Estava em uma sala de espera
de um consultório médico no Município de Esteio esperando atendimento, quando
passei os olhos em uma quase que esquecida e velha revista jogada sobre uma
mesinha de canto. Mas como era uma re-vista, ou seja, uma coisa para ser vista
inúmeras vezes, peguei-a e comecei a folhar ao modo japonês, ou seja, do fim
para o começo, como todos os ocidentais também fazem e não se dão por conta que
é o correto de folhar. Pelo menos os destros. Sendo que os japoneses numeram
suas páginas também no sentido do que seria para nós ocidentais do fim para o
começo.
Deparei-me então com um
artigo cujo título chamou minha atenção.
“VAMOS QUEIMAR OS
DICIONÁRIOS”
Resolvi ler tal artigo, já
que o título abalou minhas estruturas.
Era um artigo da escritora
Lya Luft, belíssimo, publicado na revista Veja de 14 de março de 2012, portanto
já havia mais de um ano.
E ao ler tal artigo, entendi
o porquê do título.
Parabéns Lya.
Como sempre, magnífica.
Escreveu ela sobre esses que
nada tendo o que fazer, resolvem então enveredar pelos caminhos da intolerância
e do racismo, inventando modas para assim mascarar as suas próprias
intolerância.
Ora, se não se pode falar
negro, negrão, isto ou aquilo, devemos também proibir o uso do alemão, do
gringo, do portuga, conforme escreveu essa inteligente escritora.
O racismo está em nós e não
vai ser por leis discriminatórias que vai desaparecer.
Agora se chamar um homem
negro de negro é discriminação, chamar um Gaúcho de Gaúcho também o é? Chamar
um alemão de alemão, ou um italiano de gringo, também será?
Aliás, os de origem
alemã ou italiana gostam de assim serem chamados. Será que um negro odeia ser chamado de negro?
Então o "Neguinho" da
Beija-flor terá vergonha de seu apelido?
Grande "NEGUINHO".
E o “Raça Negra” vai mudar para “Raça Afro”?
O que as pessoas deveriam
fazer é buscar coisas mais importantes e não ficar disseminando o preconceito e
o ódio.
Assim como censurar livros
porque falam em negros e negras, como o Sítio do Pica-pau Amarelo podemos
incorrer em racismo, no que deixou claro a escritora – “Vamos queimar os dicionários”. “Vamos
queimar livros”. “Vamos queimar os escritores”.
E esses racistas enrustidos,
envoltos em suas imbecilidades, vão querer acabar com uma das mais lindas
histórias do folclore Rio-Grandense?
A história surgida entre os
Gaúchos sobre o Negrinho do Pastoreio, que pelo visto terá que ser chamado de “Petiz afrodescendente responsável pela guarda de animais cavalares em área
delimitada por estremas ou cercas de arames farpados”.
Ora!
Por favor, deixem de imbecilidades e lembrem-se que não é a cor da pele que faz o homem.
Assim não dá para ser feliz,
pois os beócios que inventam essas bobagens vão um dia querer queimar livros
como escreveu Lya em seu artigo.
Aliás, já há muitos tararacas
queimando livros espíritas em seus cultos obscurantistas onde pastores babacas
põem nas cabeças ocas de seus rebanhos apalermados que aqueles são livros de Lúcifer.
Glossário:
Estrema com
“S”. Significa sulco na terra demarcando o limite entre propriedades lindeiras.
Divisão de terras. Marco. Limite.
Extrema com
“X”. De extremo, que está no ponto mais afastado, distante, longínquo, remoto.
Que está no auge, no último grau de intensidade. Derradeiro. Último. Ponto mais
distante. Extremidade, e por aí se vai.
Lindeiras. De
lindeiro. Fronteiro, limítrofe. Vizinho com quem se faz divisa em terras ou
campos.
Lúcifer. Vem do latim, “lucem ferre”,
que quer dizer “O PORTADOR DA LUZ” e representa a estrela da manhã, a estrela
matutina, a estrela d’Alva, D’Alva ou também Dalva, que na verdade não é uma
estrela e sim um planeta chamado Vênus. (O resto que falam sobre Lúcifer é
pura invencionice do homem, cheio de medos e fantasias, conduzido por
igrejeiros medievais que inventaram uma porção de bobagens, como a da existência de demônios).
E aí vão querer queimar também o meu Glossário?
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