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sexta-feira, 10 de julho de 2015

Frescos.


Buenas Tche!

O causo que passo a relatar é meio bagual de triste e hilário ao mesmo tempo.

Pero, antes de contar vamos ver o que acontece neste nosso mundéu meio caborteiro e cheio de arapucas.

Homossekissual... Não!

É homocequiçual... Também não!

homossex.... Acho que não.

Buenas. Fresco.


É isto aí! 

Fresco.

Frescos nós temos em todos os lugares, obviamente que os percentuais são maiores num estado chiador que tem a mania de fazer piada de Gaúcho, achando por sua total ignorância que todos os habitantes da República do Rio Grande do Sul são Gaúchos, esquecendo que aqui nós temos alemães, italianos, negros, Birivas e outros, muitos dos quais sem pedigree.

Burros! Não sabem a diferença de Gaúcho e Rio-grandense do Sul.

Mas fazem piadas de Gaúchos por que queriam ser Gaúchos, porém como lhes falta também pedigree, tentam mascarar sua frustração fazendo chistes dos Gaúchos, sejam eles da República do Rio Grande do Sul, da República Oriental do Uruguai ou da República Argentina.

Mas, seja da onde for, frescos não se reproduzem, pero proliferam de maneira avassaladora e se espraiam pelo mundo todo numa velocidade assustadora.

Pois, o guri, o mandinho, para virar adolescente demora uma barbaridade. O adolecente para virar adulto é outro parto atravessado. E assim de demora em demora chega o homem a velhice.

Porém para virar fresco é num repente.


O maleva bastou ficar e já virou fresco, muitos dos quais já nascem dando mostras de sua frescura.

E depois é feito cachorro comedor de ovelha. Não tem mais jeito.

Pior ainda é que aparece uma penca de alcaides, safados e caborteiros prometendo na maior cara estanhada a cura da frescura. Só se for a dele, pois uma vez marreca será sempre marreca.

Mas vamos ao causo.

Havia um xiru, macho barbaridade, daqueles que nem espelho tinha em casa, pois dizia que homem que vive se olhando em espelho é “puto”.

Banho era uma coisa que o vivente pouco fazia, pois vivia dizendo que homem que muito se ensaboa não é bem macho.

Barba, nem pensar. Primeiro teria que ficar diante de um espelho ou, na segunda opção, ir a um barbeiro.


- Mas tche! O que que é isto. Tu vais ao barbeiro e deixa um macho ficar alisando a tua cara. – Dizia ele.

Desodorante nunca usou na vida, pois não era macho de ficar botando “vaporzinho” nos sobacos.

Certa feita o xiru que vivia pelas tascas, andava em seu cavalo ao passo no campo rebanhando umas tambeiras e deu-lhe forte vontade de tirar água do joelho.

Apeou do flete e se foi no tranquito rápido até um pajonal para ali urinar. Foi se emburacar, pois nem no velho haragano manoteador confiava.

Porém ao chegar atrás do pajonal, viu que era um sumidouro, e pulou sobre uma pedra ao lado deste, mas escorregou e caiu no sumidouro, e de vereda se atolou quase até a guaiaca. E quanto mais esperneava para sair, mais se enterrava.

Ficou então imóvel, na esperança que algum peão passasse por ali e prestasse socorro.

Já que estava enlameado até a cintura, aproveitou a situação e largou a bexiga. A la fresca! Esquentou as pernas por dentro das bombachas.

Lá pelas tantas viu do outro lado do sumidouro um ginete e começou a gritar a todos os pulmões.

O quera (cuéra) ouviu e num vu estava ao seu lado.

- Tche! Disse o infeliz. – Me ajude a sair deste atoleiro, pois estou aqui há mais de um quarto de hora.

O outro olhou para a situação desesperadora, pois a água já estava na altura do peito do conhecido machão, que ele conhecia bem.

- Buenas tche, eu posso te tirar daí!

- Então homem, não perca tempo.

- Buenas tche! Mas tudo tem um preço.

- Mas digas quanto queres para me tirar desta situação.

O outro então propôs:

- Eu te tiro daí, mas tu vais ter que me dar um pouquinho.

- Tche! Alcaide sem vergonha. Sou macho e morro macho!

- Buenas, se for assim eu vou embora.

- Podes ir seu maleva safado. Sou macho e morro macho!

O outro xiru deu-lhes as costas, montou em seu cavalo, bateu a aba na testa e sumiu campo a fora.

O pobre xiru machão ficou ali, acabrunhado, jurando de morte a alcaide caborteiro.

Mas pensava:

- Sou macho e morro macho!

Passado algum tempo, pelo canto do olho viu um índio melenudo em volta de seu cavalo, olhando para os lados como se indagasse onde estará o dono deste alimal.

- Ei! Ei! – Gritou o desesperado homem com água já pelo pescoço.

- O indiozito ao levar aquele cimbronaço, meio que se assustou, mas logo viu de onde partia o chamado e foi logo para o lado daquela cabeça fora d’água e ouviu em desespero:

Tche! Me tire daqui.

- Mas é pra já. – Disse o índio gadeiudo.

Mas antes de ir até o cavalo pegar o laço, olhou bem para a situação do infeliz preso no sumidouro e o reconheceu.

- Mas tche! Tu és o cara mais macho que se tem por história, como foste cair neste sumidouro.

- Não importa como, mas me tire daqui.

- Tudo bem! - Disse o indiozito – Mas tudo tem um preço!

- Quanto queres para me tirar daqui.

- Não! Não quero dinheiro!

- E o que tu queres então?

- Buenas compadrezito, eu ando há um bom tempo sem uma chinoca, e que tal se tu me deres um pouquinho?

- Tche maldito! Jamais farei isto.

- Sou macho e morro macho!

O indiozito, cuspindo grosso pro lado, virou-lhe as costas e se foi campo a fora em seu passo tranquilo aprumando o chapéu de beijar santo em parede.

O pobre xiru ficou ali remoendo a morte que se aproximava, mas em seus pensamentos continuava a brotar aquela frase:

- Sou macho e morro macho!

De vereda apareceu a seu lado outro peão, meio charrua, de xiripá azul e branco e se postou encima da pedra ao lado de sua cabeça.

Olhou para a situação do infeliz que já estava com a água beirando os cantos da boca.

O desesperado machão, já sem forças levantou os olhos para o charrua e disse em desespero.

- Tche! Por favor. Se me tirares daqui e faço o que tu quiseres, até sirvo de tua mulher se quiseres. Realizo qualquer fantasia que tu quiseres e quando quiseres.

O charrua olhou para o desesperado machão, aprumou-se encima da pedra e num movimento rápido colocou a ponta da bota sobre a cabeça do infeliz e o empurrou com força para o fundo do sumidouro, dizendo:

- Bicha tem que morrer!

Moral da história.

A homofobia pode levar a violência e até a morte.

Diga não a homofobia e sim a vida.

Diga não a qualquer tipo de discriminação.

Ninguém está livre de ter um amigo, parente ou até mesmo um filho ou uma filha homossexual.

Lembrando que a vida seria bem melhor se cada um cuidasse da sua.



Fui, campo a fora tapado de quero-quero.

OBS: as palavras em verde são próprias do gauchês.


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