Diz o ditado Gaúcho que não
há nada mais faceiro do que mosca em tampa de xarope, e para não ser grosseiro
digo que “mudam as moscas, mas o xarope é mesmo”.
É assim que vejo em muitos
casos a educação, onde passam governos e todos vem com a mesma conversa, a de
erradicar o analfabetismo, como a Alfabetização Solidária do FHC e mesmo o
Brasil Alfabetizado do Lulinha, como o ocorrido em nosso Estado onde uma
Secretaria de Educação simplesmente quase destruiu a educação deste que já foi
um dos Estados mais pujantes na educação, além de outros fracassos de outros
governos.
É um assunto muito
importante, tão importante que não deveria ficar nas mãos de tecnocratas e
muito menos nas mãos de políticos. Por outro lado não se pode sobrecarregar de
responsabilidades os governos, sejam eles quais forem, pois se analisarmos mais
profundamente vamos ver que a maior responsabilidade recai sobre a família e
também sobre o interessado, neste caso diria sobre o desinteressado.
Não podemos apenas ficar
jogando a culpa nos governantes pelos altos índices de analfabetismo, na evasão
escolar e nos locais de difícil acesso, pois isto está intrinsecamente
relacionado com ao desinteresse e a apatia da clientela. Podemos até, por outro
ângulo de visão culpar as estruturas inadequadas e falidas de muitas escolas,
os baixos salários dos professores, a falta de material didático, porém o que
observo dentro dos cursos noturnos atendido pela EJA é o total desinteresse da
esmagadora maioria dos alunos, que estão ali apenas passando o tempo a espera
de um certificado, porém não estão adquirindo nenhum conhecimento efetivo, pois
a ele não interessa. E como escrevi neste blog, “EJA Entre Outros”, estamos
certificando o analfabetismo, mesmo que seja o analfabetismo funcional.
Ouço e vejo maravilhas sendo
ditas e publicadas sobre a EJA, projetos maravilhosos, profissionais otimistas,
cheios de gás e redobrado euforismo, entretanto se é uma forma certa de educar
a pergunta que fica em suspenso é a do por que tanta evasão escolar? Por que as
turmas iniciam o ano com 30 ou 40 alunos e ao chegarmos ao fim do ano temos
essas mesmas turmas com três ou quatro alunos. Mas aí se inicia a tortura
mental em cima dos professores, pressionados pelas Secretarias, onde também
muita incompetência impera e um estado de desinformações, falta de respeito e omissões
se instala deixando os grupos discentes em total apatia e incertezas.
As “autoridades” ligadas à
educação devem jogar a culpa nas costas dos professores, aliás, uma
ex-assessora de uma Secretaria de Educação de um município da área
metropolitana de Porto Alegre-RS, comparou os professores e professoras da EJA
a uma empregada doméstica vagabunda, que passa os dias de pernas para o ar sem
nada fazer, porém parece que ninguém
está vendo que não são tampouco as condições sócio econômicas dos que desistem são
as responsáveis pela evasão escolar e sim um total desleixo, uma total apatia,
um total e real desinteresse em
aprender.
E dentro das salas de aula o
que se pode observar são alunos perdidos em seus confusos pensamentos, muitos
dos quais além da apatia que abate uma grande parcela outros apresentam total e
inegável desrespeito não só com os professores como com os próprios colegas que
ali estão realmente para aprender. Muitos são tão desinteressados que passam a
maior parte do tempo trilhando pelos corredores, indo a todo o momento ao
banheiro, pois assim procedem porque há muitos professores que para não se
incomodarem permitem que em determinados horários um quase caos se estabeleça.
Outrossim, muitas são as
direções e equipes que se omitem e não querem enfrentar os graves problemas de
indisciplina por medo ou por acomodação, muitas vezes dando de ombro para os
pleitos dos professores.
Não vi, não ouvi, não falei.
Já, por outro lado podemos
encontrar profissionais realmente interessado, porém esses trazem os problemas
à tona e isto também incomoda aos que estão acima e geralmente o errado é o que
vê, é o que ouve e é o que fala.
Uma das soluções que vejo
para a EJA é uma reestruturação, a começar pela idade, pois guri de 15 anos não
é para estar estudando à noite, a noite é para adultos, e um indivíduo passa a
ser considerado adulto a partir de determinada idade, que fica entre os 18 e os
21 anos, pois entre essas idades é que o cidadão pode agir por sua livre conta,
não precisando de nenhum responsável para firmar contratos, conduzir um veículo
automotor, ser militar e tomar atitudes responsáveis. Alguns dirão, mas eles
podem votar aos 16 anos. Mas isto é outra história, para outra matéria, pois se
o meleque de dezesseis anos pode votar e decidir o futuro de um Município,
Estado ou País, este mesmo moleque deveria responder criminalmente como adulto
e não como um imaturo, irresponsável, irritante e irracional.
Abro aqui um espaço para
esclarecer que alguns meninos sãos excelentes alunos, meninos, que não chegaram
aos dezesseis anos, os quais trago sempre em grande consideração e respeito, mas pensam como adultos, querem aprender, são
esforçados e educados, esses, infelizmente, são a minoria absoluta.
Por outro lado vamos
encontrar nesse meio, pessoas maiores de trinta anos que buscam conhecimento,
são ordeiras e sabem bem que estão ali para aprender e necessitam do
conhecimento de um professor, alguns destrambelhados que já passaram em muito a
idade escolar que tem a extrema soberba, aliada a extrema ignorância de
pensarem que sabem mais que um profissional que estudou anos a fio, e que se
formou em uma ou duas faculdades, é muitas vezes um pós-graduação, quando não um mestrado e
esses alunos, também como um guri irresponsável, muitas vezes dormindo em aula e ao final dessa tecem comentários desairosos, mostrando bem sua ignorância. Estão ali, na EJA só de corpo presente para
pegar o certificado e como muitos guris será diplomado sendo um analfabeto
funcional.
Devemos urgentemente repensar
uma nova EJA, antes que seja tarde, e já é muito tarde para corrigir todos os
erros do passado. Erros grosseiros como o de diplomar pessoas sem as mínimas
condições.
As fotos apresentadas nesta matéria, onde apareço ministrando uma aula foram tiradas e pertencem a competente colega Aldaiza Fabiana (Blog: Etapas Inicias EJA-CMEB Santo Inácio-Esteio-RS)
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