PS

PS

SEGUIDORES

sexta-feira, 15 de junho de 2012

A Retirada da Laguna

                                Livro Inesquecível de Alfredo D'Escragnolle Taunay

                    
A Retirada da Laguna apresenta de forma simples e ao mesmo tempo apaixonante a saga de dois povos que por meandros políticos desastrosos levaram a um confronto hediondo onde uma monarquia destruiu e uma jovem república.
                   
Não trata o referido livro da dita Guerra do Paraguai, mas de um episódio deste famigerado confronto, a chamada Campanha do Mato Grosso, que foi descrito com paixão e lucidez por um jovem tenente engenheiro do Exército Imperial Brasileiro, que participou ativamente desta refrega, de nome Alfredo D’Escragnolle Taunay, o Visconde de Taunay, cuja pronuncia é Descranhole Toné.
                   
Não retrata apenas os registros ou diários de guerra, como muitos hão de pensar, mas sim da persistência, trabalho, sofrimento, fome e morte, do desapego, do sentido maior da hierarquia militar, da disciplina dos soldados e de suas famílias, pois estas os acompanhavam.
                   
Relatos contundentes de mulheres que não se amedrontaram e iam à frente de batalha pegando em armas, e como animais de tração ajudavam a assestar canhões, municiar armas e ter a força descomunal de auxiliar a transpor toda tralha militar nos cursos d’água ou por terrenos íngremes, espinhentos ou pantanosos, sob chuva devastadora ou calor infernal, não importando o número de chagas que tinham em seus pés ou mãos.
                   
E mesmo sendo levados a sofrimentos, que estão além das forças humanas, fome, cansaço e peste, também nos leva aos momentos hilários e até cômicos, sem se afastar da rudeza dos fatos, do cheiro da pólvora e do sangue, misturados à terra roxa do Mato Grosso e do Paraguai.
                  
Do troar dos canhões como dos gemidos dos moribundos ou dos urros dos animais de tiro ou munício de bocas famélicas.
                 
Este é um livro, que sobrepuja em muito o conhecido e tão decantando “E o Vento Levou”, com a única diferença de ser de mestiços e negros lutando contra guaranis, como loucos uns contra os outros, sem ao menos saber por que lutavam. Mas lutavam cegamente e com muito ódio.
                  
Um ódio acalentado pela propaganda e pela mentira.
                  
Um ódio turvo e como todos os ódios, mesquinho.
                  
Não relata a história idílica e posterior de Scarlet Ohara, mas a das Marias, Joanas, Franciscas e tantas outras que morreram junto a seus maridos ou ficaram viúvas perdidas pela imensidão selvagem daquele Mato Grosso.
                  
Que as milhões de lágrimas derramas e do sangue vertido do peito de irmãos se tire a lição de que a convivência pacífica, a tolerância sejam um bem e não uma diferença e que a paz deve reinar entre os povos, longe das bocas fumegantes dos canhões.
                  
Tão importante foi este livro que me fez empreender uma viagem pelas cidades, hoje desenvolvidas, como Coxim. Aquidauana, Maracaju, Nioac, Jardim, Dourados, Bela Vista e outras, citadas neste livro e que na época desse maldito confronto não passavam de pequenas e pobres vilas perdidas na imensidão do Centro Oeste.
     
           Não devemos confundir a Laguna Paraguaia retratada neste livro com a nossa Laguna Catarinense

Nenhum comentário:

Postar um comentário