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domingo, 7 de fevereiro de 2016

Mãe.




Estarias completando hoje um século de vida.

Mãe! Saudade imorredoura. Mãe que me carreou 9 meses em seu ventre e que por bem 60 anos me carregou pela mão nos momentos alegres e difíceis de minha existência.

Mãe fera.

Mãe doce fera.

Mãe que se agigantava diante das dificuldades, feroz fera em defesa de suas crias, mas que não aceitava que as crias errassem e as corrigia no momento, não esperava o depois.

Mãe pequenina, mas gigante fera.

Mãe que não titubeava diante do perigo e que, na época sozinha com meus dois irmãozinhos mais velhos, pois eu não havia nascido e papai estava guarnecendo as costas do país em plena Segunda Guerra, não se acovardou e de mão de um revólver Royal HB 38, resoluta e corajosamente enfrentou um meliante e com um disparo certeiro o colocou fora de ação fazendo-o fugir deixando uma trilha de sangue. Não o matou, mas deu certeiro recado.

Mãe fera. Fera sempre focada. Que ao ver meus irmãozinhos correndo para dentro de casa viu que algo não estava certo e seu sexto sentido fez correr em sentido contrário, pois algo estava errado encontrando-me dentro d’água, salvando-me de um afogamento.

Fera amada, alegre e brincalhona, que me deste a vida duas vezes.
Mãe amada.

Fera, de mãe Rio-grandense e pai castelhano, oriental de Trienta y Três o que te fez nascer com sangue bravo e peleador dos legítimos Gaúchos.

Mãe fera.

Em teu leito de morte no Hospital Militar te disse ao ouvido:

- Pare de lutar pela vida, já fizeste a tua parte e tuas crias já estão voando sozinhas. Mãe, te amo, te amo muito.

Teus olhinhos me pareceram brilhar, e naquele momento deixaste de viver. Era o teu tempo, era a tua hora, era o teu momento.

Não derramei uma lágrima naquele dia, mas sempre que de ti lembro as lágrimas acumuladas neste tempo vem sorrateira inundar meus olhos.

Mas são lágrimas de um eterno e doce amor.



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