Conta a história popular que o ex-presidente da República Jânio da Silva Quadros certa vez usou a expressão:
Fi-lo porque qui-lo.
Ou seja, fez determinada coisa porque quis fazer.
Conhecendo o ex-presidente, polêmico que muitos o chamavam de louco, e um experto em língua portuguesa, jamais usaria tal e absurda expressão, pois o correto seria:
Fi-lo porque quis.
E assim vai se perpetuando essas histórias sem fundamento. Outras bobagens são ora atribuídas a um, ora atribuídas a outros, mas carecem de veracidade.
Porém o que é fato verídico foi por mim encontrado em 1976, em uma parede da recepção do Hotel Santa Mônica, na cidade de Corumbá, também conhecida como Cidade Branca, devido a cor de sua terra em meio ao Pantanal do Mato Grosso do Sul.
Lá estava e ainda deve estar uma nota fiscal do próprio hotel, em nome do referido ex-presidente Janio da Silva Quadros, devidamente emoldurada.
Esta Nota Fiscal fora apresentada ao ex-presidente Janio Quadros que passou trinta dias nesse Hotel, preso por ordem da Ditadura Militar, na vã ilusão de que o mesmo estando junto a fronteira da Bolívia fosse fugir do Brasil.
Nesse período o ex-presidente comeu do bom e do melhor e bebeu muito, como era de seu hábito. Bebidas importadas, vinhos e uísques dos melhores.
Acabado o seu período de reclusão imposto no Governo de Castelo Branco o mesmo recebeu uma ordem de soltura. Arrumou suas malas para ir para a estação ferroviária e tomar um trem que cortava o Pantanal rumo a cidade de Campo Grande, hoje capital do Mato Grosso do Sul, já conhecida na época por Cidade Morena.
Ao chegar a portaria do referido Hotel, seu proprietário, apresentou-lhe uma nota astronômica de seus gastos, contada em milhares de Cruzeiros, moeda da época.
Jânio, calma e atentamente olhou a nota e disse ao dono do Hotel.
- Meu caro senhor, estive aqui trinta dias preso pela ditadura, portanto não vim por minha livre e espontânea vontade, fui para tal coagido. Portanto a dívida não é minha. E se o caríssimo cidadão quiser receber tal conta deverá se reportar a Brasília e cobrar do Governo Federal.
Virando as costas, saiu tranqüilo daquele hotel sem olhar para trás.
O próprio dono desse Hotel, que essa história me contou, ficou sem saber o que fazer. Como ele iria cobrar de uma Ditadura aquela conta.
Limitou-se então em emoldurar tal nota e expô-la na portaria de seu Hotel.
A Nota de uma conta não paga, e com muita razão.
Para aonde vou?
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