Largo do Chiado, que não é
muito largo, com seus paralelepípedos gastos por milhões de pés que por séculos
por ali passam, uns apressados, outros tão calmos e até sonolentos, indecisos
se tomam a esquerda pela Rua Nova Trindade ou a direita pela Rua Antonio Maria
Cardoso, e mesmo quase em frente pela Paiva de Andrada, ou em direção
contrária, rumando para a Praça Luís de Camões, encontrando pessoas brancas,
louras e algumas mais escuras ou negras, vindas de além mar, Angola,
Moçambique, Guiné ou quem sabe de Timor Leste, Goa ou Macau, o que retrata o
quão pujante foi a economia de Portugal, sede de um vasto império colonial, que
inclusive teve o Brasil em suas mão, a grande pérola do Atlântico perdida em
1822, podemos ver que muitíssimo de sua riqueza desta terra saiu e sentir no ar
um cheirinho de todos os cantos do mundo.
Em volta da praça, com suas
dez ou doze árvores que a circundam, podemos ver no prédio ao fundo desta a
nossa Bandeira verde-amarela em plena capital portuguesa, e o Brasão da
República Federativa do Brasil identificando o nosso Consulado, aonde muitos
brasileiros acorrem para ali resolver os mais diversos assuntos e ainda em
volta da antiga praça podemos admirar velhos bondes amarelos coisa que há muito
tempo deixou de ser o transporte de massas em meu Brasil, mas que ainda guardo
belas recordações dos que trafegavam pela Avenida Daltro Filho no Fragata na
minha querida Pelotas e que povoavam de sonhos meus pensamentos de criança. Ou mesmo dos que faziam as linhas em Porto Alegre, como
os da Azenha, Tristeza e Menino Deus, já adolescente cheio de ilusões, amores e aventuras.
Porém Portugal ainda os
preserva. Uma preservação que nos remete ao saudosismo de um tempo onde viver
não era melhor como muitos afirmam, mas era em uma época de juventude por isto
temos no saudosismo um pouco de lembranças maravilhosas, de descobertas,
paixões, desilusões e de “ninguém me entende”, e hoje sabemos que éramos nós
quem não entendíamos as coisas.
Maravilhosa Lisboa a grande
capital desse passado vasto Império, mas que ainda preserva o cheirinho dos bons tempos,
onde podemos encontrar mesinhas nas ruas e pessoas sorridentes a falar enquanto
saboreiam os bons doces tão antigos quanto ela e que por ironia do destino,
após terem tanto levado do Brasil o contrário aconteceu, e hoje são os doces
que vieram para cá, doces de origem portuguesa que põem a mesa na minha
Pelotas, e são internacionalmente conhecidos.
Que me perdoem os lisboenses,
os jovens cheios de esperanças de um Portugal como outrora, rico e poderoso, ou
dos velhos, cabecinhas brancas que aos grupos, sentados ao sol das praças
relembram os bons e maus tempos, mas os nossos doces superam em muito a genialidade
dos doces dos nascidos na terrinha de Camões.
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