Eis a prova de que o Pato existe.
Minha mãe, em sua
prodigalidade em contar histórias, das verdadeiras as puramente fictícias,
contava quando ainda eu era um piá de quatro ou cinco anos, que apareceu nas
terras de seu pai um Pato que alguém havia cortado fora sua cabeça, e este
desesperado correu campo a fora indo dar pelos costados de sua casa.
Dizia que então sua mãe com
pena do animal sem a cabeça, pegou-o para criar, mas que como o animal não
tinha o bico para se alimentar, ela, minha avó, com pena do pobre Pato dava-lhe
uma tigela de leite e assim o pato viveu por muito tempo sugando o leite da
tigela.
Como?
E eu acreditava.
Esta história jamais saiu de
minha cabeça, entretanto quando eu fui para o Colégio passei a entender que seria
impossível tal história, porque os animais não vivem sem cabeça e outra porque
aves não tomam leite.
Porém se meu pai, avô, avó,
a titia Maria e toda a família contasse esta mesma história e que na escola a
própria professora contasse a mesma coisa ia ficar difícil de não acreditar.
Imaginem se milhões de
livros trouxessem essa mesma história e se alguém a contestasse fosse de
imediato censurado, ameaçado ou ridicularizado.
Obviamente mais ainda
acreditaria.
Outrossim, imaginemos se ao
chegar à faculdade, o introspecivo professor de ciências dissesse que tal fato
era verdadeiro apesar de parte dos cientistas não acreditarem, mas que tal pato
existiu e existe ainda.
E que nas reuniões
familiares, casamentos, aniversários, reuniões sociais essa história fosse
contada, alardeada, manipulada, subvertida, prostituída, corrompida e explorada
ao máximo, eu claro que acreditaria. Pois um pato que lhe foi cortada a
cabeça existiu e ponto.
Imaginemos mais ainda. Se
erigissem milhares e milhares de edifícios em homenagem ao Pato. Como não
acreditar?
E para glorificar o pato eu
recebesse via E-mail centenas de mensagens insanas sobre tal Pato. Aí sim eu do
alto de minha inteligência mais e mais acreditaria neste Pato.
E cá eu, agora, estaria contando
para o meu neto que tal animal existiu.
Outra prova de sua existência.
Agora imaginemos o que
falarão desse pato daqui a dois mil anos. Quantas fortunas acumuladas nas
transações escandalosas sobre o tal Pato, quantos milhões de ensandecidos
urrando, gritando, alardeando o tal fato.
Quem terá a coragem de negar
que tal Pato vive e um dia voltará, mesmo que seja daqui há milhares de anos.
Para um bom entendedor duzentas
e tantas palavras bastam.
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