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segunda-feira, 25 de maio de 2020

Fábulas




As fábulas ou lendas, tão comuns entre todos os povos e culturas, em verdade são ficções, muitas delas muito bem narradas e os exageros dos fatos, que são intrínsecos desta tradição oral, com o tempo vão sofrendo alterações. Elas existem muito antes da escrita ou muitas, mesmo na Era Comum se formaram entre povos cujo conhecimento da escrita ainda não os tinha alcançado, como as lendas amazônicas pré-colombianas, como a do Boto (1), Curupira ou Caipora ou as do Rio Grande do Sul e Uruguai como a da Salamanca do Jarau (2) e tantas outras não só no Brasil como ao redor do mundo cheio de leprechauns, duendes, lobisomens, fadas, bruxas e seres fantásticos, bons e aterrorizantes.


Essas lendas possuem elementos criados pela mente humana, mas esses elementos são tão dramáticos que causam aos ouvintes uma verdadeira fascinação. Povos incultos, simples que sequer luz possuíam para iluminar a escuridão em que viviam, a volta de fogueiras em noites ociosas eram encantados pelo narrador prolixo que a cada vez enfeitava mais sua narrativa, cativando mentes, pois via que quanto mais fantasiosa fosse sua narrativa mais as pessoas eram cativadas por seus contos cheios de elementos humanos, animais, e principalmente sobrenaturais, porém todos possuíam uma grande força, surgindo daí muitas crendices que encantavam a todos, adquirindo novos contornos de acordo com a região.


Ao longo de muitos anos encontrei lendas que perpassam fronteiras. Há no Sul do Brasil a lenda do “Taita”, “Taita eu tenho dentes”, é de arrepiar, porém fui encontrar a mesma lenda em Cuba, cujo nome me fugiu da memória, mas conta a mesma história “Papá, yo tengo dientes”.


Antes mesmo da Era Comum havia na Europa lendas que encantavam e assustavam e nisto os gregos foram exímios com as lendas de Leda e o Cisne, Europa e o Touro (3), Teseu e o Minotauro, a Odisseia (4), Rei Midas, Sereias, Ciclopes, Faunos, Medusa e tantas outras que até hoje estudamos, lemos e nos envolvemos com emoção e encanto, com pavor e medo, porém a lenda mais conhecida e confundida com a realidade devemos aos celtas que relataram a célebre “história” de um rei, o Rei Arthur, numa narrativa belíssima composta de folclore e invenções maravilhosas que encantaram e continuam a encantar os leitores ou os ouvintes.


Dessas centenas ou milhares de lendas uma passou a ser “verdadeira” e que movimenta milhões de pessoas ao redor do mundo, pois foi uma lenda estatizada. Uma vez que uma lenda, uma farsa, uma mentira passe a ser coisa oficial de um estado ou nação, ela passa a ser entendida como verossímil, ou seja, a lenda passa a ser uma coisa que acreditam ser verdade. Assim fizeram os judeus, quando pegaram as lendas, repito LENDAS bíblicas e as introduziram na história de seu povo, no caso o judeu e essas lendas como o Dilúvio Universal, o Bonequinho de Barro, infantil história onde até uma serpente fala, passaram a ser entendidas a princípio por pessoas totalmente analfabetas, desprovidas de inteligência, mas que se mesclou ao poder dos estados e com o tempo passaram a ser consideradas verdadeiras e hoje domina a mente de 1/3 da população mundial, onde mestres e doutores a elas se submetem irremediavelmente, fora os espertalhões que a elas se unem para enriquecerem às custas dos pobres, infelizes e desesperançados.


Quanto às lendas, leia neste espaço o post com o título o Quintal, de 24 de outubro de 2015, que versa sobre o folclore brasileiro. Saci Pererê, Iara, Corpo Seco, Comadre Florzinha e outros. Como o Mboi Tatá (5)ou Cobra de Fogo. Esta palavra Mboi tatá, ou Mboitatá se pronuncia  sem caracterizar a letra M, esta deve ser pronunciada sumida, ou seja, pronuncia-se o “M” com os lábios cerrados, como sendo apenas “Boi”, ou se for possível pronuncie mi, engolindo o i e pronunciando logo após o boi. Há em São Paulo uma importante artéria chamada Mboi-Mirim, que quer dizer COBRA-PEQUENA, mas por desconhecimento dos irmãos paulistas vejo muitos repórteres de grande emissora pronunciarem ERRADAMENTE – Eme boi-mirim. Seria mais correto pronunciar nhûboi. Esse nhû deve ser pronunciado no fundo da garganta e sem abrir a boca, assim como os antigos povos indígenas falavam. 

(1) O boto, o animal boto existe nos rios da Amazônia, porém a lenda de que o boto, em noites claras sai das águas e toma a forma de um homem e vai pelas vilas e cidades ribeirinhas seduzindo as moças, coisa que muitos povos da Amazônia acreditam é uma lenda. Pura lenda, inventada para encobrir que uma “moça” tenha perdido a virgindade para o ser mitológico, assim não faltaria um pretendente para desposá-la e até assumir a paternidade do filho do boto, assim como a moça que perdeu a virgindade andando de bicicleta. Haja paciência e mocoranguice*.


(2) Salamanca do Jarau – O Cerro do Jarau existe na cidade de Quaraí, Rio Grande do Sul, na Fronteira com a República Oriental do Uruguai, conta história que quando ainda essas terras pertenciam ao Reino da Espanha e que quando por ali passavam os primeiros exploradores espanhóis, olhavam de longe aquele afloramento rochoso no meio do Pampa que fortemente iluminado pelo Sol, parecia-lhes a Cidade de Salamanca, Cidade e Província espanhola na fronteira de Portugal. Dai vai surgir a lenda de Teiniagua. Princesa Moura transformada em lagartixa, donde, acredito eu que por confundirem com o animal parecidíssimo com uma lagartixa, a salamandra, pertencentes aos urodelos. Os urodelos constituem uma ordem de anfíbios caudados, que compreende as salamandras e os tritões. Superficialmente assemelham-se a lagartos, dos quais podem ser distinguidos pela ausência de escamas, surgiu a história dentro da lenda da salamandra do Jarau.


(3) Europa e o Touro: - Europa, em grego: Εὐρώπη, na mitologia grega, Europa era filha do rei da Fenícia, Agenor, e irmã de Cadmo. Foi raptada por Zeus que se transformara num touro para que sua ciumenta mulher Hera, não percebesse. (O importante é que todos, repito, TODOS os deuses não são oniscientes, como o deus Cristão que não é onisciente, não é onipotente e não é onipresente) Em Creta, Europa teve três filhos de Zeus: Minos, Radamanto e Sarpedão.


(4) Odisseia: - Odisseia é um poema de Homero, do Século IX antes da Era Comum, que relata as aventuras do herói grego Ulisses: Então por que não é Ulisseia? Não é Ulisseia porque Ulisses vem do latim, dos romanos que para os gregos é Odysseus (Odisseu) rei de Ítaca. Eis aí a dúvida que povoa a mente de muitos. Odisseu – Odisseia.


(5) Mboi Tatá ou Cobra de fogo: Os índios de modo geral no Brasil não amazônico não conhecendo o fenômeno do Fogo-Fáctuo - Luz que aparece à noite, emanada de terrenos pantanosos ou de sepulturas, e que é atribuída à combustão de gases provenientes da decomposição de matérias orgânicas; boitatá, fogaréu. Mboi-tatá, em 1560 o Padre José de Anchieta registrou: "Há também outros (fantasmas), máxime nas praias, que vivem a maior parte do tempo junto do mar e dos rios, e são chamados baetatá, que quer dizer “cousa” de fogo e concluía que, “ainda não se sabe com certeza”. 

Até tu, Anchieta?

Depois desta incerteza de Anchieta me vou campo a fora sem medo de Mboi-tatá, baitatá, batatá, biatatá, Jean de la foice e tantos outros nomes que possam dar a esta lenda.

Elucidário:

·         Mocoronguice: Qualidade de ser mocorongo. Tonto, abestado, biguano, bacudo, besta, soronga, estafermo, desasado, matutado, alvar, aloprado, imbecil, idiota, apatetado, bocó aparvalhado, bocoió apalermado, amalucado, abobado, boboca, otário, babaca, mocó, panaca, estrupício, tolo, bobo, coió, parvo, atoleimado, aluado, tantã, sonso, pacóvio, tanso, paca, pascácio, papalvo, lorpa, mané, arigó, toleirão, burro, estulto, lerdaço.

Ufa! Chega!

9 comentários:

  1. Meu grande irmão Pedro (que és pedra fundamental), em meu coração de Leão (não pela coroa real, mas sim, pela bravura).
    Bravura essa, que vamos enfrentando o danado do vírus dia a dia, “bichinho teimoso”, que não quer ir embora.
    Sobre o teu texto de hoje, o amigo sabe que sou um grande colecionador de ditos, de expressões populares e frases (escrevo também as minhas). Sou um historiador voraz de lendas, fábulas, mitologias... Enfim, tudo que nos finca os pés entre o lúdico e o real.
    Gostei muitíssimo da formatação desta tua postagem e também da maneira que conduzistes os textos.
    Como diria Aristóteles:

    “A alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e aprender ainda mais!”

    Vamos aprendendo sempre com os nossos relatos... Assim, como aprendemos muito uns com os outros sempre.
    Deixo um cordial abraço, o desejo de muita saúde e paz para ti, para tua Sandrinha, para os teus filhos e demais familiares e um carinhoso beijo virtual, para a pequena Milena.

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    1. Olá meu querido irmão ou filho do coração.
      Tantas e bonitas palavras me fizeram voar ao Século XII, lembrando assim de Ricardo, Rei da Inglaterra e Duque da Normandia e Gasconha e muitos outros títulos, são muitos para hoje levar, levar neste período tão trágico que estamos enfrentando. Estou recluso em companhia de Sandrinha e nossos filhos nos tem dado o suporte externo.
      Andei esta semana bispando o teu blog, porém como ando muito amuado com estas situações gravíssimas que passa o país, nada deixei. Por um lado o vírus que nos preocupa e por outro esse desgoverno de quadrilheiros, bandidos, marginais e dementes que nos envergonha. Mas, sempre digo, não foi por falta de aviso.
      “A alegria que se tem em pensar e aprender faz-nos pensar e aprender ainda mais!” Levamos mais adiante, com o “quanto mais eu sei, mais eu sei que nada sei”, por isto sempre é tempo de aprender a tal ponto que Monica, a filha educadora, está fazendo um pós, sobre Estudos Universalistas o qual estou engajado e estudando com ela via internet. Trocando ideias, dando informações. É muito interessante, principalmente a parte da história das Religiões, pois vai desmontando o criacionismo. Amigo Douglas, há dez anos estou com um livro pronto para ir à uma editora, mas sempre há alguma coisa a ser atualizada, e nestes dias de quarentena ao relê-lo passei por muitas coisas que deverão ser atualizadas e melhoradas. É um parto difícil. Seu título é “A Grande Mentira”. Mas um dia será editado.
      Fico extremamente lisonjeado pelas palavras cordiais à minha família e o beijo virtual para Milena, já estou repassando a minha amada netinha.
      Um grande abraço, mas grande mesmo e que prazer imenso em encontrar teu comentário, sempre educado e honrado.

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  2. Olá meus queridos! Pedro e Sandrinha!
    Que saudades, muitas saudades de vocês. Acho que já quero sair da toca, estou com as orelhas de fora, a saudade é grande.
    Tenho pensado imensamente em vocês, em toda família, saber como estão. Do lado de cá, passamos bem, resolvemos bem o que saiu da normalidade, a vida continua e vamos ajeitando tudo. Creio que teremos que continuar a vida com estas mudanças. Parece que máscaras serão como nossas roupas, terão um lugar próprio nos nossos armários. Aqui já compramos de caixa.
    Quero ler cada uma das tuas postagens e ficar por dentro do que perdi. Perdi? Sim e muito, até a vontade de escrever, de ligar o computador. E pelo celular não dá, me sinto sufocada com o blog, assim pelo celular.
    Cheguei mesmo para dar noticias, estamos bem, eu, o maridex e nossos queridos. Três pessoas da família partiram de covid, duas tias muito idosas, uma minha e outra do maridex e um primo, de 69 anos. Ficamos muito sentidos. O filho e esposa do maridex, que moram no Rio, também positivo para covid, já curados e está muito bem, a pequena Manuela também está ótima.
    Volto para ler o que perdi e deixo meu abraço, com beijocas de saudades.

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    1. Olá, mas um olá do tamanho do Mundo a tão gentil amiga, que sei, assim como nós, está passando por esses momentos dramáticos.
      Sexta-feira havia preparado um verdadeiro relatório para te mandar, porém não o fiz porque também ando muito “abichornado” como se diz aqui, ou seja, muito triste e desanimado. Ando preocupado, desiludido, revoltado. Óbvio que temos que manter o afastamento social, isto é o que vai vencer essa pandemia, mas a saudades que sinto de meus filhos é dolorosa. Vejo-os todos os dias pela telinha do celular, conversamos ao vivo, porém não é a mesma coisa. Dói muito meu coração em não poder abraçá-los, em não poder beijá-los. A dor muitas vezes é tão grande que eu me isolo ainda mais em meu escritório e de porta fechada me desmonto. Todos os dias recebemos vídeos do desenvolvimento da Milena, está uma graça cheia de gracinhas, falando “mã-mamãe”, “papai”, e conversando num tatatata sem fim, mas não podemos estar juntos. Meu coração se despedaça só em pensar. É muito doído.
      Porém temos que seguir as recomendações da ciência para tentar evitar qualquer tipo de contato. Todos os dias ao ligar meu computador passo a antivírus, pois vá lá que pegue esse vírus. (kkkkk) Estamos tentando ao máximo, não saímos de casa e quem faz o serviço de compras é o filho Franco, o mais velho, que vive na rua, pois seu serviço é essencial e a Monica é a nossa pagadora de contas e serviços bancários, ambos os filhos tem nossos cartões e senhas. Fabinho, o papai de Milena está em casa, dispensado do serviço, está em férias compulsória até o final do mês, e tem se mostrado um exemplo de paizão, Milena é super agarrada com ele.
      Lamentamos o passamento de teus parentes, tias e primo e que ótimo que o filho e nora de Dom Luiz venceram esta Covid, assim como Manuela. Abraços e beijos a eles.
      A Dom Luiz transmita também um grande abraço e que tenha sempre saúde. Beijos nossos a todos os vossos e a todos desejamos muita saúde e muito cuidado.
      Amada amiga fique com saúde e paz, assim como Dom Luiz.
      Vai passar.
      Foi muito bom saber de vocês e teu comentário iluminou este meu dia escuro e de nuvens carregadas aqui no Sul.(chuva vem aí). Beijos.

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    2. Nem imagina a minha felicidade em saber de vocês, especialmente que estão bem, mesmo diante de toda essa pandemia! Fiquei muito feliz! Um abraço carinhoso, especial na Sandrinha!
      Mais uma vez, desejo o melhor para vocês todos, com muita saúde, que a alegria continue firme e forte e que possamos brevemente voltar a normalidade no convívio social, sentindo o calor e amor dos nossos queridos, ver as nossas crianças crescerem, as gracinhas e brincadeiras.
      Com Mariana, falo por vídeo, sinto falta de ver de pertinho os olhos dela, como brilham! O maridex vai ser vovô novamente e outra menina, Raíssa. Nasce provavelmente início de novembro. A mamãe é a filha mais nova dele e está uma grávida belíssima! Quatro garotinhas, Mariana, Laura, Manoela e Raíssa.
      Beijos mil meus queridos amigos! Abraços mil!

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    3. Feliz fiquei eu. Uma felicidade tão grande que me animou o meu dia que estava mais feio do que briga de foice no escuro. Fiquei realmente de coração estreleiro quando vi teu comentário, pois andavas sumida. Ah! Como é bom encontrar pessoas que nos cativam pela educação e pelo coração.
      Mil parabéns ao vovô Luiz, com tantas e lindas netinhas e parabéns antecipados pela que está por vir, a Raíssa. Eu ficarei somente com a Milena e o Bruno, nosso amado "cientista", pois está trabalhando com o Coronavírus em um laboratório da Faculdade. Entusiasmadíssimo.
      Maria Gloria, hoje terei uma noite de bons sonhos e Sandrinha também, ela pediu para agradecer e retribuir o carinho a ela dispensado. Ela também anda meio abichornada com essa pandemia que impossibilita de ver os netos. Manda mil beijinhos a todos.
      Um grande abraço a Dom Luiz e para ti agradeço por ter deixado o meu dia melhor. Beijos

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    4. ERRATA:
      Tem um "me" a mais acima. Leia "que animou o meu dia"...

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    5. Sobre Mboi-Mirim, a sua pronúncia correta, eu não sabia e gostei muito de saber.
      Agora lembrar da moça que perdeu a virgindade andando de bicicleta, foi demais kkkkk tinha esquecido desta história, mas era muito comum.

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    6. Olá Paulista.
      Maria Glória Damico.
      Pois é, temos histórias e mais histórias e o Brasil é um solo fértil para essas lendas.
      O pior que mboi quer dizer cobra e tatá, fogo. Aí uma escola de Samba do Rio de Janeiro me apresentou há alguns anos as histórias dos Bois, Boi Bumba, Boi de Parintins e outros bois e no meio mostrou o Mboi-tatá. Socorro, o quê a cobra tem a ver com o boi. Foi um erro imperdoável. Sim, a história da bicicleta era muito comum. Que coisa, não?
      Folgo em saber que vocês estão bem e que a saúde continua a ser companheira dos amigos paulistas.
      Beijos e abraços.

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