Novamente volto a esse
assunto tão delicado quanto desconhecido, ainda. Um dia vamos ter explicações
sérias feitas pelas ciências, mas que ainda causa dúvidas e controvérsias,
mesmo dentre cientistas, psicólogos e mesmo, psiquiatras, pois estamos
engatinhando nesse campo tão fascinante e para alguns, assombroso.
Como funciona a nossa mente.
Para começarmos vou dar um
exemplo ocorrido em outubro de 1975.
Com o Eng. Plentz em Cascavel, Paraná.
Viajava pela primeira vez ao
Mato Grosso, pois somente em 1º de janeiro de 1979, foi o Mato Grosso do Sul,
finalmente desmembrado do Velho Mato Grosso.
Viajava ao Sul do Estado, com
o Engenheiro Plentz, para escolhermos uma cidade para nela instalar uma Filial
da Empresa que o mesmo era o Gerente Geral e que eu viria a ser o primeiro
Gerente dessa filial.
Como era a Av. Marcelino Pires, em Dourados. MS
Entramos no Estado, por
volta de 9 horas da manhã, pela cidade de Mundo Novo e dali seguimos para
Eldorado, depois Naviraí, Caarapó e após Dourados . Mas a viagem se estenderia às cidades de Rio Brilhante,
Rondonópolis, Brasília, Triângulo Mineiro e por diversas cidades passaríamos.
Em Dourados pretendíamos instalar essa filial o que se concretizou em novembro
daquele mesmo ano. Outra fora instalada em Cascavel, no Paraná.
Com índios Guaranis-Kaiowás - Rio Brilhante. MS
Seguíamos então por aquela
estrada em direção a Dourados, estrada ainda de terra, pelo meio do Cerrado,
mata nativa e escura, o que contrastava com as terras avermelhadas de tal
carreteira. Estávamos entre Eldorado e Naviraí, quando eu disse ao companheiro
de viagem que aquela região me era mui familiar, pois tinha a nítida impressão de
conhecê-la.
Como eram as terras que eu já as conhecia, sem que
nunca estivesse lá - Caarapó - MS
O Eng. Plentz, na direção do
automóvel, olhou-me e disse que nossa mente vê, esquece e em milésimos de
segundos vemos novamente e achamos que já estivemos nesses locais.
Estávamos em um aclive de
mais de 600 metros e o que se podia ver era o topo da estrada entre o mato.
Disse então ao Engenheiro
Plentz:
- Lá no alto haverá uma
curva a direita e um declive. Poucos metros deste declive tem uma estreita
ponte de madeira, sobre um pequeno arroio. Ao passar a ponte observe à esquerda,
haverá um campo queimado e no meio das cinzas terá um único e enorme touro zebu malhado
de preto e cinza deitado calmamente.
O Eng. Plentz, balançou a
cabeça e riu, porém quando chegou ao alto daquele aclive entrou em uma curva à
direita, em seguida freou o carro, pois havia a ponte estreita e de madeira, ao
passar a ponte a sua esquerda estendia-se o vasto campo queimado, com alguns
trocos de arvores ainda fumegando levemente e no meio das cinzas, quase
imperceptível o animal pacificamente deitado.
Olhou-me surpreso e ficou perdido
em pensamentos, pois tudo estava conforme havia vaticinado.
Lembro-me dele ter me
chamado de Uri Geller, um judeu naturalizado britânico, que fazia sucesso na
televisão, com a sua paranormalidade naquela época.
Paranormalidade:
O termo paranormalidade é
popularmente usado para explicar acontecimentos não naturais e que ainda não
existe uma explicação científica, apesar de ser muito usada até na resolução de
fatos e crimes quase insolúveis.
Para os esotéricos, a
paranormalidade é um fenômeno natural, porém para alguns cientistas isto não
existe e para outros é um assunto de interesse e estudos, como ocorre
principalmente nos Estados Unidos da América, Reino Unido e Rússia.
Dentro da psicologia há um
ramo de estudos chamado parapsicologia e se dividem em três grupos:
A percepção extrassensorial,
que acontece quando há uma transmissão sem nenhum artifício físico, as
premonições, coisa mui comum e estudada, pois há fatos já comprovados desse
fenômeno e neste campo podemos explorar as premonições, até certo ponto falhas
encontradas nas Centúrias de Nostradamus. Falhas, pois deixam lacunas ou
interpretações diversas para mesmos acontecimentos e não comprovadamente exatos,
pois ele usou de relatos que levam a múltiplas interpretações, porém ainda
muito estudada e defendida.
A telepatia, que é o ato de
se comunicar apenas com a mente e a
clarividência, quando uma pessoa percebe algo que está fora dos seus cinco
sentidos, porém possuímos mais de 20 sentidos, como exemplo, o equilíbrio.
Porém é comum usar o termo sexto sentido para explicar esse fenômeno que ocorre
dentro de nossa mente.
Sandrinha, minha mulher, no
ano de 1976, acordou em um sobressalto, pois sentia que nosso filho de apenas
alguns meses se engasgava com a borrachinha da chupeta.
Correu até o quarto ao lado
e no escuro passou suavemente as pontas dos dedos nos lábios do menino que
dormia, não encontrando a chupeta e para sua surpresa encontrou apenas o filho
chupando o bico de borracha da chupeta, pois a mesma havia se desmontado. No
escuro tirou a borracha de sua boca e montou a chupeta. Constatou que estava
bem firme e a colocou novamente na boca do menino. Sem a proteção externa
poderia ele se engasgar.
Assim e outros fatos
costumam ocorrer comigo, porém os vejo com naturalidade e sem alardes.
Que lindinho - Euzinho.
Outro fato interessante são
minhas lembranças que vão há tempos que a própria medicina nega a
possibilidade, porém tenho fleches de coisas que me levam aos primeiros meses
ou dias de minha vida. Coisas
fascinantes que desde que nasci estão claras em minha memória e não foram
coisas contadas já quando eu tinha capacidade de entendê-las.
Eu meu livro de Memórias que
estou terminando para ficar para os meus filhos, pois não pretendo lançá-lo no
mercado, há esse interessante capítulo. Sei que é um pouco longo, porém escrevo
para pessoas que gostam de ler e que tenham prazer na leitura. Lembrando que
somos um País que poucos leem, pois infelizmente a esmagadora maioria de nossa
população não gosta de leitura, inclusive há na família uma aparentada política
que quando chegou a nossa casa e viu montanhas de livros em estantes,
prateleiras, sobre mesas ou colocados nos mais diferentes lugares, perguntou
com desdém e absoluta ignorância:
- “Pra quê esse monte de
porcarias?”.
Fazer o quê?
A ignorância sufoca. A
ignorância torna as pessoas brutas e as mantém sufocadas nesta contínua e mesma
ignorância.
Leia neste mesmo espaço o
post com o título “Houve um Tempo”, publicado em 28 de fevereiro de 2012.
Fascinante.
Aos bons leitores dedico
abaixo parte de meu livro de memórias:
Paz e amor a todos. Boa
leitura.
Em 1946 no colo de mamãe em Porto Alegre - RS.
Papai já fazendo o Curso de Aperfeiçoamento.
CHEGUEI
Como
é chegar à vida?
Dor?
Túnel?
Prazer?
Muitos
ou quase todos não sabem ou dão as mais complicadas ou esdrúxulas explicações,
possíveis ou impossíveis.
Mas,
nascer é como um...
C H E G U E I !!!
Esta
foi a sensação que senti quando a vida me acolheu. Uma maravilhosa sensação de
estar ali, em algum lugar. Lugar estranho e ao mesmo tempo familiar.
Um
“DÉJÀ VU”.*
E
isto que eu tinha horas ou dias de vida.
Do parto, obviamente não lembro, entretanto como num
abrir de olhos, deparei-me com o mundo, um mundo novo, claro e que só enxergava
o que estava acima da cama. Cama esta, bem arrumada com uma branquíssima e
simples colcha.
E dizem que os bebes, nos primeiros dias não enxergam.
Enxergam sim! E muito bem!
Só que a
maioria esquece. Esquecem das coisas mais belas da vida. Esquecem de como
começamos esta caminhada, esta aventura chamada vida, que sempre há de nos
levar ao mesmo caminho - o fim.
Mas neste caminho outras coisas belas veremos, mas
nenhuma será igual as primeiras, pois estas são únicas.
...
E tão logo percebi que enxergava e não foram poucas
coisas, percorria com os olhos, às claras paredes, não lembro se eram amarelas
ou verdes, mas eram bem claras.
Algum esperto dirá: - “Foram fatos que ele ouviu falar
quando pequeno”, Mas ninguém falaria de pontinhos escuros no teto de tábuas
caiadas de branco, nem tão pouco de uma mancha de goteira em um canto do teto.
Tudo
lorota. Ao deparar-me com a vida, o fiz enxergando tudo dentro do meu raio de
visão, limitado, mas fantástico. Límpido, sem sombras ou fleches. Algo tão novo,
quanto esperado.
Aquele mundo, que pela primeira vez eu via, não foi
com espanto, foi tão normal que já me sentia parte dele, sem ter a exata noção
do que eu era. O que eu via no meu mundo eram coisas que não me causavam medo a
não ser uma das poucas vezes que após ter mamado, pois refugava o peito,
regurgitei no piso do quarto e mamãe deitou-me na cama, recostado a
travesseiros e sumiu. Demorou algum tempo e nesse período um animal entrou,
atraído pelo cheiro do leite regurgitado e aquilo me assustou muito e eu
comecei a chorar de pavor.
Conforme entrara o animal sumira ao ser assustado pelo
meu “berro”, instante após mamãe entrou ligeira no quarto, indagando:
- O quê foi?
- O que foi?
Se ela isto indagava, foi por não ter visto aquele animal,
um cachorro, que não era da casa, o que descartaria a possibilidade dela ter me
contado anos depois sobre aquele cachorro. Foi a experiência mais assustadora
de minha vida de bebe.
Devido a posição que me colocaram sobre a cama, ficava
o tempo todo olhando para cima, e em primeiro plano via um mosqueteiro, não
tinha a noção do que era aquilo, mas meus olhos viajavam por aquela infinidade
de minúsculos furinhos todos atados, uns aos outros por finas linhas brancas,
que como uma cascata de límpidas águas, derramava-se em minha volta.
Afinal, estava tão bem enrolado, que só meus olhos
podiam se movimentar, mas percebi que, com algum esforço, podia movimentar
minha cabeça, o que me permitia enxergar todo o teto do quarto. E, uma pequena
coisa me chamava à atenção. Estava lá, presa ao teto. A princípio sentia um
misto de curiosidade e medo, mas eu permanecia bom tempo contemplando aquilo.
Se
minha atenção fosse desviada por algum movimento, logo voltava a procurar
aquilo, para ver se se mexia.
Aos poucos percebi que aquilo estava
fixo, preso ao teto. Ah! Era um gancho (parecido com um anzol). Meus olhos
fixos tentavam descobrir porque aquilo era tão preto.
Com o passar do tempo percebi que um
cordel dele descia e sustentava outro mosqueteiro. Este cordel tinha sua outra
ponta atada a cabeceira de outra cama.
Mas eu continuava intrigado. Por quê
aquele gancho era tão preto? Tempos depois fui entender que aquele “pretume” se
tratava de sujeira de moscas, inseto que naquela época enchiam as casas, já que
do outro lado da rua não havia nenhuma construção e sim campos que eram usados
para criação de gado.
...
Meus primeiros dias foram assim,
olhando para o teto do quarto e a noite me chamava à atenção aquela luz
amarelada e fraca proveniente de uma lâmpada, o que dava ao ambiente um aspecto
triste e quando minha querida mãe apagava aquela lâmpada, outra luz bem mais
fraquinha e cambaleante ficava a iluminar tenuamente o quarto. Era uma
lamparina. Pequenos pavios trespassando um flutuador também de proporções
minúsculas, que ficava flutuando dentro de um copo com água, com uma camada de
azeite de oliva, que servia de combustível, já que óleos de soja ou arroz não
existiam, ainda. Após setenta e dois
anos, ainda conservo a caixinha oval que fora um dia verde, hoje já desbotada,
e muitos pavios e flutuadores, destas lamparinas que iluminavam com sua tênue
chama cambaleante o início da minha vida.
Do primeiro dia, de luz intensa na rua, a única pessoa
que tenho lembrança é de minha mãe, identificada a princípio pela voz, mas logo
em seguida pela sua figura tão terna e atraente. Mãe, em cujos braços me sentia
seguro sob uma ternura inigualável.
Dias
depois, outra voz familiar ouvi, era uma voz bem conhecida, e de repente pela
primeira vez via a imagem daquele homem que seria meu pai. Ele havia chegado do
quartel para almoçar, era Segundo Sargento do Nono Regimento de Infantaria,
hoje Nono Batalhão de Infantaria Motorizada, “Batalhão Tuiuti”. Chegou até a
porta do quarto, sorrindo. Era um jovem magro, cabelos negros, cortados “a la
milico” e sobre sua boca de enormes dentes de um branco inigualável,
destacava-se um bigode fino, preto e bem aparado. Jamais esta imagem inicial
saiu de minhas lembranças.
Parado junto a porta ele permaneceu, sempre falando e sorrindo, um
sorriso inconfundível, bonito, aberto e a vezes cheio de malícia. Ergueu seu
braço direito e apoiou o cotovelo no marco da porta. Estava de camiseta de
física branca e culotes verde oliva. Não via suas botas, mas como sempre,
deveriam estar brilhando. Neste momento falou alguma coisa com alguém, que não
era minha mãe, e meus olhos desviaram-se e vi chegar a porta outro homem, mais
alto, mais velho, moreno, amulatado, cabelos crespos, quase sarará e também de
bigodes, o que era moda naquela época. Riam, falavam em voz alta e assim como
chegaram, sumiram.
Instintivamente meus olhos
procuraram o gancho no teto e nesta tarde fiz outra descoberta. Em um dos
cantos do teto havia um borrão, proveniente de uma goteira, aí fiquei
procurando outras coisas no teto e o que encontrei eram pequenas manchas e moscas,
muitas moscas, além de outro gancho, este sustentava o mosqueteiro da cama em
que eu estava.
Nota de esclarecimento aos que possam
duvidar. Os nomes das coisas que cito, obviamente eu não sabia, mas os via com
clareza e posso até afirmar que os animais irracionais (?) também os veem,
porém não dão a eles nomes, até onde sabemos.
Quase quatro meses após meu nascimento, papai estava
em Porto Alegre, fazendo o Curso de Aperfeiçoamento
de Sargentos. (02-VI-46).
Pelos anos 80, após ter voltado do Mato Grosso do Sul,
onde morei algum tempo, conversando com meus velhos pais, lembrei-os deste
episódio que jamais havia falado para ninguém. Meus pais, ambos de memória
invejável, olharam-se, pensaram e então minha mãe lembrou, dizendo:
- Velho! Não foi o seu “fulano”? (não guardei o nome
da pessoa).
Meu pai confirmou perguntando:
- Como tu podes lembrar desse fato, que ocorreu
dias após o teu nascimento, pois foi à única vez que seu “fulano” esteve lá em
casa!
- Não sei! - Respondi.
* - Déjà vu - Do francês, cuja pronúncia é "dejá vi" que é a sensação de já ter visto.
Só para recordar:
O encontro com meu Padrinho, Capitão Schwanz, que fora
transferido para Campo Grande - MS em 1957 e por lá ficou,
após aposentar-se do Exército, exercendo a função de Tesoureiro
do INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
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