1º Ten Floribal Farias Teixeira - meu pai
Papai fora promovido ao
posto de Segundo Tenente e transferido para o Arsenal de Guerra de General
Câmara, histórica Unidade do Exército, onde após dois anos receberia sua
promoção ao posto de Primeiro Tenente. Era na época o Arsenal de Guerra
comandado pelo Competente Coronel Daniel H. Balbão.
Cel. Daniel H. Balbão - Diretor do AGGC.
A cidade era uma minúscula
cidade, onde quase todos que ali moravam ou eram militares ou funcionário civis
desse Arsenal e suas famílias. Havia também uma Companhia de Guarda do Exército
que fazia a segurança desse, comandada pelo também competente Tenente QOA
Manuil.
Obviamente como em todas as
cidades havia funcionários públicos da Municipalidade, dos Correios, além de
outros civis que trabalhavam no comércio, professores entre outros poucos
cidadãos e meia dúzia de Brigadianos, que na verdade conheci apenas um que
demos carona em cima de nossa mudança, de Guaíba a General Câmara, em estrada de terra, feita em um caminhão Ford azul e branco
de propriedade do senhor Olímpio que além da mudança levou para essa cidade
Joaquim, meu irmão e eu. Esses raros Brigadianos que faziam o policiamento da
cidade, que nem de Polícia precisava, era um meio militarizado já que quase
todos trabalhavam nessa Unidade do Exercito e todos se conheciam e conviviam
como uma grande família.
Havia um Colégio Público
Estadual o João Canabarro além do célebre Ginásio Vasconcelos Jardim, onde eu
estudava e com afinco assistia as aulas de francês dadas pelo Professor Feio,
que era um dos apelidos do competente Professor Karel Ortz, também chamado de Genitivo,
pois também era o professor de latim, e sendo genitivo uma das declinações
desta língua morta foi o motivo pelo qual recebera da garotada esse outro apelido.
Porém todos o respeitavam e dele gostavam muito, principalmente por ser ele o
Diretor desse Ginásio. Severo, educado e justo educador. Se outras escolas de
ensino fundamental existisse jamais fiquei sabendo.
Logo que à cidade chegamos
começamos a nos inteirar das histórias hilárias que corriam entre, não só a
Oficialidade do Arsenal como entre os outros militares e civis.
Algumas eram hilárias,
outras nem tanto, mas também servia para passar o ócio de uma cidade pequena.
Pequena, porém para a época era a que mais atividades sociais promovia ao longo
do Taquari. Uma cidade onde os fins de semanas eram movimentadíssimos com
atividades sociais tanto no Cassino (Clube) dos Oficiais, no Cassino dos
Sargentos, no GDAG (Grêmio Desportivo Arsenal de Guerra) também chamado de
Cassino dos Operários ou no Clube 9 de Maio, que ficava na avenida central e que
para minha amarga tristeza o vi, em minha última visita a cidade, em ruínas,
como se encontram quase todas as casas da União.
1º Ten Nedy Soares
Nessa época soubemos que um
Tenente de nome Nedy, que servia nessa Unidade de Reparo de Material Bélico,
possuía em sua casa um belo plantel de galinhas poedeiras, sendo que uma delas,
uma linda galinha branca ele por ela tinha uma grande afeição, por ser pontual
em sua postura além de contribuir com o crescimento do plantel, ao qual já
havia passado muito de seus genes.
Entretanto um Delegado da
Polícia Civil juntamente um Tenente de nome Figueiredo resolveram sacanear o Tenente
Nedy e entraram durante uma noite de inverno no pátio desse e levaram todas as suas
galinhas.
Inconsolado Nedy passou dois
dias amaldiçoando o “ladrão” de suas galinhas, porém nesse segundo dia recebeu
um convite para um jantar na casa do Tenente Figueiredo, onde estariam alguns
Oficiais além do Delegado.
Na noite marcada chegou com
sua esposa Sueli para o tal jantar.
Nada desconfiou, até que a
janta começou a ser servida, era uma galinhada. Até ai tudo bem, na época era
comum fazerem galinhadas.
1º Ten Apeles Figueiredo
Mas ao sentar a mesa, em
lugar previamente estabelecido pelo anfitrião viu junto a seu talher uma pena
branca, estrategicamente posicionada entre a faca e o garfo.
Nedy por pouco não levantou
e saiu porta a fora, pois só aí veio saber quem havia surrupiado as suas
galinhas.
Todos já estavam sabendo do
caso e imediatamente, começaram a fazer piadas sobre as pobres e inofensivas
galinhas.
Porém Nedy, não deixaria de
graça a brincadeira do Delegado nem do colega Figueiredo e a vingança seria
perversa, porém guardaria em silêncio sepulcral a sua desforra.
E em meio a brincadeiras e
risadas a noite passou sem problemas, mesmo para Nedy que sem suas galinhas não
deixou que isto o aborrecesse, mas já começava a articular a vingança.
In memoriam
As fotos aqui publicadas pertencem a meu acervo.
Leia a seguir: “A
Missa do Galo”.
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