Buenas Tche!
O causo que passo a relatar
é meio bagual de triste e hilário ao mesmo tempo.
Pero, antes de contar vamos
ver o que acontece neste nosso mundéu meio caborteiro e cheio de arapucas.
Homossekissual... Não!
É homocequiçual... Também
não!
homossex.... Acho que não.
Buenas.
Fresco.
É isto aí!
Fresco.
Fresco.
Frescos nós temos em todos
os lugares, obviamente que os percentuais são maiores num estado chiador que
tem a mania de fazer piada de Gaúcho, achando por sua total ignorância que
todos os habitantes da República do Rio Grande do Sul são Gaúchos, esquecendo
que aqui nós temos alemães, italianos, negros, Birivas e outros, muitos dos
quais sem pedigree.
Burros! Não sabem a
diferença de Gaúcho e Rio-grandense do Sul.
Mas fazem piadas de Gaúchos
por que queriam ser Gaúchos, porém como lhes falta também pedigree, tentam
mascarar sua frustração fazendo chistes dos Gaúchos, sejam eles da República do
Rio Grande do Sul, da República Oriental do Uruguai ou da República Argentina.
Mas, seja da onde for,
frescos não se reproduzem, pero proliferam de maneira avassaladora e se
espraiam pelo mundo todo numa velocidade assustadora.
Pois, o guri, o mandinho,
para virar adolescente demora uma barbaridade. O adolecente para virar adulto é
outro parto atravessado. E assim de demora em demora chega o homem a velhice.
Porém para virar fresco é
num repente.
O maleva bastou ficar e já virou
fresco, muitos dos quais já nascem dando mostras de sua frescura.
E depois é feito cachorro
comedor de ovelha. Não tem mais jeito.
Pior ainda é que aparece uma
penca de alcaides, safados e caborteiros prometendo na maior cara estanhada a
cura da frescura. Só se for a dele, pois uma vez marreca será sempre marreca.
Mas vamos ao causo.
Havia um xiru, macho
barbaridade, daqueles que nem espelho tinha em casa, pois dizia que homem que
vive se olhando em espelho é “puto”.
Banho era uma coisa que o
vivente pouco fazia, pois vivia dizendo que homem que muito se ensaboa não é
bem macho.
Barba, nem pensar. Primeiro
teria que ficar diante de um espelho ou, na segunda opção, ir a um barbeiro.
- Mas tche! O que que é
isto. Tu vais ao barbeiro e deixa um macho ficar alisando a tua cara. – Dizia
ele.
Desodorante nunca usou na
vida, pois não era macho de ficar botando “vaporzinho” nos sobacos.
Certa feita o xiru que vivia
pelas tascas, andava em seu cavalo ao passo no campo rebanhando umas tambeiras
e deu-lhe forte vontade de tirar água do joelho.
Apeou do flete e se foi no
tranquito rápido até um pajonal para ali urinar. Foi se emburacar, pois nem no velho
haragano manoteador confiava.
Porém ao chegar atrás do
pajonal, viu que era um sumidouro, e pulou sobre uma pedra ao lado deste, mas
escorregou e caiu no sumidouro, e de vereda se atolou quase até a guaiaca. E
quanto mais esperneava para sair, mais se enterrava.
Ficou então imóvel, na
esperança que algum peão passasse por ali e prestasse socorro.
Já que estava enlameado até
a cintura, aproveitou a situação e largou a bexiga. A la fresca! Esquentou as
pernas por dentro das bombachas.
Lá pelas tantas viu do outro
lado do sumidouro um ginete e começou a gritar a todos os pulmões.
O quera (cuéra) ouviu e num
vu estava ao seu lado.
- Tche! Disse o infeliz. –
Me ajude a sair deste atoleiro, pois estou aqui há mais de um quarto de hora.
O outro olhou para a
situação desesperadora, pois a água já estava na altura do peito do conhecido
machão, que ele conhecia bem.
- Buenas tche, eu posso te
tirar daí!
- Então homem, não perca
tempo.
- Buenas tche! Mas tudo tem
um preço.
- Mas digas quanto queres
para me tirar desta situação.
O outro então propôs:
- Eu te tiro daí, mas tu
vais ter que me dar um pouquinho.
- Tche! Alcaide sem
vergonha. Sou macho e morro macho!
- Buenas, se for assim eu
vou embora.
- Podes ir seu maleva
safado. Sou
macho e morro macho!
O outro xiru deu-lhes as
costas, montou em seu cavalo, bateu a aba na testa e sumiu campo a fora.
O pobre xiru machão ficou
ali, acabrunhado, jurando de morte a alcaide caborteiro.
Mas pensava:
- Sou macho e morro macho!
Passado algum tempo, pelo
canto do olho viu um índio melenudo em volta de seu cavalo, olhando para os
lados como se indagasse onde estará o dono deste alimal.
- Ei! Ei! – Gritou o
desesperado homem com água já pelo pescoço.
- O indiozito ao levar
aquele cimbronaço, meio que se assustou, mas logo viu de onde partia o chamado
e foi logo para o lado daquela cabeça fora d’água e ouviu em desespero:
Tche! Me tire daqui.
- Mas é pra já. – Disse o
índio gadeiudo.
Mas antes de ir até o cavalo
pegar o laço, olhou bem para a situação do infeliz preso no sumidouro e o
reconheceu.
- Mas tche! Tu és o cara
mais macho que se tem por história, como foste cair neste sumidouro.
- Não importa como, mas me
tire daqui.
- Tudo bem! - Disse o
indiozito – Mas tudo tem um preço!
- Quanto queres para me
tirar daqui.
- Não! Não quero dinheiro!
- E o que tu queres então?
- Buenas compadrezito, eu
ando há um bom tempo sem uma chinoca, e que tal se tu me deres um pouquinho?
- Tche maldito! Jamais farei
isto.
- Sou
macho e morro macho!
O indiozito, cuspindo grosso
pro lado, virou-lhe as costas e se foi campo a fora em seu passo tranquilo
aprumando o chapéu de beijar santo em parede.
O pobre xiru ficou ali remoendo
a morte que se aproximava, mas em seus pensamentos continuava a brotar aquela
frase:
- Sou macho e morro macho!
De vereda apareceu a seu
lado outro peão, meio charrua, de xiripá azul e branco e se postou encima da
pedra ao lado de sua cabeça.
Olhou para a situação do
infeliz que já estava com a água beirando os cantos da boca.
O desesperado machão, já sem
forças levantou os olhos para o charrua e disse em desespero.
- Tche! Por favor. Se me
tirares daqui e faço o que tu quiseres, até sirvo de tua mulher se quiseres.
Realizo qualquer fantasia que tu quiseres e quando quiseres.
O charrua olhou para o
desesperado machão, aprumou-se encima da pedra e num movimento rápido colocou a
ponta da bota sobre a cabeça do infeliz e o empurrou com força para o fundo do
sumidouro, dizendo:
- Bicha tem que morrer!
Moral da história.
A homofobia pode levar a violência
e até a morte.
Diga não a homofobia e sim a
vida.
Diga não a qualquer tipo de
discriminação.
Ninguém está livre de ter um
amigo, parente ou até mesmo um filho ou uma filha homossexual.
Lembrando que a vida seria
bem melhor se cada um cuidasse da sua.
Fui, campo a fora tapado de
quero-quero.
OBS: as palavras em verde são próprias do gauchês.
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