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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Lisboa, cheirinho de lembranças.





Largo do Chiado, que não é muito largo, com seus paralelepípedos gastos por milhões de pés que por séculos por ali passam, uns apressados, outros tão calmos e até sonolentos, indecisos se tomam a esquerda pela Rua Nova Trindade ou a direita pela Rua Antonio Maria Cardoso, e mesmo quase em frente pela Paiva de Andrada, ou em direção contrária, rumando para a Praça Luís de Camões, encontrando pessoas brancas, louras e algumas mais escuras ou negras, vindas de além mar, Angola, Moçambique, Guiné ou quem sabe de Timor Leste, Goa ou Macau, o que retrata o quão pujante foi a economia de Portugal, sede de um vasto império colonial, que inclusive teve o Brasil em suas mão, a grande pérola do Atlântico perdida em 1822, podemos ver que muitíssimo de sua riqueza desta terra saiu e sentir no ar um cheirinho de todos os cantos do mundo.

Em volta da praça, com suas dez ou doze árvores que a circundam, podemos ver no prédio ao fundo desta a nossa Bandeira verde-amarela em plena capital portuguesa, e o Brasão da República Federativa do Brasil identificando o nosso Consulado, aonde muitos brasileiros acorrem para ali resolver os mais diversos assuntos e ainda em volta da antiga praça podemos admirar velhos bondes amarelos coisa que há muito tempo deixou de ser o transporte de massas em meu Brasil, mas que ainda guardo belas recordações dos que trafegavam pela Avenida Daltro Filho no Fragata na minha querida Pelotas e que povoavam de sonhos meus pensamentos de criança. Ou mesmo dos que faziam as linhas em Porto Alegre, como os da Azenha, Tristeza e Menino Deus, já adolescente cheio de ilusões, amores e aventuras.

Porém Portugal ainda os preserva. Uma preservação que nos remete ao saudosismo de um tempo onde viver não era melhor como muitos afirmam, mas era em uma época de juventude por isto temos no saudosismo um pouco de lembranças maravilhosas, de descobertas, paixões, desilusões e de “ninguém me entende”, e hoje sabemos que éramos nós quem não entendíamos as coisas.

Maravilhosa Lisboa a grande capital desse passado vasto Império, mas que ainda preserva o cheirinho dos bons tempos, onde podemos encontrar mesinhas nas ruas e pessoas sorridentes a falar enquanto saboreiam os bons doces tão antigos quanto ela e que por ironia do destino, após terem tanto levado do Brasil o contrário aconteceu, e hoje são os doces que vieram para cá, doces de origem portuguesa que põem a mesa na minha Pelotas, e são internacionalmente conhecidos.

Que me perdoem os lisboenses, os jovens cheios de esperanças de um Portugal como outrora, rico e poderoso, ou dos velhos, cabecinhas brancas que aos grupos, sentados ao sol das praças relembram os bons e maus tempos, mas os nossos doces superam em muito a genialidade dos doces dos nascidos na terrinha de Camões. 




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