Céu e Seus Mistérios

O Céu de Pelotas.

Passo a relatar um dos acontecimentos mais fantásticos de minha vida, que tive o privilégio de ver, coisa que pouquíssimos mesmo munidos de grandes telescópios não viram e pouquíssimos verão.

 

Corriam os últimos anos sessenta, noite de céu claro e estrelado. Não havia naquela época essa profusão de luzes que ofuscam nossa visão do firmamento, portanto o céu se descortinava maravilhoso, cheio de estrelas e outros pontos luminosos, coisa que em alguns bilhões de anos não existirá, Tudo será destruído por um Big Rip, ou um Big Crunch, ou por um Big Freeze e ou um Big Slurp.

Tanto faz.

A teoria que estiver correta acabará com a vida neste precário, confuso, feroz e admirável Universo o que contraria a crença de que “o que deus criou é eterno”.

Nada é eterno.

Caminhava, então, pela Rua Andrade Neves, em Pelotas no sentido da Avenida Bento Gonçalves, pela calçada da esquerda. Morava nessa época a oito quarteirões do centro da cidade, uma área ainda considerada centro e me dirigia para casa em que morávamos, à Rua General Argolo 325, entre a Andrade e a 15.

No momento em que atravessava a Rua 7, vi no final da Andrade duas estrelas que se destacavam por seus exuberantes brilhos, pareciam estar uma ao lado da outra, porém uma delas não era uma estrela e sim o planeta Vênus, também conhecido como Estrela D’Alva, Vésper, Vespertina, Lúcifer ou aqui o Sul chamada pelos Gaúchos de Boieira quando aparece na madrugada. Também é chamada de Estrela do Pastor, obviamente pastor de ovelhas que conduz seus rebanhos para outras pastagens, pois não me refiro a esses pastores ladinos que mentem e enrolam o povo com historinhas bobas e ficam ricos da noite para dia com o dinheiro extorquido dos extremamente dominados por essas histórias bobas mas que dominam as mentes.

Obviamente a estrela que estava um pouco mais acima deveria estar distante algumas centenas de anos luz, ou seja, estavam distanciadas, porém a impressão era de estar uma ao lado da outra. (Visão 2D), já que Vênus está apenas a 41.000.000km da Terra. Na verdade pela distância e pela velocidade da luz, que é de 300.000km/s, tal estrela já estaria em outro lugar no espaço, porém a visão que eu tinha dessa estrela seria a visão da luz lançada por ela a centenas anos da Terra, já que a luz do Sol refletida por Vênus leva apenas dois minutos e trinta segundos para alcançar a Terra.

Muitas pessoas ao olharem para uma estrela acreditam que ela esteja ali, naquele lugar, porém a mesma estrela pode estar a centenas ou milhares de anos a frente, em outro lugar, pois o que se está vendo é a luz que dela partiu há centenas, milhares ou milhões de anos, talvez nem mais exista aquele ponto luminoso que estamos vendo. O que é difícil de muitas pessoas compreenderem.

Assim como ao estarmos em um lugar distante da “civilização” ou em um blackout podemos ver infinitas estrela cintilando no céu que não vemos dentro de uma cidade iluminada, assim como durante o dia não podemos ver nenhuma estrela, pois a luz penetrante do Sol nos impede de ver estrelas durante o dia.

Não, dona Marócas, durante o dia há sim milhões de estelas no céu.

Quando estava chegando à Rua Senador Mendonça notei que a estrela começou a brilhar mais do que Vênus e eu já havia caminhado mais de quatrocentos metros contemplando aquela dupla fascinante.

 

Porém na esquina da Andrade com a Senador algo de estranho, assustador, maravilhoso, magistral e sensacional aconteceu diante de meus olhos. A estrela brilhante, numa fração de segundos se desfez e seus pedaços deixaram rastros luminosos e também em milésimos de segundos desapareceram, ficando apenas em seu lugar um vasto e negro espaço e mais longe pontos luminosos ressaltaram.

 Obviamente que tudo isto teria acontecido há centenas ou milhares de anos, porém em milésimos de segundo, a olho nu vi uma coisa fascinante, bela, eletrizante, espantosa, assombrosa, admirável, esplêndida, estonteante, excepcional, exótica, extraordinária, extravagante, fabulosa, fenomenal, formidável, ímpar, impressionante, incomum, incrível, invulgar, ímpar, maravilhosa, notável, prodigiosa, rara, sensacional, singular, surpreendente e única em minha vida.

A luz havia percorrido centenas ou milhares de anos até ser captado por meus olhos. O que eu vi, naquela fração de segundo ficou gravado em minha mente como se tivesse acontecido, naquele instante. Uma maravilhosa visão ocorrida não sei quantos anos luz da nossa casinha azul chamada Terra.

Ao chegar a nossa casa relatei a meus pais que ficaram incrédulos sem nada dizerem, assim como muitos que estão lendo este post ficarão incrédulos.

 

Muitos hão de pensar que foi um fogo de artifício, porém não era época de fogos e um fogo de artifício não ficaria parado no céu enquanto eu caminhava mais de quatrocentos metros, assim como um bólido ou cometa, que deixaria sua marca no entrar da atmosfera terrestre, mas como pude observar casualmente isto teria ocorrido centenas de anos luz além de Vênus.

              Multiversos ou poliversos
                

Enfim fui um privilegiado em ter visto esse espetáculo, que acontece a cada minuto neste vastíssimo e “quase infindável” Universo que se algum observatório tenha registrado não posso afirmar, pois nada soube, mas apenas levar até o fim de meus dias essa espetacular visão do Universo. Universo que um dia não mais existirá.

Na verdade fui um privilegiado em poder ver uma fascinante explosão que durou milésimos de segundos que num piscar de olhos não seria visto.

Maravilhoso fim de uma estrela que até hoje está em minha memória. Uma fantástica visão do céu noturno de Pelotas, minha cidade natal.