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sábado, 8 de fevereiro de 2014

País Sem Memória – Triciclo de Madeira





Ouvia em meados dos anos 50 meus irmãos Joaquim e Ieda falarem em um homem que pedalava um triciclo de madeira que quase diariamente viam na Avenida Daltro Filho, hoje Duque de Caxias, no Fragata em Pelotas, quando iam para a escola.


Tinha uma grande curiosidade e ver tal veículo.


No início dos anos 60, finalmente ia pela Avenida, agora  Duque de Caxias e me deparei com o tal e incrível triciclo.


Era um cidadão negro, já com os cabelos prateados que vinha lentamente pedalando aquela coisa inusitada que ele mesmo inventara e construíra, e que talvez tenha sido uma das ultimas vezes que aquele cidadão pedalava o seu invento.




Todo feito em madeira, inclusive as rodas. Rodas que eram usadas em carrinhos de mão que na época eram os pesados carrinhos de madeira, que pesavam mais que a própria carga que levava.




Sentava-se em um banco tosco, e logo atrás do encosto desse havia uma grande caixa com tampa também de madeira onde ele carregava suas ferramentas de serviço.


Parei para ver, e lá se foi vagarosamente aquela engenhoca, cujos pedais eram presos diretamente no eixo da roda dianteira e que com esforço eram um a um empurrados fazendo aquela preciosidade histórica andar.


Suas mãos grandes e fortes seguravam com firmeza o guidão também de madeira, e lá se foi pelo canteiro central daquela avenida, onde antigamente havia os trilhos dos bondes da Light.


Anos depois, quando eu já estava no Exército, ao passar por uma casa no fim dessa mesma avenida, no sentido Centro-Bairro à esquerda vi estacionada no pátio em frente a uma casa aquela peça maravilhosa que deveria estar em um museu, velho e acabado, com a madeira quase toda carcomida pelo tempo. Empoeirado e abandonado embaixo de um telheiro.


Talvez tenha sido consumida pelo tempo, pois é assim que as coisas funcionam na maioria dos casos neste país. Não há muito interesse em preservar a nossa história.


Infelizmente um país sem memória.


Não dão importância para a memória do povo e para a sua grande criatividade.


Por esse motivo trata-se de um povo tão facilmente conduzido por qualquer pústula, pois nem por si próprio sabe pensar. Tão gritante é essa realidade que basta falar com qualquer jovem, mesmo os dos manifestos de ruas, ou e principalmente esses jovens vazios e selvagens dos “rolezinhos” e verás que não sabem nada de nada do que aconteceu há menos de 15 anos neste país, quanto mais o que aconteceu de bom ou de ruim nesta terra tão carente de cultura.


Para se ter uma ideia, certa vez perguntei a um aluno de 16 ou 17 anos o que ele sabia sobre Collor, já que a aula era sobre as eleições e o retardado me respondeu:

- Ah, eu tenho muitas. E com cara de palerma tirou de sua mochila uma caneta Bic Collor, mostrando-me.

E não é culpa de nenhum professor, pois os abobados estão em aula apenas de corpo presente. Estão ali com capuzes enfiados até as orelhas, sonzinho nos ouvidos e a mente cheia de crack e em suas mentes vazias não tem a mínima ideia que aula estão assistindo.


Qual é o futuro desta Nação?




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