PS

PS

SEGUIDORES

domingo, 3 de junho de 2012

Devo Não Nego, Mas Nego-me a Pagar.


              
Conta a história popular que o ex-presidente da República Jânio da Silva Quadros certa vez usou a expressão:
              
Fi-lo porque qui-lo.
              
Ou seja, fez determinada coisa porque quis fazer.
              
Conhecendo o ex-presidente, polêmico que muitos o chamavam de louco, e um experto em língua portuguesa, jamais usaria tal e absurda expressão, pois o correto seria:
             
Fi-lo porque quis.
              
E assim vai se perpetuando essas histórias sem fundamento. Outras bobagens são ora atribuídas a um, ora atribuídas a outros, mas carecem de veracidade.
               
Porém o que é fato verídico foi por mim encontrado em 1976, em uma parede da recepção do Hotel Santa Mônica, na cidade de Corumbá, também conhecida como Cidade Branca, devido a cor de sua terra em meio ao Pantanal do Mato Grosso do Sul.
               
Lá estava e ainda deve estar uma nota fiscal do próprio hotel, em nome do referido ex-presidente Janio da Silva Quadros, devidamente emoldurada.
               
Esta Nota Fiscal fora apresentada ao ex-presidente Janio Quadros que passou trinta dias nesse Hotel, preso por ordem da Ditadura Militar, na vã ilusão de que o mesmo estando junto a fronteira da Bolívia fosse fugir do Brasil.
             
Nesse período o ex-presidente comeu do bom e do melhor e bebeu muito, como era de seu hábito. Bebidas importadas, vinhos e uísques dos melhores.
              
Acabado o seu período de reclusão imposto no Governo de Castelo Branco o mesmo recebeu uma ordem de soltura. Arrumou suas malas para ir para a estação ferroviária e tomar um trem que cortava o Pantanal rumo a cidade de Campo Grande, hoje capital do Mato Grosso do Sul, já conhecida na época por Cidade Morena.
               
Ao chegar a portaria do referido Hotel, seu proprietário, apresentou-lhe uma nota astronômica de seus gastos, contada em milhares de Cruzeiros, moeda da época.
               
Jânio, calma e atentamente olhou a nota e disse ao dono do Hotel.
               
- Meu caro senhor, estive aqui trinta dias preso pela ditadura, portanto não vim por minha livre e espontânea vontade, fui para tal coagido. Portanto a dívida não é minha. E se o caríssimo cidadão quiser receber tal conta deverá se reportar a Brasília e cobrar do Governo Federal.
               
Virando as costas, saiu tranqüilo daquele hotel sem olhar para trás.
               
O próprio dono desse Hotel, que essa história me contou, ficou sem saber o que fazer. Como ele iria cobrar de uma Ditadura aquela conta.
              
Limitou-se então em emoldurar tal nota e expô-la na portaria de seu Hotel.
              
A Nota de uma conta não paga, e com muita razão.


                                               Para aonde vou?

Nenhum comentário:

Postar um comentário