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domingo, 19 de fevereiro de 2012

O Voo das Letras

      
     O vazio.
         O imenso vazio.
              O tudo imensamente vazio.
                  O vazio por mais imenso que seja, é nada.

                 O Nada.
                   O nada é tudo no vazio.
                      O nada é tudo que ocupa o vazio.
                         O vazio sem nada, é nada.

Feche teus olhos e lance o teu corpo no vazio do nada.
Deixe-te cair no abismo do infinito vazio.
Sinta então a brisa fresca, despojada te acariciando, envolvendo, abraçando, seduzindo com voracidade.
Abra tuas imaginárias asas em plena queda e sentirás que o imenso vazio não está completamente vazio.
E a fresca brisa é na verdade um vendaval de letras, formando furacões de sílabas, tornados de palavras, num torvelinho de frases que te sustentarão no ar do desconhecido, que passarás a compreender, a entender, a decifrar.
E o que te acaricia, te beija, te abraça com ternura, são murmúrios poéticos de mil Ninfas que ouvirás no silêncio do teu voo, vindos dos mais longínquos platôs do saber.
 Sussurros doces e meigos de mil Iaras emanados dos mais límpidos e profundos rios do entendimento te envolverão.   
    O teu vôo converterá o nada em tudo e o vazio deixará de ser um nada e verás no infinito que o infinito realmente é o tudo.
E o tudo te tocará com volúpia e paixão. Ousado. Insinuante. 
Arrisque a voar mais alto eu puder, muito acima das nuvens escuras da ignorância, impulsionado pelos termais ascendentes, sem parágrafos, nem hiatos, mas com pontos, vírgulas, exclamações e interrogações que te envolverão, e com frenesi te encantarão com lindas fábulas e poéticos contos e bem mais alto, não mais serás o mesmo e sim uma gigantesca e sábia águia.
Deixe despertar em ti a força, a grandeza e a sabedoria dessa magnífica águia.
E a águia em cumplicidade despertará em ti a curiosidade, a ternura, a leveza, o amor e a paz, em voos longínquos, serenos por sobre páginas repletas de letras como são as pradarias repletas de trigais.
Por sobre os vales encantados e floridos de palavras, sentirás a suave fragrância que se eleva no ar, penetrante e branda em teu voo compreenderás o desconhecido. 
De asas despregadas voarás em direção a um imenso clarão, não o do Sol e sim de um novo mundo.
Um mundo jamais visto.
Um mundo que te seduzirá para um amanhã.
Um amanhã sem volta.
Um mundo de faunos, duendes, valquírias, príncipes, princesas e reinos maravilhosos.
Entregue-te, seduzido, a esse mundo, pois esse é o mundo do conhecimento, um mundo mágico. Químico. Físico. Matemático.
Um mundo de linguagem, com regras e exceções da regra, mas todas disponíveis para serem compostas, rimadas, sonorizadas, consumidas, pervertidas e subvertidas.
Um mundo de descobertas, onde poderás despertar e realizar os teus mais acalentados e secretos sonhos.
E no êxtase biológico e filosófico desse frenético, histórico e geográfico vôo, cairás em ti, e verás do alto, do infinito, o tudo.
E o tudo é o infinito.
E o tudo é infinitamente grande.
E nada e tão grande quanto o infinito.   
E tu és tudo.

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