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quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

O Velho Pedra de Rosário do Sul

Imagine que eu te peça para escrever sobre o meu bisavô Joaquim Luís Teixeira, que morava em Rosário do Sul no Século XIX, quando nem Rosário do Sul existia com esse nome e sim Passo do Rosário. Ele por ser um homem mau e rude era chamado de Velho Pedra.

Viajarás para Rosário do Sul com esta intenção, porém passados mais de cem anos de sua morte o que aquele povo maravilhoso de Rosário saberá sobre Joaquim.  

Nada.

Porém algum parente longínquo ou agregado da família te dirá que ele era um rude homem com um coração de pedra, o que lhe valeu o apelido de Velho Pedra.

Esta é toda a informação que terás num primeiro momento. Porém, no meio da conversa aparecerá alguém que seria um tataraneto de um conhecido de um neto do filho de Joaquim, um homem já com mais de oitenta anos e te dirá que “parece”, não tenho certeza de que ele participou da Revolução Constitucionalista de 1893.

Tu de posse destas parcas, digo, parquíssimas informações escreverás:

“Houve um tempo que pela Região do Passo de Rosário, bela região de planuras infindáveis, onde o mel de lechiguana era abundante e pomares de pêssegos perdiam-se de vista, havia um revolucionário forte e destemido, que em uma mão carregava um rebenque de lonca trançada e na outra uma cuia de chimarrão, e esse homem era impossível matar, pois o mesmo tinha no lugar do coração uma estrutura de pedra, fortíssima que nenhuma espada ou bala poderia atravessar. Esse ser era o causador de diversas guerras entre os Maragatos e os Pica-paus, conhecida com Revolução Federalista de 1893 e depois liderou em 1923 outra Revolução, contra os Chimangos que se entreveraram em lutas pelo controle da Pampa e a frente dos Exércitos estava Joaquim”.

Porém meu bisavô Joaquim não comprava camorra, dava de ombros para qualquer rusga, as não ser as dele.

Porém ao ler este relato, anos e muitos anos depois outro escreverá loas fantástica aumentando esse relato e escreverá:

“Houve um tempo longínquo, que pela Região do Passo de Rosário, bela região de planuras infindáveis, onde o mel de lechiguana era abundante e escorria das pedras e pomares de pêssegos e uvas perdiam-se de vista, havia um revolucionário forte e destemido, que em uma mão carregava um açoite de lonca crua e na outra uma cuia de prata, cravejada de rubis para tomar o seu tererê, de mais pura Ilex Paraguariensis, Esse homem era quase imortal e já participara das Guerras Guaraníticas em 1750 e também da Formação de Portugal em 1139, e já havia vivido mais de 800 anos, sendo que o mesmo tinha no lugar do coração uma estrutura dos mais raros diamantes, fortíssima que nenhuma espada ou bala poderia atravessar. Esse ser incrível era o pacificador de diversas guerras entre os Maragatos e os Pica-paus, conhecida com Revolução Federalista de 1893 e depois pacificou em 1923 outra Revolução, dos Maragatos e Chimangos que se entreveravam em lutas pelo controle da Pampa e a frente dos Exércitos Pacificados estava Joaquim”.

Agora imagine mais cem anos, vários homens escrevendo e enfeitando sobre Joaquim e dentro de dois mil anos com milhares escrevendo sobre meu bisavô, alguém de posse de milhares de livros inverídicos que foram escritos sobre Joaquim, compilando tudo o que foi escrito e relatado, todas as fantasias e loas que foram escritas, linhas em pedaços de recortes de jornais, documentos falsificados lançará um, best-seller, que dirá:

“No antigo Reino de Rosário, nome esse dedicado a Nossa Senhora do Rosário, um anjo vindo dos Céus, conhecido há mais de mil anos, em uma carruagem de fogo, puxada por lindos cavalos brancos e cercada de anjos, serafins e querubins, chamado Joaquim, o Deus da Esperança, trazia em sua sagrada mão direita a espada resplandecente da justiça, feita de puríssimo ouro e na outra a sua imagem santificada, seu coração aparecia através de sua túnica banca, era um coração puro, sereno e bom e Ele sendo o próprio Deus, veio a Terra para nos salvar, enfrentado exércitos de demônios que traziam para o mundo dos homens os pecados e a devassidão e Ele encheu o mundo de glória e graça e todos maravilhados correram para recebê-lo em júbilo, e de joelhos oraram pelos campos e vilas ao lado dos corpos dos pecadores que ardiam em chamas e cada lágrima que caiam de seu olhos puros, rosas e cravos floresciam tornando a Campanha em um Paraíso Celestial...”

Assim nasceria uma nova Religião, que receberia o nome de Joaquinismo.

Preciso explicar mais ou chegaste a tua própria conclusão, pois assim é que a mentira cresce, assim é que as pessoas são enganadas e passam a acreditar em qualquer palavrinha bonita que se plante em suas mentes pouco privilegiadas. Agora vejas que essa mentira teria sido aumentada por mais de dois mil anos, quantas coisas falsas e mentira seriam escritas e todos pensariam ser verdade?

Preciso dizer mais alguma coisa.

É hora de acordar, pois o mundo já está cheio de meigos e enganados que acreditam nas mentiras que são ditas dentro de igrejas e templos.

 

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