Ouvia em meados dos anos 50
meus irmãos Joaquim e Ieda falarem em um homem que pedalava um triciclo de
madeira que quase diariamente viam na Avenida Daltro Filho, hoje Duque de
Caxias, no Fragata em Pelotas, quando iam para a escola.
Tinha uma grande curiosidade
e ver tal veículo.
No início dos anos 60,
finalmente ia pela Avenida, agora Duque de Caxias e me deparei com o tal e incrível
triciclo.
Era um cidadão negro, já com
os cabelos prateados que vinha lentamente pedalando aquela coisa inusitada que
ele mesmo inventara e construíra, e que talvez tenha sido uma das ultimas vezes
que aquele cidadão pedalava o seu invento.
Todo feito em madeira,
inclusive as rodas. Rodas que eram usadas em carrinhos de mão que na época eram
os pesados carrinhos de madeira, que pesavam mais que a própria carga que
levava.
Sentava-se em um banco
tosco, e logo atrás do encosto desse havia uma grande caixa com tampa também
de madeira onde ele carregava suas ferramentas de serviço.
Parei para ver, e lá se foi
vagarosamente aquela engenhoca, cujos pedais eram presos diretamente no eixo da
roda dianteira e que com esforço eram um a um empurrados fazendo aquela preciosidade
histórica andar.
Suas mãos grandes e fortes
seguravam com firmeza o guidão também de madeira, e lá se foi pelo canteiro
central daquela avenida, onde antigamente havia os trilhos dos bondes da Light.
Anos depois, quando eu já
estava no Exército, ao passar por uma casa no fim dessa mesma avenida, no
sentido Centro-Bairro à esquerda vi estacionada no pátio em frente a uma casa
aquela peça maravilhosa que deveria estar em um museu, velho e acabado, com a
madeira quase toda carcomida pelo tempo. Empoeirado e abandonado embaixo de um
telheiro.
Talvez tenha sido consumida
pelo tempo, pois é assim que as coisas funcionam na maioria dos casos neste
país. Não há muito interesse em preservar a nossa história.
Infelizmente um país sem
memória.
Não dão importância para a
memória do povo e para a sua grande criatividade.
Por esse motivo trata-se de
um povo tão facilmente conduzido por qualquer pústula, pois nem por si próprio
sabe pensar. Tão gritante é essa realidade que basta falar com qualquer jovem,
mesmo os dos manifestos de ruas, ou e principalmente esses jovens vazios e
selvagens dos “rolezinhos” e verás que não sabem nada de nada do que aconteceu há
menos de 15 anos neste país, quanto mais o que aconteceu de bom ou de ruim
nesta terra tão carente de cultura.
Para se ter uma ideia, certa
vez perguntei a um aluno de 16 ou 17 anos o que ele sabia sobre Collor, já que
a aula era sobre as eleições e o retardado me respondeu:
- Ah, eu tenho muitas. E com cara de palerma
tirou de sua mochila uma caneta Bic Collor, mostrando-me.
E não é culpa de nenhum
professor, pois os abobados estão em aula apenas de corpo presente. Estão ali
com capuzes enfiados até as orelhas, sonzinho nos ouvidos e a mente cheia de
crack e em suas mentes vazias não tem a mínima ideia que aula estão assistindo.
Qual é o futuro desta Nação?
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