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segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

China – A Beleza Insofismável da China

          Republicação melhorada.

Alguns alcaides dizem que china é mulher de vida fácil, perdoem-me, mas isto é tão verdade quanto Gaudério ser Gaúcho. Gaudério quer dizer vagabundo óbvio é que vem sofrendo uma grande transformação, pois muitos por confundirem as coisas a usam para designar um Gaúcho, ou seja, já está se tornando um neologismo como china que quer dizer mulher, esposa, companheira, prenda, mas tais palavras sofreram essas derivações por falta de conhecimento o que me deixa mui malo.

Gaudério – aquele que vive ao gáudio. Vagabundo – Gaudério provém de Gáudio que quer dizer vadiagem alegre e ruidosa; pândega, folia, gaudério. Gauderiar, andar sem rumo pelas estâncias e estradas.

Já no dialeto gauchês o termo china, herança dos Charruas e outros Pampeanos quer dizer mulher. Mulher da campanha, esposa ou prenda querida do Gaúcho e por ser prenda é uma joia rara e bela que com muito prazer, ele diz ao visitante:

- “Haciendole conocer a mi chinita y a mi rancho”.

China és la mujer del índio. Hembra.

China é a mulher do índio. Fêmea

Segundo Barbosa Lessa, grande mestre Gaúcho, CHINA vem das palavras Che e Ina, que quer dizer, che ou tche meu ou minha e ina quer dizer companheira, amiga, prenda. Donde surgiu o termo China (Mulher).

Alguns calaveiras sem conhecimento, com las catracas ocas associam o terno china ao que não é. Como casa de las chinas (cabaré) e outras baboseiras ditas por biguanos e bacudos. Pode até, com muita parcimônia, ser utilizado, mas botar muito tento quando a usar, porém china é um termo que nos remete a mulher, esta figura tão maravilhosa sem a qual nem eu nem tu estaríamos aqui neste mundo, porque são únicas e maravilhosas hembras que por nove longos meses embarazadas nos carregam en el vientre. São cheias de graça, que fazem nossa vida ter graça, pois sem elas seria verdadeiramente uma desgraça.

É comum ouvir em reuniões familiares alguém dizer:

- Enquanto os machos ficam aqui assando a carne as chinas vão lá pra dentro preparar as saladas.

Ou:

- Como está a tua avó, a Dona Eufrosina?

- Mas tche! A china véia anda mais algariada que guria nova, toda folheirita e rebetchada e se vai para os surungos de ponto fixe, de coração estreleiro, todos os finais de semanas, carreteira afora, no tranquito faceiro.

La sangre de sus venas, sangre de misma cepa. Mi mujer, mi china Sandra y otras chinitas misioneras en las Ruinas de San Miguel de las Misiones.

E por respeitar e amar as mulheres, afinal sou neto, filho, sobrinho, marido, pai, sogro e avô de mulheres fantásticas, ter respeito e carinho com todas elas é uma obrigação que mantengo siempre. Respeitar, respeitar e respeitar.

Sejamos honestos...

...às que merecem. 

Porém a ideia de escrever sobre Che, Tche, Ina, China e de nosso poeta maior Jayme Caetano Braum e fazer alusão ao nosso grande historiador Barbosa Lessa, devo ao belíssimo blogue “Minha Vida de Campo”, da respeitável senhora Professora Anajá Schmitz, da Cidade de Osório, que postou um comentário em uma publicação anterior deste meu blogue, o que me deu a ideia de escrever sobre estes termos que fazem parte do jeito único de falar dos Gaúchos, tanto na Republica do Rio Grande do Sul, na República da Argentina e na República Oriental del Uruguai.

Jeito peculiar que os forâneos não entendem, mas que faz grande diferença de ser do Sul, afinal somos diferentes.  

E basta olhar para ver que eu sou do Sul.

           Minha vida de campo! blogspot.com/

E quando pessoas de cultura, como a caríssima senhora Anajá opinam e se fazem presentes tenho que abrir um grande espaço, que com prazer o faço, pois a intenção de meu blogue é servir para expor não só as minhas ideias que nem sempre estão de acordo com o pensamento de muitos, mas não é esse o objetivo, pois não tenho que agradar a todos, mas também o de compartilhar outras ideias e pensamentos bons e interessantes. Por isto este espaço está sempre aberto e à disposição de todos. E recomendo aos meus leitores que façam uma visita a Minha vida de campo! blogspot.com/ belíssimo blogue, da Professora Anajá.

Costumo escrever muito sobre a cultura Gaúcha e procurar dar o verdadeiro sentido das palavras usuais, principalmente na Campanha, Fronteira Oeste e Missões, terra dos Gaúchos rio-grandenses e do Norte e Nordeste do Estado, a terra dos Birivas, que são partes históricas de minha República do Rio Grande do Sul, como, em constantes viagens pelo Uruguai e Argentina conhecer novos termos e aprender também com los Gauchos (Gáutchos), hermanos de misma sangre.

Sou do Sul!

Voltando aos termos pampeanos, che, tche, china e não esquecendo de tantos outros como piá, que quer dizer coração, mas que pelo não entendimento de portugueses e espanhóis tomou o sentido de menino, quera (cuéra, maldito acordo ortográfico que tirou o trema), alcaide, bacudo, que vem de “tabacudo” bateclô, muitos de origem dos povos pré-colombianos e outros surgidos do gênio criativo da querência, lembramos que alguns caborteiros metidos a entendidos, malevas e sem cultura crioula dizem que Tche vem da palavra celeste (Tcheleste), não sei de onde o alcaide tirou essa bobagem, só pode ser coisa de igrejeiro que ficam dizendo e escrevendo asneiras que não entendem, num puro e asqueroso achismo. Isto é não conhecer as línguas pampeanas que são a origem do Gauchês, este amalgama que entreverou as línguas charrua, minuano e outras com o idioma espanhol e por último a língua portuguesa

O Gauchês é este dialeto que uma minoria na própria República do Rio Grande do Sul conhece e domina, Gaúchos e Birivas, já que grande parte de nossa República tem, negros, os quais contribuíram muito com a cultura gaúcha, italianos, alemães mestiços e outros. Também vamos encontrar principalmente na Grande Porto Alegre muitos queras (cuéras) sem pedigree que falam e se comportam conforme a televisão vai metendo goela abaixo, aquele jeito nojento de falar todo chiado. Papagaios que imitam as afetações de gente que fala diferente de nós Gaúchos, e o pior, andam até imitando o que faz aquela gente de “comunidade”, caminhando todo se balançando feito João-bobo de posto de gasolina, sem camisa e de chinelos de dedo. Coisa asquerosa, nojenta, e bagaceira. Pior, estão até falando “você” no lugar de “TU’.

Tu é o jeito correto do Gaúcho prosear, pois esse negócio de você é coisa de estrangeiro.

Vá te danar, alcaide “fazido”.

Outrossim se fosse TCHE de Tcheleste, estaria espraiada por toda a América Latina, principalmente a espanhola, entretanto somente vamos encontrar essa expressão nas áreas antes ocupadas pelos índios pampeanos, notadamente o charruas e ao rededor. O termo TCHE - CHE é muito usado nas Repúblicas do Uruguai, que por muitíssimos anos foi chamado de Banda dos Charruas e da Argentina, donde surgiu o “Che” de Guevara, que muito mambira pensa ser o nome deste herói argentino, cujo nome é Ernesto Rafael Guevara de la Serna, que foi um revolucionário marxista, médico, autor, guerrilheiro, diplomata e teórico militar argentino. Uma figura importante da Revolução Cubana

Portanto para os alcaides metidos a besta, o termo Che que os "castelhanos" pronunciam “Tche” vai surgir o Tche aportuguesado, procede de línguas pampeanas e quer dizer "MEU" e ponto. Ou seja, CHE é igual a MEU. Che guri = meu guri, che piá = meu coração. Che ina, china = Minha amiga.

Pois a palavra "ina", de mesma procedência quer dizer amiga e companheira donde vem CHINA de Che-Ina. Contestar isto é contestar nosso maior historiador, Barbosa Lessa.

Selecionei de Jayme Caetano Braun, estes dois retalhos de sua têmpera crioula que fala sobre a CHINA, essa presença tão marcante nas dos Tauras e Taitas, e que os guris, mais sestrosos do que peru pisando no trevo também, meio sem jeito, querem na prosa entrar, mais ficam meio desquarteados quando os mais velhos e matreiros os isolam só no olhar.

Dei de mão numa tiangaça

Que me cruzou no cortado

E já saí entreverado

Entre a poeira e a fumaça,

Oigalê china lindaça,

Morena de toda crina

Dessas de venta brasinha

Com cheiro de lechiguana

Que quando ergue uma pestana

Até a noite se ilumina.

...

 

A china eu nunca mais vi,

No meu gauderiar andejo,

Somente em sonhos a vejo,

Em bárbaro frenesi,

Talvez ande por aí

No rodeio das alçadas,

Ou talvez nas madrugadas

Seja uma estrela chirua

Dessas que se banha nua,

Nos espelhos das aguadas.

 

Aqui Jaime Caetano escreve Chirua, com “ch”, pois alguns brasileiros inventaram que é com “X” – Xiru, Xirua, Xui, porém acho correto que seja escrito com “CH”, pois provém de palavras originais com “ch”, e daí, danem-se, pois o gauchês deve ser preservado como tal e sem essas afetações de alcaides forâneos que vão inventado regrinhas que não servem para nenhum pelo duro.

A palavra Che, pronunciada “Tche” é falada pelos castelhanos, porque o C+H forma este meio “Tch” de cuchara, (colher) cuchillo (faca), chicharo (ervilha) chimenea (chaminé ou lareira), lechuga (alface), lechuza (coruja) ou seja, pronuncia-se: cutchara – cutchijo – tchitcharo – tchimenea - letchuga - Letchuça.

 

 

Oigalê! Acabou!

 

3 comentários:

  1. Olá meu querido amigo, que alegria ler esses texto que nos ensinam tanto. Acreditas que lembrei do senhor ontem. Fiz arroz com pessego, como dizia meu pai, arroz com pesco. hahaha Retornei no passado. Muito obrigada pelo carinho e amizade. Esta poesia do Jayme caetano braum meu marido declamava quando nos conhecemos, ele também faz parte do meu passado. Abraços na Sandrinha e na família. Desejo um novo ano cheio de alegrias e felicidades junto aos teus familiares. Fica com Deus!!!

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    1. Olá caríssima Anajá.
      De vereda já vou te dizendo que vovó dizia também pesco ou dizia, vou comer um pesquinho. Boas recordações da velha Bibira, guapa indiazita de Canguçu. Pois é minha respeitável amiga, escrever coisas do Rio Grande me apraz muito, pois cresci entre tauras e taitas, entre chinas despachadas, guapas e decididas, como minha avó, mãe de meu pai e minha mãe que era meiga e educadíssima, porém virava fera em defesa dos filhotes. Caríssima, desejo um bom ano para vocês, com muita saúde. Abraços a todos.

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    2. Olá caríssima Anajá.
      De vereda já vou te dizendo que vovó dizia também pesco ou dizia, vou comer um pesquinho. Boas recordações da velha Bibira, guapa indiazita de Canguçu. Pois é minha respeitável amiga, escrever coisas do Rio Grande me apraz muito, pois cresci entre tauras e taitas, entre chinas despachadas, guapas e decididas, como minha avó, mãe de meu pai e minha mãe que era meiga e educadíssima, porém virava fera em defesa dos filhotes. Caríssima, desejo um bom ano para vocês, com muita saúde. Abraços a todos.

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