A Grande Emoção
Dedico este post à Caipirada
Capim Canela que me trouxe recordações maravilhosas do Estado de
Goiás, pois por muito tempo viajei por esse Estado, conhecendo praticamente todos
os seus municípios e conhecendo o que de mais belo e tradicional tem nesta
Unidade da Federação.
Luisinho, repentista e marcador.
Confesso que sempre me opus
veementemente às murchas e insossas festas de São João realizadas nas Escolas
Públicas de nosso Estado, pois nada tem a ver com a nossa tradição, pois essas
festas foram trazidas para o Brasil por portugueses e devemos lembrar que
tirando parte do planalto e litoral nordeste do Rio Grande do Sul o resto foi
primeiramente colonizado pelos espanhóis que aqui ficaram até 1750, nas Missões
e outras áreas e que as terras ao sul do Ibicuí somente passaram a fazer parte do
Brasil, propriamente dito, a partir de 1828 quando do tratado do Rio de Janeiro,
assinado pelo Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata, hoje
Argentina, concedeu a independência da Província Cisplatina, hoje República
Oriental do Uruguai, que pertencia ao Império do Brasil, mas o Brasil avançou
sobres suas terras até o Quarai e Chuí ou Xuí.
Já no Século XIX vieram para
o Rio Grande do Sul em 1824 os primeiros Pomeranos (alemães) que começaram a se
estabelecerem no vale do Rio dos Sinos e com o tempo em outras regiões. Em 1870
começaram a chegar os primeiros italianos, portanto esses povos, italianos, pomeranos
e Gaúchos de cepa inconteste espanhola nada tem a ver com esses folguedos.
Sempre via com maus olhos essas festas tipicamente de “caipiras” sendo
apresentadas por crianças pilchadas de gaúchos, meninos e meninas e colegas
professores trabalhando feito loucos para dar à comunidade esses festejos que
nada tem a ver com a maioria esmagadora de nosso povo.
As lindas meninas ficavam no meio da plateia
e conforme o marcador ia contando a história
elas com graça levantavam e iam para o palco.
Lindas, bem maquiadas e bem vestidas e
nada do que se faz aqui no RS, com meninas
propositadamente feias, cheias de pintas pelo
rosto, roupas remendadas e dentes pintados
para parecerem podres.
Acordem!
Os tempos são outros.
Goiás é mil!
Entretanto como tive a oportunidade
de, por diversas vezes assistir em Goiás esses festejos, como as Cavalhadas, os
Fogaréus, e a tão arraigada Festa do Divino, sem falar nas Congadas de Catalão,
sempre tive um encantamento pelo que o povo de Goiás faz e faz com graça,
leveza e beleza, ficando para os Rio-grandenses do Sul essas festinhas
colegiais xoxas e até patéticas.
Porém ao assistir o 46º
Festival Internacional de Folclore de Nova Petrópolis meu coração encheu-se de
alegria e emoção ao encontrar entre os grupos folclóricos que fariam as
apresentações um em especial, a Caipirada Capim Canela.
Verdadeira aula de cultura.
Verdadeira aula de alegria
contagiante.
Verdadeiros “Caipiras” que
como ninguém sabem e fazer com estilo, amor e graça estas festas tão maravilhosas.
Temos que ter a grandeza de
reconhecer que neste campo não basta ser topetudo, metido a facão-sem-cabo,
pois nestas festas de São João, São Pedro e seja lá o santo que for temos que
tirar o chapéu e reconhecer que Goiás é ouro, outros são prata e bronze e nós
somos apenas sobras de cavacos de madeira.
Nossa cultura é outra, ou
são outras, pois tendo dentro do Rio Grande do Sul cinco grandes culturas,
entre outras menores, ou seja, os Gaúchos, os Birivas, os Alemães, os Italianos
e os Negros, não podemos querer nos comparar com o beleza goiana. Eles são
fascinantes.
Um detalhe que passa
despercebido pela maioria: Quem nasce no Rio Grande do Sul deveria ser chamado
de Rio-grandense do Sul, pois “Gaúcho” é outra coisa. Gaúcho pode ser grande
parte dos Rio-grandenses do sul, mas também pode ser Uruguaio, Argentino,
Paraguaio das Missões e Chilenos do extremo Sul do Chile. Basta conhecer a
história deste povo bacanudo de tauras e taitas.
Tão grande foi o fascínio
que ao encontrar essa Caipirada foi um amor à primeira vista. Cercado pelas
lindas meninas de Goiás tive o imenso privilégio de conhecê-las, assim como a
Lucas Carlos e neste exato momento conhecer seu sogro e criador do Grupo,
Carlos Humberto Lucas. Nos dias em que
ficamos em Nova Petrópolis, diariamente reuníamos para conversar, tomar um café
e com o tempo isto foi se tornando numa amizade bela que não só me conquistou
como conquistou minha mulher Sandrinha, que saiu do festival apaixonada por essas
e esses goianos maravilhosos que há 37 anos abrilhantam as festas não só em
Goiás e que nos trouxeram a belíssima história das flores de girassóis que se
apaixonam pelos espantalhos. Luisinho, o repentista e marcador, com sabedoria e
criatividade deu ao espetáculo uma aura especial, pois tudo de improviso,
jamais falhou no apresentar esta história.
Sandrinha com a linda Amanda.
Todos, enfim, mesmo não
sabendo o nome de cada um, todos ficaram em nossos corações e espero um dia ir
vê-los em Goiás.
A emoção fez com que o velho
Taura do Sul em determinado momento da apresentação, emocionado e cercado pelo
grupo de meninas e meninos, caipiras de Goiás não conseguisse segurar as
lágrimas que inundaram meus olhos de emoção.
Foram momentos maravilhosos,
ao ponto de em uma apresentação na segunda noite, um dos participantes do
grupo, o Noivo, em pleno casamento na roça tenha saltado do palco, corrido entre
os espectadores e viesse até mim e minha amada Sandrinha para nos cumprimentar
em homenagem a amizade travada com o maravilhoso grupo. Todos os espectadores ficaram
sem entender, ao ponto de um senhor da plateia perguntar se eu era de Goiás.
Com Carlos Lucas.
Além dessa demonstração de
amizade, a filha de Carlos Humberto Lucas, casada com Lucas Carlos ter nos fotografado
segurando a bandeira de Goiás e em minutos Carlos Humberto me presenteava com a
foto. Mais uma vez a emoção tomou conta de meu coração.
Com Lucas Carlos.
No dia de nossa partida de
Nova Petrópolis não o fizemos sem antes ir assistir a mais uma apresentação
deste maravilhoso corpo de dança.
Caipírada Capim Canela
estará sempre em nossas lembranças e em nossos corações.
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