amaldiçoando o “ladrão” de suas galinhas, porém nesse segundo dia recebeu um convite para um jantar na casa do Tenente Figueiredo, onde estariam alguns Oficiais além do Delegado.

Na noite marcada chegou com sua esposa Sueli para o tal jantar.

Nada desconfiou, até que a janta começou a ser servida, era uma galinhada. Até ai tudo bem, na época era comum fazerem galinhadas.

                                         1º Ten Apeles Figueiredo
                
Mas ao sentar a mesa, em lugar previamente estabelecido pelo anfitrião viu junto a seu talher uma pena branca, estrategicamente posicionada entre a faca e o garfo.

Nedy por pouco não levantou e saiu porta a fora, pois só aí veio saber quem havia surrupiado as suas galinhas.

Todos já estavam sabendo do caso e imediatamente, começaram a fazer piadas sobre as pobres e inofensivas galinhas.

Porém Nedy, não deixaria de graça a brincadeira do Delegado nem do colega Figueiredo e a vingança seria perversa, porém guardaria em silêncio sepulcral a sua desforra.

E em meio a brincadeiras e risadas a noite passou sem problemas, mesmo para Nedy que sem suas galinhas não deixou que isto o aborrecesse, mas já começava a articular a vingança.


In memoriam

Aos quatro Oficiais do Exército aqui expostos meus mais profundos respeitos, que em uma época de minha vida foram exemplares amigos.

As fotos aqui publicadas pertencem a meu acervo.  

Leia a seguir: “A Missa do Galo”.

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