Difícil de crer, mas passei por esta experiência hilária e bonita.
Papai Subtenente da CPP/1 - 1959
Meu pai Floribal Farias Teixeira, militar do Exército no inicio dos anos 70 mudara-se para Porto Alegre, já estava aposentado do Exército.
Passaram-se alguns anos e no final dos nos 80 falecera meu cunhado Nery Alves de Oliveira, foi uma perda lamentável de um homem ainda novo, que não completara 50 anos.
Foi muito triste e fomos, Sandra e eu acompanhados de um casal para a cidade de Pelotas participar dos funerais e naquela cidade hospedamo-nos num apartamento pertencente a esse casal, próximo ao Quartel do Exército aonde meu pai servira por mais de 25 anos e também eu por mais de 5.
Dia após o funeral, como era hábito, vesti minha roupa de caminhada, bermuda, camiseta, boné, tênis e meias na cor caqui e me dirigi à Avenida Duque de Caxias. Ao chegar nesta avenida, atravessei as três primeiras faixas no sentido Bairro Centro e ao chegar ao centro desta, onde há quilométrica pista de caminhadas e ciclismo, entre as três primeiras e as três últimas faixas de rodagem, ainda abatido pelo falecimento de meu cunhado, vi a frente um senhor de seus 80 e poucos anos parado, cristalizado me olhando como estivesse vendo um ser de outro mundo.
Continuei em sua direção e ele, num misto de alegria e susto, com a voz embargada, sumida ao olhar-me mais de perto disse:
- Sargento Minoso!
Fiquei surpreso, pois Minoso era usado no seio familiar como apelido de meu pai. Só que naquela ocasião papai contava com mais de 80 anos e eu era ainda um homem jovem quarentão e papai estava há muitos anos fora da cidade.
Liane e Sandra, e o espírito falso do velho pai
Até um pouco emocionado, pois realmente minha semelhança com meu pai é muito grande há ponto de ter feito uma brincadeira dentro da família que rendeu muitas e fortes emoções e choros, quando fui fotografado como um espírito dentro de minha casa observando minha mulher e nora o que redundou em forte comoção, pois os que viram a foto juravam ser do velho pai numa aparição.
Dirigi-me então ao velho senhor e fraternamente dei-lhe um terno abraço, dizendo não ser o Sargento Minoso e sim seu filho.
Ele atônito me contemplava e saímos os dois caminhando pela calçada oposta que passa em frente ao Quartel do hoje 9º BIM e seguimos conversando até a Rua Afonso Pena aonde nasci e vivi até os 11 anos, entramos nesta rua e ficamos por algum tempo em frente a velha casa onde morávamos, momento em que ele me contou que sua velha irmã, de oitenta e cinco anos ainda nutria uma paixão pelo meu pai e que continuava esperançosa. Ele riu e disse que O Sargento Minoso era muito namorador.
Despedi-me do velho cidadão, pois já sabia da fama de papai e dei-lhe outro abraço, voltando para a Avenida Duque de Caxias, continuando minha caminhada matinal.
Papai em Porto Alegre - 1946
Ao voltar a Porto Alegre fui visitar meus velhos pais e em conversa reservada com ele relatei a conversa com aquele senhor, dando o nome, que infelizmente esqueci. Ele lembrou e falou muito a respeito do velho amigo, porém quando falei do caso dessa senhora, ainda por ele muito apaixonada ele fechou o cenho, mas, como tinha consciência das coisas que eu falava, afrouxou-se e falando baixo disse que era um velho caso. Ele se explicou e explicou e eu só ia observando, vendo sua expressão e seus meneios típicos de quem tem “culpa no cartório”, pois como ninguém eu conhecia o “Don Juan” a minha frente. Meu pai fez histórias quando jovem, com vários e vários casos, pois quando servi ao Exército, muitos Oficias Superiores, outros oficiais e velhos sargentos contavam-me muitas histórias como se eu não soubesse.
Passado alguns dias, em casa debaixo de um lindo parreiral, tomando meu mate amargo, sentado em uma confortável cadeira baixa, com os pensamentos voando por mil “causos” vi como eu perdera tempo e não soube aproveitá-lo, pois mesmo sendo um homem jovem, de quarenta anos poderia sim passear pelas ruas do bairro Fragata em Pelotas e conquistar muitas velhinhas de 90 ou 100 anos, que pensando eu ser o histórico Sargento Minoso, poderia pegá-las todas. KKKKK
Hoje todas não mais estão entre nós, tadinhas das velhinhas faceiras, que foram jovens lindas e maravilhosas, pois meu pai sempre foi muito seletivo.
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